Clubes aguardam cassação de liminar e Fla x Vasco segue indefinido
O Ministério Público do Rio de Janeiro pediu que todos os clássicos do estado sejam disputados com torcida única e foi acatado. Flamengo e Vasco, porém, se recusam a jogar dessa maneira. Após reunião na Federação do Rio, ficou definido que os clubes vão aguardar até quarta-feira pela mudança dessa ordem. O objetivo é que o clássico seja disputado no sábado, no Estádio Nilton Santos (Engenhão). Até lá o duelo segue indefinido.
A Federação do Rio e os demais clubes já enviaram um ofício para o juiz que deferiu o pedido do Ministério Público do Rio de Janeiro com o objetivo de derrubar a liminar que obriga jogos com torcida única. A reunião contou com a presença de presidentes de torcidas organizadas (convidados por Rubens Lopes), que estão juntos com os clubes no pedido por paz nos estádios.
A solução inicial foi tentar tirar o clássico do Rio de Janeiro para manter o direito das duas torcidas de acompanharem o clássico dentro do estádio. O problema é que o período de Carnaval não ajudou. A maioria das praças que recebem jogos de outros estados se recusou a receber o jogo por falta de contingente policial.
A Ferj (Federação de Futebol do Rio de Janeiro) até se antecipou e marcou o duelo para o estádio Mário Helênio, em Juiz de Fora. Porém, houve um açodamento e Prefeitura da cidade não foi consultada. Assim como Brasília e Rio Grande do Norte, a cidade de Minas Gerais também recusou sediar o duelo.
"Nenhum clube concorda com essa medida de jogar com torcida única e deixamos claro isso. Contamos com a reconsideração do magistrado para que possa voltar ao que sempre foi. Queremos o jogo com torcida mista no sábado, no Engenhão, e vamos aguardar até esta quarta-feira para fazer todos os preparativos", disse o presidente da Ferj, Ruben Lopes.
Veja o posicionamento dos presidentes dos clubes:
Bandeira de Melo, presidente do Flamengo
“Entendemos que é possível a realização do jogo com ambas as torcidas no Engenhão, no sábado. Estamos aqui pedindo essa reconsideração e isso traz uma responsabilidade grande para nós, pois estamos endossando que não haveria essa violência que vinha ocorrendo. Fazemos apelo dramático aos cidadãos pela paz no estádio. Somos adversários dentro de campo, mas não somos inimigos. Um precisa do outro e torcidas podem e devem conviver em paz. Os torcedores da mesma família com clubes diferente devem ir ao estádio. Queremos reverter essa decisão e mostrar que efetivamente não se justifica. Queremos e podemos ter paz no estádio. Vamos lutar pela paz e harmonia. Queremos inaugurar uma nova era de convivência pacifica. Continuar com brincadeiras, rivalidade saudável, mas sem selvageria. Defendemos punição aos criminosos, pessoas físicas. Os clubes não têm nenhuma responsabilidade a não ser essa que já estamos cumprindo”
Pedro Abad, presidente do Fluminense
“Corroboro as palavras do Bandeira. A partir do momento que admitamos que dois torcedores não podem frequentar o mesmo espaço, é a falência da sociedade. Várias famílias têm pessoas que torcem por clubes diferentes e isso prova que não quer dizer nada. Não é possível que consigamos replicar isso no futebol. Não dá para generalizar e levar a culpa para pessoa jurídica. Existe uma pena no código penal e ela deve ser usada. Punir enquanto pessoa física. Pensem com carinho para conseguirmos reverter essa situação”
Eurico Miranda, presidente do Vasco
“Estamos esperando a reconsideração de uma decisão tomada em relação a torcida única. Está sendo colocado por parte da Polícia Militar, que dará total garantia com duas torcidas. O magistrado pode reconsiderar e vamos esperar até o último minuto. Se estamos unanimes em relação a torcida única, assumimos responsabilidade grande. Presida de clube de massa temos obrigação de fazer apelo aos torcedores. A grande diferença do futebol do Rio, para quer outro estado ou pais, é termos quatro grandes torcidas. Eles fazem a festa na arquibancada e o jogo rolando. Tinha gente que deixava de ver o jogo para ver a festa. O nosso apelo é que volte a essa época, dessa convivência. Rivalidade deve existir e estimulo, mas não tem nada a ver com violência. Apelo que faço ao torcedor do Vasco e organizadas. Futebol não pode prescindir da organizada. Mas se tem uma meia dúzia que não quer torcer, mas fazer outra coisa, que se puna. E que a própria organizada expurgue essas pessoas. Não quero que acabe a provocação, queremos apenas a paz”
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