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Carioca - 2019

Audax inicia era 'clube-empresa' no Carioca e mescla jovens com medalhões por surpresa

O zagueiro Fabiano Eller é o principal jogador do elenco do Audax do Rio - Anderson Luis/Divulgação/Facebook
O zagueiro Fabiano Eller é o principal jogador do elenco do Audax do Rio Imagem: Anderson Luis/Divulgação/Facebook

Rodrigo Paradella

Do UOL, no Rio de Janeiro

30/01/2013 11h00

Muito comuns em esportes como o vôlei e o basquete, os clubes-empresa têm seu primeiro representante na elite do futebol carioca em 2013. É o Audax, originado de projeto social do Grupo Pão de Açúcar, que disputa o Estadual do Rio com um elenco que mescla jovens formados em suas divisões de base e medalhões como o zagueiro Fabiano Eller - capitão da equipe, o meia Leandro Bonfim (ex-Vasco e Fluminense) e o volante Andrade (ex-Vasco).

A equipe tem conseguido sucesso nas primeiras rodadas da Taça Guanabara: disputou três jogos, venceu dois, empatou um e é o melhor dentre os pequenos na competição até aqui. Com um irmão gêmeo disputando a segunda divisão de São Paulo, o clube vice-campeão da Série B do Carioca de 2012 realizou pré-temporada em Extrema-MG e chegou a empatar com Guarani e Bragantino em jogos-treino.

Caçula da primeira divisão carioca, o Audax nasceu no Rio como projeto social em 2004, ainda como Sendas, e somente em 2007 fez sua estreia no futebol profissional. O time é gerido como empresa e propriedade do Grupo Pão de Açúcar. 

Por ter os mesmos donos e administração do Audax de São Paulo, o time carioca não pode disputar a mesma competição dos irmãos. Por isso, o clube espera conseguir a vaga na Série D antes dos paulistas.

“Nossa expectativa é conseguir a vaga no Brasileiro neste ano. Como o Audax SP só poderia conseguir isso no ano que vem (está na segunda divisão do Paulista), esperamos chegar lá e subir para a C. Assim abriríamos caminho para eles, e assim consequentemente”, explicou Michel Cravo, coordenador geral do Audax do Rio.

Nas suas categorias de base nasceram jogadores como o atacante Vitinho (Botafogo), o lateral Felipe Dias (Flamengo) e o zagueiro João Filipe (São Paulo). Enquanto isso, sua versão paulista lançou Paulinho, destaque do Corinthians.

Equipe complementa base com medalhões

A fórmula utilizada pelo Audax neste Carioca é simples. Com uma base forte, o clube tem sua espinha dorsal montada em cima de jovens. A equipe une os 60% de seu elenco criados na agremiação com jogadores com passagens por grandes camisas do Brasil. É o caso de Fabiano Eller, contratado neste ano para ser o capitão do time no Carioca.

“É um clube pequeno que está crescendo. É a primeira vez na elite carioca. As expectativas são grandes por isso. O lado bom é que estamos conseguindo suprir as expectativas. É um time ainda sem torcida, pouco comentado, mas muito organizado, com muita disciplina. Prioriza isso desde a base”, disse o capitão Fabiano Eller à Rádio Brasil.

“Mesclamos as experiências desses jogadores com a nossa equipe que é formada basicamente por jovens. São jogadores que agregam valor dentro e fora de campo. Casos do Fabiano Eller, do Leandro Bonfim e do Andrade”, completou Cravo.

Um desses veteranos se tornou o maior ídolo do clube. Léo Inácio, meia com passagem pelos quatro grandes do Rio, permaneceu por três temporadas no Audax. E só encerrou a carreira, aos 36 anos, em 2012, ao garantir a vaga da equipe na Série A do Carioca.

Falta de tradição divide opiniões

Se por um lado abre caminho para clubes financeiramente mais saudáveis, o time de São João do Meriti enfrenta resistência por não ter a mesma tradição de equipes como Madureira e América.  Um deles, o Bangu, cedeu seu estádio, Moça Bonita, para que o Audax mandasse seus jogos no Carioca. Em troca, pediu a reforma de seu gramado, alvo de críticas constantes.

O treinador do Botafogo, Oswaldo de Oliveira, adversário do Audax nesta quarta-feira pelo Carioca, em jogo marcado para as 17h, elogiou a iniciativa, mas fez ressalvas por causa da falta de tradição do clube.

"Eu acho uma boa. Mas gosto muito da tradição. Gostaria que o São Cristóvão, Portuguesa, Campo Grande, os times mais tradicionais, permanecessem no cenário. O surgimento do Audax é sempre bem-vindo. Faz bem ao futebol do Rio, assim como ocorre em São Paulo", disse Oswaldo.