Cueva reclama de censura a comemorações e "perdoa" Fagner por pancada
Por mais contraditório que possa parecer, o momento de alegria para comemorar um gol se transformou em preocupação para Cueva. O peruano está no São Paulo há menos de um ano, adaptado ao clube e ao dia a dia no país. No entanto, na hora de vibrar com a torcida, ele já virou alvo de polêmica e, por isso, questiona a "censura" no futebol. Nesta temporada, contra o Santos, na Vila Belmiro, ele colocou a mão no ouvido após converter um pênalti. Tal gesto foi visto como uma provocação por parte do público e resultou em um cartão amarelo para o camisa 10.
"Penso que cada comemoração tem algo, nunca é para querer brigar com o rival. Nunca fiz isso. Na verdade, normalmente, comemoro com um beijo para minha filha, beijo para os meus pais, para a minha família. Futebol é isso: alegria, felicidade. Espero que não nos tirem essa satisfação de poder brindar essa alegria ao fazer um gol. Agora, todos estão cortando muito. Penso que não deve ser assim. Menos ainda no Brasil, onde o país pode ser um berço de jogadores como Ronaldinho, sempre comemorando dançando. Isso não se pode perder", disse Cueva.
Principal jogador do São Paulo em 2017, o peruano concedeu entrevista exclusiva ao UOL Esporte dois dias antes do time voltar a atuar depois de 17 dias de inatividade. Nesta quinta, o time enfrenta o Defensa y Justicia, da Argentina, pela Copa Sul-Americana, às 21h45. Na conversa, o jogador, de 25 anos conta sobre a rotina no Brasil, a amizade do compatriota Guerrero, do Flamengo, alvo de suas provocações, revela quem são seus grandes ídolos e o que ele pensa de Fagner após a confusão entre os dois na semifinal do Paulista.
Veja, a seguir, os principais trechos da entrevista:
Fagner e arbitragem
Antes de mais nada, não tive nenhum problema. Depois, não tenho que opinar nada porque para mim faz parte do futebol. O que tenho de opinar e dar mais importância é para a minha equipe, aos meus companheiros e ao clube. Eu não conheço Fagner pessoalmente, ele me parece um bom jogador. Mas eu não vejo nenhum problema, para mim faz parte do futebol. Sobre arbitragem eu nunca falei. Não vou dizer que nunca vou falar, mas não quero porque os árbitros estão sujeitos a errar, como nós. Mas temos de aceitar como é o futebol hoje em dia e seguir com o trabalho.
Nota da redação: no segundo jogo da semifinal do Paulista, entre Corinthians e São Paulo, Fagner e Cueva discutiram e o alvinegro chegou a acertar uma joelhada na coxa do são-paulino.
Estava bem fisicamente para Corinthians e Cruzeiro
Estava bem fisicamente para jogar, mas as coisas não aconteceram. Se nós tivéssemos ganhado a partida e chegado à final do campeonato você poderia dizer outras coisas, não? Eu lamento termos perdido, assumo com os meus companheiros e o comando técnico o que passou. Mas o futebol nos dará muitas oportunidades para conseguirmos outras coisas que queremos.
Nota da redação: Cueva sofreu um estiramento leve na coxa esquerda durante a partida entre Peru e Uruguai, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo, e voltou a jogar no clássico com o Corinthians, pela semifinal do Paulista.
Ídolos brasileiros
Só tenho dois ídolos, que são o Ronaldo e o Ronaldinho. Há muitos jogadores que gostei, mas ídolos só tenho os dois.
Promete vencer o amigo Guerrero
Sempre conversamos. Gostaria também de felicitá-lo pelo que conseguiram, pelo Trauco, que é meu amigo também. Fico feliz também porque é uma alegria que o meu país esteja representado. Sem dúvida, eles fazem isso da melhor maneira. Agora nos encontraremos no Brasileirão. Até o momento, tivemos um Flamengo e São Paulo e empatamos, mas tenho certeza de que iremos vencer.
Infância no Peru
Antes de ser jogador de futebol, eu estudava. Nos momentos que tinha livre, jogava futebol. Era minha vida desde criança. Meu pai sempre foi quem me ensinou isso, porque desde pequeno já gostava muito de futebol. Era o meu sonho e, graças a Deus, consegui ser jogador profissional.
Vida no Brasil
Gosto de tudo aqui no Brasil. É um país com infraestrutura boa, as pessoas desde que cheguei me deram um carinho muito especial e e me tratam com respeito. O campeonato nacional é muito competitivo, com nível alto, e não vou mentir: quando tomei a decisão de vir para cá, a fiz com receio porque enfrentaria jogadores de muito nível. Vim com a intenção de conseguir um espaço no Brasil.
Fã de funk
Gosto de funk. Não me lembro de um cantor, mas aqui no São Paulo tem muitos que cantam. Na verdade, eu gosto do ritmo do funk, não do que falam. Não canto, escuto e aprendo.
Gosta de comida brasileira, mas prefere peruana
Aproveito [o tempo livre] com a minha família. Há momentos em que quero me distrair com a minha esposa, momentos que são bons na vida de um futebolista. Porque não é tudo futebol, por mais que amamos isso. As pessoas pensam que temos de estar somente focados nisso, mas eu acho que não. Gosto muito da comida brasileira. Na verdade, não tive nenhum problema com a comida no Brasil, mas prefiro a peruana (risos).
Adaptação rápida
Na verdade, a gente se propõe a fazer as coisas. Sempre tinha um objetivo, um desejo de ser campeão no Brasil, de conseguir um espaço, um nome. Mas não vou mentir e dizer que achava que seria tão rápido. Muita importância nisso tem a minha família, o clube, os companheiros e o comando técnico, que me brindam sempre com muito apoio. Isso é muito importante no dia a dia, porque no São Paulo eu me sinto em casa. Apesar de estar aqui há menos de um ano, mas eu me sinto muito confortável.
Sorte não tem acompanhado o SP
Todos na vida podemos aprender cada dia mais. Eu acho que não tenho um teto no meu potencial. Creio que os meus companheiros também têm muito para oferecer. Acho que podemos aprender a cada dia com as coisas que Deus nos permite fazer. Eu estou seguro e tenho certeza de que a equipe tem essa mentalidade de querer melhorar, de aprender. Por isso acho que podemos conseguir ganhar títulos. Eu penso que a sorte não está nos acompanhando, mas o trabalho está sendo bem realizado, com pequenos erros, como em qualquer equipe. Mas se pode melhorar e corrigir.
Cuevadependência
Sempre falaram disso e eu, particularmente, penso que o São Paulo nunca dependeu de um jogador. São Paulo é um clube grande, que sempre vai ter um plantel e não um jogador. Título não se ganha com um jogador, mas com uma equipe, com um grupo de jogadores, comissão técnica, dirigentes... Isso que realmente faz ganhar títulos. Um jogador pode ganhar uma partida importante, depois ajudar um outro companheiro. São momentos do futebol, mas o mais importante é que cada um faça o seu melhor em todo jogo pelo clube.
Recusa de proposta da Rússia na última janela
Primeira passagem na Europa
Não fui bem. Não foi o que eu esperava. Quem sabe não tinha a experiência adequada neste momento. Mas sem dúvida me foi útil. Creio que as coisas, tanto as boas quanto as ruins, servem na vida. Para mim serviu, sem dúvida, para minha mente trabalhar e realmente voltar a pensar que posso alcançar grandes coisas pessoalmente. E depois, Deus permita que tenha essa oportunidade novamente. Mas, no momento, estou feliz aqui no São Paulo.
Nota da redação: Cueva defendeu o Rayo Vallecano, da Espanha, em 2014 e, sem conseguir se firmar no país, acertou a transferência para o Alianza Lima, do Peru, no mesmo ano.
Sonhos
Creio que é bonito ser jogador importante na seleção ou no seu clube, em um campeonato importante como são os dos Brasil. Mas o mais bonito é cumprir objetivos, como o de ser campeão com o meu clube, ir a um Mundial com a minha seleção. Essas são as maiores satisfações que posso ter hoje em dia.
São Paulo x Defensa y Justicia
Copa Sul-Americana - partida de volta
Local: Morumbi, em São Paulo (SP)
Horário: 21h45
Árbitro: Ulises Mereles (Paraguai)
Auxiliares: Roberto Cañete (Paraguai) e Dario Gaona (Paraguai)
São Paulo: Renan Ribeiro; Bruno, Lucão, Rodrigo Caio e Júnior Tavares; Jucilei, Thiago Mendes, e Cícero; Cueva, Luiz Araújo e Lucas Pratto. Técnico: Rogério Ceni.
Defensa y Justicia: Arias; Silva, Bareiro e Barboza; Delgado, Rivero, Gutierrez, Miranda e Castellani; Bouzat e Stefanelli. Técnico: Sebastián Beccacece.
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