O dia em que Obina fez cinco gols e ainda assim levou bronca de Luxa
Fazer cinco gols em um só jogo, cair nas graças da torcida e ganhar moral com companheiros e técnico é tudo que um grande jogador sonha, mas que poucos têm a oportunidade de vivenciar. Obina quase passou por isso no Atlético-MG, com exceção de um detalhe. Após encher a mão dentro de campo, os parabéns vieram acompanhados de uma sonora bronca de Vanderlei Luxemburgo, comandante alvinegro na época. A displicência por um cartão amarelo e um pênalti não cobrado foram os motivos do puxão de orelha inusitado.
Nesta quarta-feira, o Atlético-MG voltará ao Acre depois de sete anos e irá enfrentar seu xará local na estreia da Copa do Brasil. Também pelo torneio, em 2010, o Galo visitou o Juventus e venceu por 7 a 0 com cinco gols de Obina. O artilheiro que roubou a cena naquela noite, mas foi surpreendido com a reação de Luxa dentro do vestiário.
Obina abriu a porteira daquela partida aos 16 minutos e aumentou aos 40 min, mas antes do intervalo daria o primeiro motivo para Luxa soltar o verbo. Em um lance já parado pela arbitragem, levou um cartão amarelo ao tentar encobrir o goleiro. Na etapa final, voltou a balançar as redes mais três vezes. Poderia fazer o sexto, mas deixou uma cobrança de pênalti para o companheiro Muriqui, que bateu no travessão.
"A gente tinha acabado de vencer o jogo. Eu fiz cinco, mas não sabia que esse era o máximo de gols que um jogador já tinha feito em um jogo da Copa do Brasil. E eu era um deles. Marquei um de pênalti e surgiu esse outro. Na maior humildade, o Muriqui pediu para bater e em nenhum momento eu falei que não. Dei o apoio, mas ele não fez o gol", comentou o atacante, em conversa com o UOL Esporte.
Hoje, ele é um dos maiores artilheiros de um só jogo no torneio. Gérson (Atlético-MG, em 1991), Viola (Santos, em 1999) e Neymar (Santos, em 2010) também fizeram cinco cada, mas poderiam estar atrás de Obina se ele não tivesse repassado a cobrança a Muriqui.
"Eu cheguei no vestiário cumprimentando todo mundo, todo mundo me dando os parabéns. Aí quando chegou a hora do Vanderlei ele me deu uma bronca. Perguntou se eu estava doido. Eu abri os braços e fiquei sem entender. 'Você sabia que podia fazer história? Tem que fazer história, se você faz o sexto, você seria o único jogador a fazer seis gols em um jogo da Copa do Brasil'. Aí eu falei que não sabia, mas que eu já tinha feito os cinco gols. 'E daí? faz o sexto.'", relembra Obina.
“Eu já tinha tomado aquela dura e então falei com os caras: 'A partir de agora, ninguém vai pegar a bola para bater pênalti, se sair, quem bate sou eu'”, brincou.
“Não tinha jeito depois dessa. Mas eu nem pensei mesmo, queria mesmo que meu companheiro fizesse o gol. Mas o mais importante foi que o Atlético venceu o jogo e nós saímos classificados“, acrescentou.
Atual diretor também tirou o sexto gol de Obina
Além de Diego Tardelli, o outro gol da noite que não saiu dos pés de Obina foi do atacante Marques. No lance, o ex-camisa 9 do Galo e atual coordenador das categorias de base do Atlético ficou livre dentro da pequena área junto com o parceiro de ataque, mas foi mais esperto que Obina e colocou a bola na rede.
"O Obina era uma figuraça, gente finíssima. A gente tinha um grupo muito legal. Eu entrei no segundo tempo e fiz o gol que era para ele fazer. Ele estava perto da bola, mas eu me antecipei e acabei marcando", contou Marques.
Hino do Galo e clipe de Jorge Aragão
Obina estava mesmo calibrado. Uma semana depois de encher a mão contra o Juventus-AC, marcou três na goleada atleticana contra o Uberlândia, no Campeonato Mineiro. Pela trinca, o atacante teve direito a pedir música no Fantástico, da TV Globo, e inovou escolhendo o hino do Galo para tocar no dominical. Já os cinco gols contra o Juventus lhe garantiram um clipe no programa. “Moleque atrevido”, de Jorge Aragão foi o pedido.
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