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Jorge Fossati está em time da Arábia Saudita e pode enfrenter Inter em dezembro

19/08/2010 - 12h37

Demitido na semi, Fossati diz que se sente campeão e agradece Roth

Jeremias Wernek
Em Porto Alegre

Uma peça importante na conquista da segunda Copa Libertadores do Internacional assistiu à final com o Chivas em Riyadh, na Arábia Saudita. De lá, onde comanda o Al-Shabab, o técnico Jorge Fossati concedeu entrevista exclusiva ao UOL Esporte falando que se sente campeão da América por ter participado da maioria dos jogos do time no torneio e aproveitou para elogiar seu sucessor, Celso Roth. De quebra, Fossati diz ainda não entender os motivos de sua saída do Beira-Rio e falou do possível reencontro com sua antiga equipe, que poderá ocorrer em dezembro, no Mundial de Clubes.

MUNDO COMENTA O NOVO CAMPEÃO

  • Hedeson Alves/UOL

    Os sites dos principais jornais esportivos do mundo deram destaque ao título do Internacional na Copa Libertadores. O resultado – triunfo por 3 a 2 e virada sobre o Chivas Guadalajara – ganhou as manchetes. A capacidade de reação do time brasileiro foi exaltada, mas a glória do Inter perdeu um pouco do espaço. A briga entre os atletas após o apito final foi apontada como a “nota negativa”.

Confira abaixo a entrevista completa do treinador uruguaio que dirigiu o Inter até o segundo jogo das quartas de final, quando eliminou o Estudiantes de Verón e Boselli, em solo argentino.

UOL Esporte: O que dizer ao Inter, campeão da Libertadores?

Jorge Fossati: A primeira coisa que posso dizer é parabéns ao Inter. Sinceramente, também sentimos o título por ter participado de dez dos quatorze jogos. Não dá para se sentir campeão normal, daqueles que começam e terminam o trabalho. Temos uma participação especial, mas não foi completa. Fico um pouco triste por não ter a oportunidade. Eu estou muito feliz, mesmo com um misto de tristeza por não concluir a obra. Nós tínhamos ganhado a Recopa e Sul-America (com a LDU) e é certo que podemos considerar que ganhamos a Libertadores, mas não é completa. Mas quero ressaltar, estou feliz por ter participado desta história.

UOL Esporte: D’Alessandro e Celso Roth fizeram questão de citar seu nome, como recebe isso?

Jorge Fossati: Dos jogadores não fico surpreso, sei que outros falaram isso também. É normal, não estou surpreso por isso. O que valorizo é a lembrança do Celso, da mesma forma que eu lembro que ele tem mérito enorme porque completou a obra. Agradeço a lembrança e lembro da capacidade dele, voltando e completando a nossa obra.

UOL Esporte: Surpresa pela manifestação de Roth?

Jorge Fossati: Não, o que digo é que não é muito normal um colega lembrar de outro. Isso tenho que ressaltar no Celso, agradecendo publicamente.

UOL Esporte: O que achou dos jogos finais do Inter com o Chivas?

Jorge Fossati: Os integrantes da comissão técnica viram o jogo direto. Lá no México o Inter jogou uma grande partida, não tinha nada a ver o resultado do intervalo. O Inter era muito melhor. O Chivas fez um gol por acaso, mas o Inter teve a qualidade e a personalidade dos jogadores para virar. Esse jogo do Beira-Rio foi diferente, acho que o Inter no primeiro tempo estava nervoso, mas o Chivas controlou o jogo. Depois, não sei por quê, algumas mudanças de posição – para mim, foram decisivas para que o controle não fosse deles. O Inter, sem fazer um grande jogo, ganhou. Mas finais tem que se ganhar, não se pode analisar muito. O Inter venceu e está de parabéns.

UOL Esporte: A situação estranha de jogar 10 partidas na Libertadores e sair antes da semifinal.

Jorge Fossati: Nem passados quatro meses de minha saída eu consigo compreender totalmente o motivo. Tenho ideia do que pode ter acontecido, mas não posso afirmar por não ter provas. O que eu posso falar é que tenho certeza de que a situação não foi esportiva, foi política. As razões não foram esportivas. Eu deduzo isso dos fatos. Se formos comparar Brasileiro com a Copa, então o Celso Roth deveria ter sido demitido por que perdeu de três a zero. Não é por aí que vamos encontrar a verdade. Havíamos conseguido superar times que são bem difíceis historicamente para brasileiros e estávamos a quatro jogos do objetivo. Agora, com a grande condução do Celso, o Inter conseguiu.

UOL Esporte: Como imagina que seu nome vai ficar para a história?

Jorge Fossati: Logicamente vai ter de tudo. Terão pessoas defendendo e outros não, ainda mais em uma torcida grande como a do Inter. Mas não cabe a mim quantificar a importância que tivemos ou deixou de ter nessa Copa Libertadores. O que falei, e falo, é que estamos tranquilos por ter feito um trabalho que permitiu o time chegar nas semifinais. Sempre, na vida, o tempo ajuda a colocar as coisas no lugar. O tempo, a cabeça fria, vai ajudar o torcedor do Inter chegar a suas próprias conclusões. Não é hora de personalizar isso, mas deixar o colorado comemorar como merece essa grande conquista. Está de parabéns o Inter, a sua torcida, os jogadores e a comissão técnica do Celso. A história vai colocar as coisas nos seus devidos lugares.

UOL Esporte: Seu atual time ainda tem chances de jogar o Mundial?

Jorge Fossati: Sim, temos. No dia 15 e 21 de setembro jogamos as quartas de final da Liga dos Campões da Ásia. O Shabbab está no caminho, mas vamos ver. O campeonato não é fácil. Estamos em um começo de trabalho e a mentalidade em alguns locais é um pouco diferente e precisamos trabalhar para mudar muita coisa. Estamos neste caminho e vamos ver. Se conseguirmos vamos ficar felizes, mas senão vamos seguir. Não sabemos até quando vamos ficar aqui.

UOL Esporte: Pode cruzar com o Inter, então?

Jorge Fossati: É, poderia ser (risos). Os integrantes da nossa comissão técnica comentam isso, desde o jogo contra o São Paulo, que garantiu o Inter em Abu Dhabi. Estávamos comemorando a vitória, mas brincando. Se acontecer vamos reencontrar um monte de gente. Para nós aqui está longe, mas para o Inter é realidade.

Nota da Redação: O Al-Shabab pode chegar ao Mundial dos Emirados Árabes como campeão da Liga dos Campeões da Ásia. Para isso, precisa eliminar o Jeonbuk, da Coréia do Sul, nas quartas de final no próximo mês de setembro. A decisão do torneio acontece no dia 13 de novembro, em Tóquio.
 

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