Caio Jr não se vê pressionado no Grêmio mas reclama de insegurança na profissão
Marinho Saldanha
Do UOL, em Porto Alegre
01/02/2012 06h02
Duas derrotas em três jogos, com três formações diferentes, tais situações geram contestações de torcida e direção do Grêmio sobre o trabalho de Caio Júnior. No entanto, o treinador não considera seu cargo à perigo. Segundo ele, a profissão é desvalorizada, desunida e sem a mínima segurança.
Caio ficou visivelmente desconfortável quando o assunto em sua entrevista coletiva de terça-feira deixou de ser as questões de campo e passou a abordar a situação no clube. Os resultados geram claras cobranças sobre o comandante, que ainda não conseguiu encontrar o time ideal para o Grêmio.
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"Meu trabalho sempre terá tranquilidade. Se não tiver, não trabalharei. Minha carreira aponta passagens longas pelos clubes. Só saí prematuramente quando tive propostas melhores. Do Goiás fui para o Flamengo e no Japão fui para o Qatar. A avaliação é da direção. O futebol evolui nessas questões culturais, nessa coisa de momento. Não adianta. Isso não é trabalho. O trabalho é longo prazo e com sequência. Sei que a direção acredita em mim. Caso contrário não teria me contratado. Tenho certeza que vou ter esta sequência", disse Caio, num tom acima do que fala normalmente.
Em números, o Grêmio tem 3 pontos conquistados em 9 disputados no Gauchão, ou seja, aproveitamento de 33%, o mesmo que tinha Julinho Camargo quando foi demitido após um mês de trabalho em 2011. Nos jogos oficiais, o Grêmio marcou 4 gols e sofreu 5.
As trocas de formação também incomodam. O time começou no 4-4-2 com dois meias e dois volantes, passou para o 4-4-2 com losango central, tentou o 3-5-2, e agora irá a campo novamente no 4-4-2, com possibilidade de variação para 4-3-3. Será a quarta formação em quatro jogos.
"Você só encontra a formação ideal com sequência. É isso que buscamos neste início", justificou.
A cultura imediatista com os treinadores foi alvo de Caio Júnior ainda em sua manifestação. Segundo o treinador, não há qualquer estabilidade ou valorização da classe.
Douglas no banco...
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No treinamento da última terça Caio definiu: Douglas é reserva
"Não entendo este tipo de pergunta [sobre pressão e queda] em três jogos. Mas quando vemos um Estado que trocou três treinadores em três rodadas [Até agora três técnicos já caíram no Gauchão] passo a entender. Fizemos uma reunião com a Federação Gaúcha de Futebol exatamente com objetivo de unir os treinadores. Precisamos dessa união maior. É uma profissão desvalorizada. Não no aspecto financeiro, mas a maioria não tem a mínima segurança. Nem contrato alguns deles têm. Fiquei impressionado, nenhum tipo de garantia. Temos que levantar esta questão. Somos pessoas que não significam nada para o futebol? O treinador tem que ser respeitado. Eu disse para o Dorival [Júnior, técnico do Inter], que o que eu puder fazer, farei pela classe", explicou.
Caio Júnior começou seu trabalho neste ano pelo Grêmio. Sem manter uma equipe base, ele, agora, irá alterar a escalação novamente. Douglas, por exemplo, vai para o banco de reservas.
O Grêmio volta a campo nesta quinta-feira. O time tricolor enfrenta o São Luiz, pela quarta rodada do Gauchão. O duelo ocorrerá às 19h30. Em caso de derrota, as contestações aumentarão e o prazo máximo para análise tende a ser o clássico Gre-Nal de domingo.