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Libertadores - 2019

Remanescentes da final de 2009 tentam apagar lembranças de um dia histórico

T. Ribeiro acertou o travessão no final do jogo: "Sempre tento colocar para dentro" - Washington Alves/Vipcomm
T. Ribeiro acertou o travessão no final do jogo: 'Sempre tento colocar para dentro' Imagem: Washington Alves/Vipcomm

Gustavo Andrade

Em Belo Horizonte

16/02/2011 13h03

Quando a bola rolar às 22h desta quarta-feira, na Arena do Jacaré, em Sete Lagoas, cinco jogadores do Cruzeiro tentarão deixar de lado as más lembranças do fatídico dia 15 de julho de 2009. A data ficou marcada como uma das maiores decepções do clube celeste, em consequência da derrota por 2 a 1, de virada, para o Estudiantes, em pleno Mineirão, na decisão da Copa Libertadores.

MINEIRÃO LOTADO E TORCIDA CONFIANTE

  • Divulgação/Vipcomm

    Fábio ainda se lembra da chegada ao Mineirão e a festa da torcida do Cruzeiro antes do jogo histórico

A primeira partida em La Plata havia acabado em empate sem gols e os argentinos puderam comemorar o título continental na capital mineira. A festa de “Los Pinchas” apagou a celebração que a torcida celeste fazia antes da partida no Mineirão.

Nas recordações daquela derrota, o goleiro Fábio prefere valorizar o encontro com a torcida ao chegar ao estádio da Pampulha. “O que tiro daquela partida foram os momentos positivos, a torcida chegando ao estádio e a festa que foi feita. Dentro de campo, infelizmente, não conseguimos, e na Argentina também, demonstrar um bom futebol. Conseguimos lá um bom resultado, mas não quer dizer que jogamos bem”, observou.

“O Estudiantes foi melhor nas duas partidas e temos de respeitar os méritos pelo título. O que marcou foi a motivação do torcedor no Mineirão, tinha tudo para ser uma grande festa, mas, infelizmente, o resultado não permitiu que isso acontecesse”, acrescentou o goleiro cruzeirense.

Além do camisa 1, quatro jogadores do atual elenco cruzeirense participaram da decisão de 2009. Os volantes Henrique e Marquinhos Paraná iniciaram a partida, assim como o atacante Wellington Paulista, que também não esquece da chegada ao Mineirão.

“A imagem da torcida parando a cidade para fazer a festa no dia da grande final não sai da minha cabeça. Quando estávamos chegando ao Mineirão, um percurso de dez metros que fazemos em menos de dois minutos, nós levamos quase meia hora por causa dos torcedores que cercavam o ônibus. A confiança era muito grande na conquista do título, mas infelizmente ele não aconteceu”, lamentou.

Entre os remanescentes, Thiago Ribeiro foi o único ao entrar no decorrer da partida, mas esteve perto de mudar o resultado. Um chute de fora da área do atacante, aos 41min da etapa final, acertou o travessão do goleiro Andújar quando o Estudiantes já vencia por 2 a 1.

DECEPÇÃO E SOFRIMENTO

Washington Alves/Vipcomm
Depois da partida foi uma choradeira só no vestiário. Cada um sofrendo à sua maneira com o vice-campeonato. Um silêncio que incomodava demais. Posso afirmar sem pensar muito que foi o pior momento da minha carreira. Quem participou daquele jogo, daquele sofrimento, entre jogadores e torcedores, dirigentes e empregados do clube, ninguém nunca vai esquecer a tristeza daquele dia

  • Wellington Paulista, atacante do Cruzeiro

“Sempre lembro daquela bola. Sempre tento colocar para dentro, mas não tem jeito, aquele dia é para ser esquecido, deu tudo errado. Mas já passou, futebol é isso mesmo”, conformou-se.

Enquanto a bola de Thiago Ribeiro parou no travessão, a do volante Henrique desviou na marcação e valeu o primeiro gol sobre o Estudiantes. A virada dos argentinos acabou com as chances de o camisa 8 entrar para a história do clube como autor do gol do tricampeonato naquela edição. “Claro que trocaria aquele gol pela conquista. Aquele foi um fato marcante para mim naquele momento”, comentou o volante.

Em consequência das bolas que não entraram, as lembranças negativas para os cruzeirenses vêm também do clima ruim no vestiário. “Depois da partida foi uma choradeira só no vestiário. Cada um sofrendo à sua maneira com o vice-campeonato. Um silêncio que incomodava demais. Posso afirmar sem pensar muito que foi o pior momento da minha carreira. Quem participou daquele jogo, daquele sofrimento, entre jogadores e torcedores, dirigentes e empregados do clube, ninguém nunca vai esquecer a tristeza daquele dia”, relembrou Wellington Paulista.

Fatores externos

Fora de campo, a partida do Mineirão foi marcada pelas medidas dos órgãos de saúde em relação à gripe suína, que havia atingido fortemente a Argentina. Os torcedores cruzeirenses levaram ao estádio máscaras, usadas também pelos policiais que acompanhavam os torcedores do Estudiantes.

A decisão de 2009 ficou marcada também pelas comemorações dos torcedores do Atlético-MG, que viram o meia Verón usar a camisa alvinegra na celebração do título. Em La Plata, a delegação do Estudiantes desfilou com bandeiras do arquirrival cruzeirense.

“A rivalidade sempre vai existir. Se não existir nas equipes tradicionais, vai ficar uma coisa morna. Tudo é válido quando você respeita o torcedor adversário e outro clube. Essa rivalidade faz com que fique mais apaixonante. Algumas pessoas não têm essa consciência e extrapolam. Os atleticanos aproveitaram aquele momento para comemorar um título da Libertadores. Aquilo não terá consequência para essa Libertadores, são momentos diferentes”, ressaltou Fábio.