10/03/2010 - 12h49

Torcedor do Deportivo Quito em Porto Alegre quer recuperação contra o Inter

Daniel Cassol

Em Porto Alegre

Equatoriano Andrés já torceu pelo Inter em Porto Alegre, mas hoje tem mais simpatia pelo Botafogo

Eles são fanáticos, fiéis e perseverantes. Mesmo que seu clube não tenha muitos títulos em sua trajetória, seguem o Deportivo Quito com fervor quase religioso. E esperam, nesta quinta-feira, superar o mau momento do time tendo pela frente o Internacional, do ex-rival Jorge Fossati. Em Porto Alegre, um fiel seguidor fará sua torcida solitária pelo Deportivo Quito.

“É como uma religião. Mesmo que não tenhamos muitos títulos, existe um sentimento de orgulho por torcer pelo Derportivo Quito”, diz o equatoriano Andrés Lassoruales, 28 anos, há quase quatro em Porto Alegre, onde está se formando em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Andrés é um apaixonado pelo Deportivo Quito, clube com 55 anos de história profissional e apenas quatro títulos nacionais. Conhece a história, enaltece seus ídolos e despreza os jogadores formados no clube, que foram beijar outros escudos no futebol equatoriano – como o craque Aguinaga, que surgiu no Deportivo Quito e encerrou a carreira na LDU, maior rival no Equador. “Um mal agradecido”, pragueja Andrés. Por influência de um colega de faculdade, torcedor do Botafogo, simpatizou com o clube carioca, pelas semelhanças que viu entre a paixão e o sofrimento entre as duas torcidas.

“Talvez pela minha paixão ao Deportivo Quito, eu não tenha nenhum time em Porto Alegre. Mas se eu morasse no Rio de Janeiro com certeza seria botafoguense”, afirma, lembrando Garrincha, Nilton Santos e João Saldanha.

Torcida apaixonada

"Os torcedores do Deportivo Quito têm dois corações. Um para torcer, outro para sofrer”

Andrés Lassoruales, torcedor do Deportivo Quito em Porto Alegre

Mas é com o Internacional que o equatoriano mantém relações desde que chegou a Porto Alegre. Sua primeira atividade social na capital gaúcha, em 2006, foi torcer pelo Inter contra a LDU. Os gaúchos disputavam a Libertadores e Andrés foi convidado pelo cônsul do país em Porto Alegre. Assistiu à partida ao lado dos dirigentes da LDU. “Eles perderam e estavam todos tristes. E eu, muito feliz. Foi aí que descobriram que eu era torcedor do Deportivo Quito”, conta Andrés, que ainda lembra outro dado curioso. Manga, goleiro campeão com o Inter na década de 70, já foi preparador de goleiros do clube equatoriano.

De “aliado” contra a LDU, Andrés agora tem dupla motivação para torcer contra o Inter. Além de enfrentar o ex-treinador rival, Jorge Fossati, “nosso filho”, como ele diz, o Deportivo Quito joga a vida na Libertadores contra o Inter, depois da derrota na estreia para o Cerro do Uruguai.

A esperança está no fato de que, agora, os problemas administrativos mais graves estão solucionados. Na estreia contra o Cerro, salários estavam atrasados e alguns jogadores atuaram sem contrato. A saída em falso do goleiro Ibarra no segundo gol contra o Cerro não é normal, acredita Andrés: “Ibarra não é assim”.

Com a saída do grupo espanhol SEK, que estava gerenciando o clube, a situação financeira melhorou, mas o time segue mal tecnicamente. “Agora estamos mal esportivamente. Eu confesso que estou preocupado, mas tenho esperança que façamos um bom papel na Libertadores”, espera Andrés.

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Ele aposta na liderança do zagueiro Ivan Hurtado, capitão da seleção equatoriana, e do meia Luis Saritama, símbolo do time por ter sido criado no clube. No ataque, a aposta é no jovem Michael Arroyo. E na seriedade do técnico argentino Rubén Dario Insúa, no clube desde o ano passado, e apontado como grande responsável pelo título equatoriano de 2009, apesar dos problemas financeiros. “Insúa fala pouco e é muito trabalhador. E não se assusta com a pressão”, avalia.

Na partida contra o Inter nesta quinta-feira, Andrés estará na companhia de amigos colorados e gremistas. Em Quito, no estádio Olímpico Atahualpa, haverá 80 mil torcedores, apesar da capacidade para 40 mil. “É que os torcedores do Deportivo Quito têm dois corações. Um para torcer, outro para sofrer”, garante o torcedor.