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Espanhol - 2019

"Guerra Fria" entre Mourinho e diretoria ameaça atrapalhar Real Madrid

Mourinho e Valdano trocaram farpas durante as negociações por novo atacante no Real Madrid - Getty Images
Mourinho e Valdano trocaram farpas durante as negociações por novo atacante no Real Madrid Imagem: Getty Images

Do UOL Esporte<br>Em São Paulo

27/01/2011 07h02

A relação entre José Mourinho e a diretoria do Real Madrid se deteriorou na última semana, justamente no momento em que o clube se prepara para os meses decisivos da temporada europeia. Uma espécie de “Guerra Fria” marca a relação entre os dois lados, que tentam evitar o choque direto. Um conflito ameaçaria a paz no clube merengue e minimizaria as chances de título no Campeonato Espanhol e na Liga dos Campeões.

Tudo começou com o pedido enfático do treinador português por mais um atacante na equipe. Na terça-feira, o desejo de Mourinho foi atendido com a contratação por empréstimo de Emmanuel Adebayor. O jogador do Manchester City fica na Espanha até o fim desta temporada. Entretanto, as diferenças entre técnico e cartolas ficaram claras com a novela.

O Real Madrid, através do diretor geral Jorge Valdano, afirmou que não desejava fazer loucuras na janela de transferências de janeiro para contratar um reforço. Além disso, o argentino afirmou que Karim Benzema, única opção do técnico para o setor ofensivo até então, estava sendo “injustiçado”.

A postura da diretoria do Real deixou Mourinho muito irritado. Gonzalo Higuaín está machucado e tem poucas chances de voltar aos gramados ainda nesta temporada por causa de uma cirurgia de hérnia de disco. O treinador português queria, de qualquer maneira, reforçar o seu ataque e jogou duro com os cartolas do Real.

“Não sou eu quem manda recados. Eu cheguei aqui pensando com a minha cabeça, e estou muito velho para mandar recados pelos jornais”, afirmou o técnico sobre os comentários de Valdano. A imprensa espanhola reagiu rapidamente e levantou a possibilidade de um adeus do português já na próxima temporada. Mourinho colocou ainda mais fogo.

“Quero ficar até o final desta temporada. Se puder ter um contrato de dez anos no futebol, tanto faz. Se todos estão contentes, o técnico continua. Se não, troca-se o treinador”, comentou. Valdano preferiu colocar panos quentes na polêmica. “Não há problemas entre Mourinho e mim. Ele é o nosso treinador, o homem que deve nos levar ao triunfo, e o time está provando ser muito competitivo com ele”.

Valdano tem um cargo poderoso no Real Madrid. Campeão mundial pela Argentina em 1986, ele é o braço-direito do presidente Florentino Perez. Mourinho tem um perfil centralizador e gosta de ter controle total sobre a equipe. O treinador chegou ao clube espanhol nesta temporada, após assinar contrato de quatro anos.

Apesar de destacar que não manda recados para os cartolas do Real através da imprensa, o português não perdeu oportunidade durante entrevista coletiva. “Não gosto do mercado de começo de ano, mas, por diferentes circunstâncias, às vezes é preciso aproveitá-lo. Pandev chegou à Inter no inverno [no hemisfério norte] do ano passado, o que nos permitiu jogar em um esquema tático que depois nos levou a ganhar a Liga dos Campeões”, lembrou o técnico, com elogios à postura do clube italiano em reforçar a equipe em janeiro.

Com a chegada de Adebayor, Mourinho ganha, por enquanto, a “queda de braço”. O próprio Valdano cedeu na última quarta-feira, e tentou amenizar ainda mais a situação: “A coisa mais importante, de minha responsabilidade, é evitar criar mais tensão. Temos que ver de que jeito o técnico pode se sentir mais confortável. Estamos trabalhando para criar as condições necessárias para que ele aja com mais autonomia”.