Jorge Fossati está em time da Arábia Saudita e pode enfrenter Inter em dezembro |
Uma peça importante na conquista da segunda Copa Libertadores do Internacional assistiu à final com o Chivas em Riyadh, na Arábia Saudita. De lá, onde comanda o Al-Shabab, o técnico Jorge Fossati concedeu entrevista exclusiva ao UOL Esporte falando que se sente campeão da América por ter participado da maioria dos jogos do time no torneio e aproveitou para elogiar seu sucessor, Celso Roth. De quebra, Fossati diz ainda não entender os motivos de sua saída do Beira-Rio e falou do possível reencontro com sua antiga equipe, que poderá ocorrer em dezembro, no Mundial de Clubes.
Os sites dos principais jornais esportivos do mundo deram destaque ao título do Internacional na Copa Libertadores. O resultado – triunfo por 3 a 2 e virada sobre o Chivas Guadalajara – ganhou as manchetes. A capacidade de reação do time brasileiro foi exaltada, mas a glória do Inter perdeu um pouco do espaço. A briga entre os atletas após o apito final foi apontada como a “nota negativa”.
Confira abaixo a entrevista completa do treinador uruguaio que dirigiu o Inter até o segundo jogo das quartas de final, quando eliminou o Estudiantes de Verón e Boselli, em solo argentino.
UOL Esporte: O que dizer ao Inter, campeão da Libertadores?
Jorge Fossati: A primeira coisa que posso dizer é parabéns ao Inter. Sinceramente, também sentimos o título por ter participado de dez dos quatorze jogos. Não dá para se sentir campeão normal, daqueles que começam e terminam o trabalho. Temos uma participação especial, mas não foi completa. Fico um pouco triste por não ter a oportunidade. Eu estou muito feliz, mesmo com um misto de tristeza por não concluir a obra. Nós tínhamos ganhado a Recopa e Sul-America (com a LDU) e é certo que podemos considerar que ganhamos a Libertadores, mas não é completa. Mas quero ressaltar, estou feliz por ter participado desta história.
UOL Esporte: D’Alessandro e Celso Roth fizeram questão de citar seu nome, como recebe isso?
Jorge Fossati: Dos jogadores não fico surpreso, sei que outros falaram isso também. É normal, não estou surpreso por isso. O que valorizo é a lembrança do Celso, da mesma forma que eu lembro que ele tem mérito enorme porque completou a obra. Agradeço a lembrança e lembro da capacidade dele, voltando e completando a nossa obra.
UOL Esporte: Surpresa pela manifestação de Roth?
Jorge Fossati: Não, o que digo é que não é muito normal um colega lembrar de outro. Isso tenho que ressaltar no Celso, agradecendo publicamente.
UOL Esporte: O que achou dos jogos finais do Inter com o Chivas?
Jorge Fossati: Os integrantes da comissão técnica viram o jogo direto. Lá no México o Inter jogou uma grande partida, não tinha nada a ver o resultado do intervalo. O Inter era muito melhor. O Chivas fez um gol por acaso, mas o Inter teve a qualidade e a personalidade dos jogadores para virar. Esse jogo do Beira-Rio foi diferente, acho que o Inter no primeiro tempo estava nervoso, mas o Chivas controlou o jogo. Depois, não sei por quê, algumas mudanças de posição – para mim, foram decisivas para que o controle não fosse deles. O Inter, sem fazer um grande jogo, ganhou. Mas finais tem que se ganhar, não se pode analisar muito. O Inter venceu e está de parabéns.
UOL Esporte: A situação estranha de jogar 10 partidas na Libertadores e sair antes da semifinal.
Jorge Fossati: Nem passados quatro meses de minha saída eu consigo compreender totalmente o motivo. Tenho ideia do que pode ter acontecido, mas não posso afirmar por não ter provas. O que eu posso falar é que tenho certeza de que a situação não foi esportiva, foi política. As razões não foram esportivas. Eu deduzo isso dos fatos. Se formos comparar Brasileiro com a Copa, então o Celso Roth deveria ter sido demitido por que perdeu de três a zero. Não é por aí que vamos encontrar a verdade. Havíamos conseguido superar times que são bem difíceis historicamente para brasileiros e estávamos a quatro jogos do objetivo. Agora, com a grande condução do Celso, o Inter conseguiu.
UOL Esporte: Como imagina que seu nome vai ficar para a história?
Jorge Fossati: Logicamente vai ter de tudo. Terão pessoas defendendo e outros não, ainda mais em uma torcida grande como a do Inter. Mas não cabe a mim quantificar a importância que tivemos ou deixou de ter nessa Copa Libertadores. O que falei, e falo, é que estamos tranquilos por ter feito um trabalho que permitiu o time chegar nas semifinais. Sempre, na vida, o tempo ajuda a colocar as coisas no lugar. O tempo, a cabeça fria, vai ajudar o torcedor do Inter chegar a suas próprias conclusões. Não é hora de personalizar isso, mas deixar o colorado comemorar como merece essa grande conquista. Está de parabéns o Inter, a sua torcida, os jogadores e a comissão técnica do Celso. A história vai colocar as coisas nos seus devidos lugares.
UOL Esporte: Seu atual time ainda tem chances de jogar o Mundial?
Jorge Fossati: Sim, temos. No dia 15 e 21 de setembro jogamos as quartas de final da Liga dos Campões da Ásia. O Shabbab está no caminho, mas vamos ver. O campeonato não é fácil. Estamos em um começo de trabalho e a mentalidade em alguns locais é um pouco diferente e precisamos trabalhar para mudar muita coisa. Estamos neste caminho e vamos ver. Se conseguirmos vamos ficar felizes, mas senão vamos seguir. Não sabemos até quando vamos ficar aqui.
UOL Esporte: Pode cruzar com o Inter, então?
Jorge Fossati: É, poderia ser (risos). Os integrantes da nossa comissão técnica comentam isso, desde o jogo contra o São Paulo, que garantiu o Inter em Abu Dhabi. Estávamos comemorando a vitória, mas brincando. Se acontecer vamos reencontrar um monte de gente. Para nós aqui está longe, mas para o Inter é realidade.
Nota da Redação: O Al-Shabab pode chegar ao Mundial dos Emirados Árabes como campeão da Liga dos Campeões da Ásia. Para isso, precisa eliminar o Jeonbuk, da Coréia do Sul, nas quartas de final no próximo mês de setembro. A decisão do torneio acontece no dia 13 de novembro, em Tóquio.
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