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Beira-Rio vai ter só sócios no Gre-Nal final. Saiba o lado ruim disso

Quadro social com mais de 100 mil sócios é grande trunfo, mas gera debate no Inter - Lucas Uebel/AFP Photo
Quadro social com mais de 100 mil sócios é grande trunfo, mas gera debate no Inter Imagem: Lucas Uebel/AFP Photo

Jeremias Wernek

Do UOL, em Porto Alegre

01/05/2015 06h00

A procura elevada de ingressos fará o segundo Gre-Nal da final do Gauchão entrar para uma seleta lista de jogos no Beira-Rio: daqueles onde apenas sócios do Colorado assistiram e onde já estão partidas como a decisão da Copa Sul-Americana de 2008, a final da Copa do Brasil de 2009 e a da Libertadores do ano seguinte. O fato comprova o enorme quadro social, item que já virou o mais expressivo entre as receitas do clube, mas traz à tona o debate sobre a elitização do estádio.

Com todos os bilhetes de arquibancada superior e inferior vendidos, o Inter calcula que terá pelo menos 40 mil pessoas em sua casa na final do estadual. Para a diretoria, um sinal de mobilização do torcedor e reaproximação entre time e a massa. Para a oposição, mais um aviso de que o povo está sendo excluído da festa.

“Isso causa elitização e exclui boa parte da torcida. Muita gente fica de fora por não ter condições de se associar”, diz Ivandro Mombach, do movimento ‘O Povo do Clube’ – que tem um projeto para criar nova modalidade de sócio com mensalidade na faixa de R$ 10. “Ingresso a R$ 10 não paga a folha salarial, mas as cadeiras vazias ao longo do ano inteiro não ajudam também. O desafio é aumentar a taxa de ocupação do estádio em toda a temporada”, completa.

Atualmente, duas modalidades polarizam o quadro social do Internacional – que tem pouco mais de 104 mil pessoas adimplentes e figura entre os 10 maiores do mundo. A mais antiga, que dá direito a acesso livre aos jogos e com mensalidade de R$ 85 (com desconto por conta da temporada 2013 fora do estádio). E também o plano ‘Campeão do Mundo’, com valor mensal menor, mas com obrigatoriedade da compra de ingresso. Com 50% de desconto e prioridade em relação ao torcedor comum.

“O Internacional tem um quadro social enorme e a presença de associados na final comprova isso. O clube foi o primeiro a realizar uma final somente com este tipo de torcedor no estádio, não é novidade e mostra a força da nossa torcida”, afirma Vitorio Piffero, presidente do Internacional.

O jogo citado pelo dirigente ocorreu em dezembro de 2008, quando o Inter dirigido por Tite venceu o Estudiantes na prorrogação e faturou a Copa Sul-Americana. No ano seguinte, diante do Corinthians na final da Copa do Brasil, nova final somente com sócios. E em 2010, diante do Chivas-MEX na decisão da Libertadores, mais uma vez jogo apenas com associados.

Neste ano, o maior público no Beira-Rio foi na partida entre Internacional e The Strongest, pela Libertadores. Com 41.009 pessoas. No ano passado, diante do Palmeiras, foram 41.148 pessoas, mas o grande recorde do estádio após a reforma segue sendo o da Copa do Mundo, com o jogo Argentina e Nigéria: 43.285 torcedores. A capacidade atual é de 50.023 espectadores.