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Belletti mira atuação como executivo do Barcelona e revela vício por Twitter

Brasileiro Juliano Belletti posa para foto do lado de fora da concentração do Chelsea, em Londres - Bruno Freitas/UOL
Brasileiro Juliano Belletti posa para foto do lado de fora da concentração do Chelsea, em Londres Imagem: Bruno Freitas/UOL

Bruno Freitas

Em Londres (Inglaterra)

04/03/2010 07h05

Existem várias classificações entre os jogadores brasileiros que atuam no futebol europeu. Existem os mais badalados, as decepções, os desconhecidos, a turma do meio, que atua em clubes de porte médio, e também alguns de carreira muito bem sucedida, inclusive no quesito financeiro, cujos feitos raramente têm ressonância no país.

Neste grupo se enquadra Belletti, ex-lateral e agora meio-campo do Chelsea, que acumula títulos de respeito e está com a vida tranquila, figurando no top 20 de um levantamento recente entre os brasileiros melhores remunerados no futebol do exterior. Apesar de estar num time de ponta da Europa, um dos mais ricos do continente, e de ter feito gol decisivo em uma Liga dos Campeões recente, o jogador não desfruta da popularidade de alguns de seus compatriotas.

Mas este cenário parece não incomodar nem um pouco o campeão do mundo de 2002, que, na calma de sua vida europeia, adianta planos para o fim de carreira e esboça projetos distintos, de Barcelona a Cascavel.

Aos 33 anos e com contrato até julho, Belletti fala com ponderação sobre o futuro profissional. Admite ter tido sondagem do Flamengo no começo do ano e contar com interesse de França e Qatar. Vida de jogador à parte, fala com animação sobre planos de trabalhar para o Barcelona, na cidade em que pretende morar após deixar os campos, e de projetos em sua cidade natal no Paraná.

Abaixo segue a conversa que a reportagem do UOL Esporte teve com o pentacampeão de 2002 na concentração do Chelsea, em um hotel ao lado do estádio Stamford Bridge, em Londres, um dia antes da derrota do time para o Manchester City, em jogo que o brasileiro acabou expulso por cometer um pênalti.

Além dos temas mencionados, Juliano Haus Belletti fala do novo vício no Twitter, sobre a polêmica saída de Felipão do clube londrino e da identificação com a torcida do Atlético Mineiro. Confira:

UOL Esporte: Como é sua vida social aqui em Londres? Você mantém alguma espécie de convívio com os jogadores do Chelsea?
Belletti: Sou mais amigo dos brasileiros e dos portugueses. O Alex mora no meu prédio. O Deco morava também há até pouco tempo. Fora isso, o contato é mais de vestiários. Minha mulher é professora de pilates aqui e dá aula para a maioria das mulheres dos jogadores. Fora isso, minha vida são meus filhos pequenos. Vou muito a museus, mas a maioria infantis, por causa deles.

TWITTER: QUEM ELE SEGUE


Abílio Diniz - empresário
Alicia Keys - cantora
Bruno Mazzeo - humorista
Fernanda Paes Leme - atriz
Gilberto Silva - jogador
Kaká - jogador
Mendigo - humorista
Nelly Furtado - cantora
Rubens Barrichello - piloto de F-1
Tony Kanaan - piloto da Indy

UOL Esporte: São mais de sete anos já no futebol europeu. Sente muita falta do Brasil? Quais as chances de voltar a jogar lá em breve?
Belletti: Sinto falta da minha família, do café com leite, de ir a uma boa churrascaria. Mas o futebol brasileiro nunca vai pagar o nível que se paga aqui. Não chegou neste patamar. É o que o Mourinho [português, ex-técnico do Chelsea] diz. O jogador vale o dinheiro que juntar durante toda a carreira. O que vai juntar para o filho dele. O resto acaba esquecido. 

UOL Esporte: Você é de Cascavel. Qual a relação que você mantém com sua cidade, suas origens?
Belletti: Eu ajudo a cidade da seguinte forma. Tenho um time, o FC Cascavel, que vai jogar a 2ª divisão do Paraná. E ainda estou criando o Instituto Juliano Belletti, que está para ter liberação e começar a funcionar. Tirar as crianças das ruas. 

UOL Esporte: Você tem uma relação especial com o Barcelona, por ter marcado o gol do título europeu em 2006. Mantém alguma conexão com a cidade, o clube ou a torcida?
Belletti: É o lugar que pretendo morar quando acabar a minha carreira. Sempre que estou de folga vou para lá. Tenho casa lá, alguns negócios, amizade com os jogadores, com o presidente [Joan Laporta]. Minha mulher também tem amizades lá. Tenho a ideia de ser uma espécie de embaixador do Barcelona, trabalhar pelo clube lá mesmo, ou em outro lugar. Mas depende muito do que te oferecem. O Serginho, lateral, por exemplo. O Milan valorizou ele, ofereceu para ele ser representante do clube no Brasil. Eu estou trabalhando já para isso.

UOL Esporte: O Felipão teve uma saída precoce e repleta de boatos aqui no Chelsea. Se falou muito em ação dos jogadores contra ele. O que de verdade aconteceu?
Belletti: O que derrubou ele foram os resultados. Falaram que os jogadores derrubaram, mas não foi nada disso. O time não perdia em casa havia três ou quatro anos, e aí perdeu com o Felipão para o Arsenal, para o Liverpool, e empatava com time que lutava para não cair. O Abramovich [milionário russo dono do clube] investe para ganhar, e não estava ganhando. Foi isso.

FLAGRA NA BABÁ

Pelo Twitter, Belletti revelou ter dado um flagra na babá de seus filhos na última terça-feira, durante o amistoso da seleção brasileira em Londres. O jogador do Chelsea relatou ter dispensado a funcionária após ela ter dito que estava doente. Mais tarde, o atleta viu a mesma na TV durante o jogo do time de Dunga com a Irlanda. Confira o relato:

- No lance de replay agora, vi a baba dos meus filhos no estadio. Ela foi embora mais cedo pq disse que estava doente. Com faixa: FILMA NOIS.

- Enviei un SMS pra baba: Ta no jogo ne? Ela respondeu: Como voce sabe? - Li sua faixa.

- Calma, nao vou mandar a baba embora. Meus filhos gostam muito dela. Mas quando tiver um show do Jorge Vercillo aqui, ela vai ter que ir.

UOL Esporte: Você tem uma história particular com a Liga dos Campeões. Foi campeão com o Barcelona marcando gol do título. Perdeu uma final do Chelsea, mas anotou um gol na decisão de pênaltis. Alguns brasileiros mais badalados não chegaram nem na final.
Belletti: Verdade. Poucos jogadores na história conseguiram ganhar duas Liga dos Campeões. Gostaria de entrar para este grupo. Seria excepcional.

UOL Esporte: Você é um dos jogadores brasileiros que já aderiram à onda do Twitter [microblog na internet]. Como você começou a usar e o que procura fazer no site?
Belletti: Quando você está fora, o Twitter acaba servindo para o torcedor te informar o que falam de você no Brasil, nas transmissões. Eu viciei no Twitter. Entro todo dia e coloco alguma coisa. Começou com a pré-temporada do Chelsea nos EUA. Eu entrava lá só para avisar como estavam as coisas para os meus parentes. Mas depois os torcedores começaram a me seguir, a imprensa. Aí passei a ter mais cuidado com o que escrevo lá. Sigo coisas de notícias esportivas e pessoas famosas. Gosto do Bruno Mazzeo, [humorista] do Cilada.

UOL Esporte: Você jogou em três times brasileiros, mas o que se conhece mais é sua relação com o Atlético-MG, time em que não jogou muito tempo. No São Paulo você passou mais tempo e você começou no Cruzeiro. Mas por que a identificação é com os atleticanos?
Belletti: Passei sete meses muito bons lá, fui vice-campeão brasileiro, campeão mineiro, prêmio bola de prata [da revista Placar]. No São Paulo, saí com a torcida me xingando. E tem cruzeirense que nem sabe que eu joguei lá. Com o Atlético é diferente, sempre tive uma relação ótima com a torcida.