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Gaúcho - 2019

Caio Jr desabafa, interrompe entrevista e escancara pressão que sofre no Grêmio

Técnico Caio Jr do Grêmio na partida contra o Ypiranga, no estádio Colosso da Lagoa - Nabor Goulart/Agência Freelancer
Técnico Caio Jr do Grêmio na partida contra o Ypiranga, no estádio Colosso da Lagoa Imagem: Nabor Goulart/Agência Freelancer

Do UOL, em Porto Alegre

09/02/2012 00h34

O técnico Caio Júnior desabafou em entrevista coletiva após a vitória de virada contra o Ypiranga, nesta quarta-feira. O treinador reclamou da pressão que recebe, citou sua honestidade e mostrou muita emoção em suas palavras. Após algumas respostas, o comandante interrompeu sua manifestação, deixando os jornalistas sem saber o que havia acontecido. Após se acalmar ele voltou e respondeu mais algumas perguntas.

"Eu quero é ganhar a confiança dos jogadores. Como eu vi hoje. Eles viram que sou honesto, sério, isso no Brasil é virtude, mas não pode ser, é obrigação. Mostrei isso para eles", bradou Caio. "No Brasil é sempre direcionado para o treinador. É mais fácil derrubar o técnico que trocar todo o time. Aí se cria polêmica, assunto. Mas meus trabalhos são sérios, longos, sempre deixei coisas para os clubes. Vou fazer isso no Grêmio. Não é por acaso este gol no final. O abraço do Paixão [Paulo, preparador físico do clube] significou muito para mim. Tenho orgulho de trabalhar com ele. Isso vai nos fortalecer", completou.

O discurso cheio de emoção ditou a primeira parte de sua entrevista. Mas após este tipo de colocação, ele encerrou o contato com os jornalistas de forma abrupta. Visivelmente pressionado, acuado, assustado com o momento, Caio passou entre os repórteres e se dirigiu ao vestiário. Após alguns minutos, a assessoria de imprensa do Grêmio o levou novamente para falar.

"Desculpem, mas eu também sou ser humano. Não é fácil. Vocês [imprensa] não têm noção do que é esta vida. São 24 horas pensando no melhor e a tendência é sempre achar o negativo. Foi um desabafo de quem se dedica", disse Caio.

O treinador vive clima tenso no clube, e isso ficou claro nas palavras, no tom e na interrupção de sua coletiva. "Estou no futebol há mais de 30 anos. Estou vendo tudo. Tem coisas que temos que administrar internamente. Estamos tentando construir uma equipe. Muita coisa aconteceu e a competição é cruel. Às vezes tem que ser na superação", revelou. "Pressão existe sempre. Essa camisa é pesada. Sei disso, sempre soube. Sou formado aqui. Sei o que tudo significa", acrescentou.

O Grêmio fez 2 a 1, gols de Marcelo Moreno e Grolli. O segundo, no último minuto de jogo. Mas o rendimento não foi bom novamente. Sem produção ofensiva alguma, a equipe quase perdeu para um adversário que está na zona de rebaixamento do Gauchão e dispensou 9 jogadores na última semana.

A pressão sobre Caio Júnior já havia ficado clara no intervalo, quando o comandante de campo disse que o faltava atitude aos jogadores. "Depois acaba estourando no treinador", disse irritado. "Tem que saber o que é esta camisa", disse também após os 45 minutos iniciais.

A próxima partida gremista ocorre no sábado, às 21h, contra o Santa Cruz, no estádio Olímpico. O time tricolor entrou pela primeira vez na linha dos classificados para as finais da Taça Piratini, primeiro turno do Estadual. Porém, para se manter nesta condição precisa "secar" o Veranópolis, que joga contra o Lajeadense na quinta.