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Tevez: "Cresci no meio de drogas e assassinatos, mas escolhi o futebol"

Tevez faz homenagem a La Maciel, bairro pobre de Buenos Aires, após marcar pela Juventus, no Italiano - ANDREA DI MARCO/EFE
Tevez faz homenagem a La Maciel, bairro pobre de Buenos Aires, após marcar pela Juventus, no Italiano Imagem: ANDREA DI MARCO/EFE

Do UOL, em São Paulo

13/03/2015 14h50

Crescido no pobre bairro de Fuerte Apache, em Buenos Aires, o atacante Carlitos Tevez, hoje na Juventus, contou ao site da Fifa as experiências pelas quais passou na infância, e admitiu que o futebol o fez sair do caminho do crime.

“Toda a minha infância é forte! Não é uma coisa só. Eu cresci em um lugar onde coisas como drogas e assassinatos eram cotidianas. Vivi coisas fortes já desde muito pequeno. Isso depois te faz um grande homem. Creio que você toma o caminho que quiser, não é ele que te impõe um. Eu tomei este caminho. Nunca gostei dessas coisas e por sorte pude escolher, não?”, contou Tevez.

“É difícil fazer entender as pessoas que não viveram as coisas que eu, ou os que estão no bairro, vivemos. Por isso deixo sempre que imaginem o que quiserem. Você não pode entrar na cabeça das pessoas para dizer 'Veja, eu vivi coisas difíceis'. Não posso fazer entender tudo o que as ruas me ensinaram, que é muito”, continuou.

Durante a entrevista, o repórter questionou Tevez sobre Darío Coronel, um amigo de infância do atacante, que chegou a iniciar carreira no futebol, mas acabou se envolvendo no mundo das drogas.

“Não é que não teve a sorte de escolher. Como te disse antes, é você quem decide o que fazer. Ele tinha todas as condições para chegar a ser um grande também, mas tomou outro caminho: a delinquência, a droga, e isso fez com que ele não esteja mais aqui. Creio que cada um escolhe o caminho que quiser. E ele, não é por sorte ou azar... Ele elegeu o caminho mais fácil”, lamentou.

Em relação à imagem que as favelas passam, Tevez afirmou não acreditar que a imprensa seja a única culpada pela má impressão. “Não acredito que seja só a atitude por parte da imprensa. São as pessoas, todas as pessoas pensam assim. Se um garoto com gorro passa por um lugar em que naquele momento estejam roubando, capaz que coloquem a culpa nele. A mentalidade argentina já é essa. As pessoas hoje vivem com medo. Antes os delinquentes tinham princípios: te roubavam e te deixavam. Hoje os delinquentes estão todos drogados, você dá as coisas e te matam mesmo assim. Os garotos hoje não têm esses princípios que existiam antes”.

“O que tem que demonstrar às pessoas que pensam assim é que no Fuerte Apache e na Ciudad Oculta, em todas as cidades da Argentina, existem muitos garotos bons também. Não são todas as pessoas ruins. Pude sair, e tem gente que também pode sair dessa situação que não é fácil para ninguém. Ao contrário, é o dobro de dificuldade sair daí. Tem que demonstrar às pessoas que não somos todos iguais”, completou Tevez.