Caso Rooney gera debate sobre privacidade e polariza técnicos do Inglês
As fotos de Rooney alcoolizado com a camisa da Inglaterra em uma festa de casamento repercutiu no aquecimento da rodada do Campeonato Inglês. O ídolo do Manchester United e veterano da seleção inglesa virou um tópico de discussão entre jornalistas e treinadores nas entrevistas coletivas de quinta (17) e sexta-feira (18), gerando posições opostas em defesa, contra e políticas dos técnicos.
Os mais incisivos e defensores do atacante de 31 anos foram, curiosamente, os comandantes dos maiores rivais do Manchester United. Jürgen Klopp e Pep Guardiola, treinadores de Liverpool e Manchester City, respectivamente, se solidarizaram com Rooney.
“Eu não gosto quando pessoas comentam sobre minha vida privada, então não vou comentar na vida privada de outras pessoas. Eu tenho muito respeito pela carreira de Wayne Rooney. Eu fui um jogador de seleção e às vezes eu bebia. Somos pessoas velhas o suficiente para assumirmos a responsabilidade. Mas é a vida privada”, afirmou Guardiola.
Klopp foi além. O alemão se sensibilizou por Rooney e deixou claro que profissionais do meio do futebol são privilegiados por atuarem diretamente com o esporte que amam, mas são pessoas vulneráveis como quaisquer outras.
“Estes caras, esta geração, é a geração mais profissional de atletas. Não só na Inglaterra. Todos os caras, as lendas que amamos e admiramos, eles bebiam como demônios e fumavam como loucos, mas ainda assim eram bons jogadores”, recordou Klopp.
“Ninguém faz mais isso. Eu não conheço ninguém atualmente. É o momento. Quando você está no lugar errado, na hora errada, não é bom como profissional. Eu não tenho ideai onde Wayne estava, mas eu tenho certeza que não foi nada muito sério”, argumentou.
Responsável por receber Rooney de volta no Manchester United após a confusão do último fim de semana, que resultou em pedido de desculpas público do jogador, no qual disse que as imagens divulgadas são “inapropriadas para alguém com sua posição”, o técnico José Mourinho não criticou seu jogador e se ateve ao que viu nos treinos.
“Nos últimos dois ou três dias nada aconteceu. Ele treinou e ele quer jogar. Ele está pronto. O que aconteceu na seleção eu não vou comentar. Ele estava com a seleção. Eu não interfiro por bem ou mal. Às vezes jogadores voltam mais fortes do que quando eles saíram porque algo positivo aconteceu”, afirmou.
Rooney participou de 14 jogos na atual temporada pelo Manchester United, sendo nove deles como titular, e marcou apenas dois gols. Sua atitude em um dia de folga na seleção inglesa fez treinadores como Mark Hughes, do Stoke City, 12º no Campeonato Inglês, repensarem a liberação de jogadores em certos dias.
“Eu não era contrário a dar dias de folga aos jogadores, mas é difícil quando eles são liberados porque você não pode controlar o que indivíduos vão fazer. Talvez se você for liberado do time existe um certo nível de comportamento que você tem que respeitar. Você tem que ser cuidadoso e atento às reações das pessoas às coisas que você pensava que eram aceitáveis em algum momento”, opinou.
Adversário do Manchester United neste sábado (20), o técnico do Arsenal, Arsene Wenger evitou falar diretamente sobre Rooney, mas lembrou do veto a álcool quando ele chegou ao clube londrino nos anos 1990. O francês também citou o profissionalismo do futebol atual para explicar a raridade de cenas como a protagonizada pelo atacante do United.
“No nível mais alto, todo jogador tem que saber o que ele pode e não pode fazer. Existe muita competitividade dentro de um clube e se você não compete, você não joga”, declarou. “Você tem que aceitar que você não pode controlar os jogadores em qualquer lugar. Eu não acho que seja um grande problema no esporte inglês atualmente.”
Rooney está recuperado da lesão que o deixou fora do amistoso contra a Espanha e poderá ser escalado no clássico entre Manchester United e Arsenal deste sábado, às 10h30 de Brasília, em Old Trafford.
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