Por que Sul-Americana é título mais importante da história do Atlético-PR?
O que faz um clube ser grande? Conquistas, torcida, estrutura, história? Ou o interesse midiático? A Copa Sul-Americana de 2018 passa a ser o título mais importante do Atlético-PR, mesmo sendo reconhecidamente um torneio menor que o Brasileirão, que o clube ganhou em 2001, porque ela coroa uma série de avanços que reposicionaram o Furacão a pleitear um lugar entre os maiores clubes do Brasil.
Quando Alex Mineiro fez o gol da vitória sobre o São Caetano em 23 de dezembro de 2001, o Brasil assistia a uma final surpreendente, ainda que o Atlético-PR já tivesse inovado com a primeira versão da Arena da Baixada, vencido a Seletiva de 1999, disputado a Libertadores e chamado a atenção do Brasil com a dupla Oseas e Paulo Rink. Mas ainda era algo exótico, com a inevitável comparação com a decisão de 1985 entre o rival Coritiba e o Bangu. Eram duas equipes de tradição local contra azarões de Rio e São Paulo. Passada a decisão, o interesse nos paranaenses murchou.
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Dezessete anos mais tarde, o cenário é diferente. O Atlético cresceu. Nestes anos todos, esteve perto de consagrar um segundo título de expressão, seja no Brasileirão (2004), na Libertadores (2005) ou na Copa do Brasil (2013). Fez boas campanhas, semifinal de Copa Sul-Americana (2006), outras três classificações para a Libertadores, passou a ocupar um espaço que antes só estavam os chamados 12 grandes, tanto no ranking da CBF, quanto no Brasileiro. Superou grandes clubes como Bahia, Sport e Coritiba e passou a ser ele o intruso, na mesma medida que acompanhou a queda de rendimento de equipes de tradição como Vasco e Botafogo, que passaram a amargar rebaixamentos para a Série B.
Em campo, adquiriu respeito. Goleou as grandes equipes do Brasil, fazendo 7 no Vasco, 5 no Corinthians, eliminando Santos e Grêmio de competições, estabelecendo uma freguesia para cima de São Paulo e Flamengo com seu mando de campo. Levou jogadores à seleção em momentos históricos, como Kléberson no pentacampeonato da Copa do Mundo em 2002 ou Weverton no primeiro ouro olímpico em 2016, ambos com relevância nas conquistas. O clube construiu outro estádio, agora no padrão Fifa e, embora ainda tenha uma dívida em disputa judicial, consolidou patrimônio. Tem um dos CTs mais modernos do País, que já recebeu as seleções do Brasil e da Espanha, e equipes internacionais como o Boca Juniors.
Mas, além de tudo isso, hoje é discutido nas mesas redondas do Brasil, seja pelas atitudes de Mario Celso Petraglia, um dos principais dirigentes do clube, ou pelo bom desempenho em campo. As ideias de jogo, o gramado sintético, o uso de jovens no estadual e outros temas que passaram a pautar os demais grandes do Brasil. Shows no Allianz Parque? O Palmeiras se interessa em conhecer o gramado da Arena da Baixada. Estadual inchou o calendário? O Grêmio coloca uma equipe reserva no Gauchão. E por aí vai.
A conquista da Copa Sul-Americana pode abrir de vez as portas do seleto clube de grandes clubes do Brasil ao Atlético-PR. Um título internacional que o Fluminense - eliminado pelo próprio Furacão - ainda não tem. Um sinal de que há maturidade no crescimento atleticano. Só que grandeza é algo subjetivo, afinal, e que requer manutenção. O desafio agora é o que o próprio Petraglia disse em entrevista recente: "Não é o título que irá mudar isso. É esse, outro, estar disputando sempre"
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