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Libertadores - 2019

Jogo contra Tijuana pode fazer Bruno encerrar discussão sobre sucessão de Marcos

Goleiro Bruno foi o destaque do Palmeiras no empate por 0 a 0 contra o Tijuana  - Almeida Rocha/Folhapress
Goleiro Bruno foi o destaque do Palmeiras no empate por 0 a 0 contra o Tijuana Imagem: Almeida Rocha/Folhapress

Mauricio Duarte*

Do UOL, em São Paulo

13/05/2013 06h00

O goleiro Bruno pode ter a chance de se firmar como titular de vez no Palmeiras justamente em uma posição em que parece impossível superar seu antecessor. Marcos é tido por muitos não apenas como o maior goleiro da história do clube, mas também como o símbolo do que representa ser palestrino. Para se firmar definitivamente, no entanto, segundo alguns ilustres nomes da história alviverde, Bruno precisa se consagrar contra o Tijuana, nesta terça-feira, pela segunda partida das oitavas de final da Libertadores. Não para substituir o camisa 12 campeão da Libertadores, mas para demarcar seu território no rico terreno de goleiros palmeirenses.

O curioso é que a situação em que ele tem a chance de conquistar de uma vez por todas a torcida é muito semelhante ao que ocorreu com Marcos no final da década de 1990. Ele se tornou titular absoluto quando o ídolo Velloso se contundiu e foi o grande jogador do Palmeiras no título sul-americano de 1999. Agora, o então titular Fernando Prass se lesionou e Bruno vem se destacando. Foi o destaque do time no empate com o Tijuana, no México, e também teve ótimo desempenho nas quartas de final do Campeonato Paulista contra o Santos, apesar da eliminação nos pênaltis.

“Existe uma semelhança, tem algo em comum. Mas isso normalmente acontece na carreira do goleiro. Não é uma estreia, é uma nova oportunidade. Tem que aproveitar, está mais motivado agora, porque o Prass foi contratado para jogar. Ele tem que demonstrar potencial e mostrar regularidade para permanecer”, disse ao UOL Esporte o ex-arqueiro Velloso.

Bruno querer seguir os passos de Marcos não é nenhuma novidade, dada a amizade que os dois cultivam. Agora do lado de fora das quatro linhas, o ex-jogador é só elogios ao colega. “Acredito que se ele mantiver uma regularidade, pode virar titular. O próprio Kleina já falou isso, que se o Bruno estiver jogando bem, o Prass vai ter que saber esperar. Ele tem que ser o mais regular possível. Eu mesmo procurava ser sempre muito regular. De dez jogos, fazer uns sete ou oito bem. Aí entregava a rapadura em uns outros dois”, brincou o ídolo alviverde.

De fato, o treinador Gilson Kleina elogiou muito Bruno após o empate contra o Tijuana e chegou a dizer que ninguém tem "cadeira cativa" no time, referindo-se ao fato de que jogará quem estiver melhor. O comandante reiterou a confiança que possui no jogador e elogiou sua dedicação nos treinamentos e sua maturidade para esperar pacientemente uma nova oportunidade entre os 11 titulares.

O preparador de goleiros Carlos Pracidelli, hoje na seleção ao lado do técnico Luis Felipe Scolari, viu o surgimento e a ascensão de Marcos muito de perto, assim como o aparecimento de Bruno, perpetuando uma tradicional escola de goleiros na Academia de Futebol. De acordo com ele, a responsabilidade que o atual arqueiro carrega agora é tão grande quanto aquela que Marcos teve ao substituir Velloso em um momento importante da história do clube.

“O momento é parecido, leva uma certa relação. Naquela época me lembro de que a Parmalat deu carta branca para contratamos qualquer goleiro, mas em nenhum momento isso passou pela minha cabeça. O Marcos precisava de uma oportunidade para explodir. O Bruno é a mesma coisa”, declarou. “Ele merecia ter tido uma continuidade, eu não entendi a contratação do Prass, nada contra ele. Mas não havia necessidade de trazer outro goleiro”, completou.

Valdir Joaquim de Moraes, pioneiro na preparação de goleiros, pelas mãos de quem Marcos também passou, confia que Bruno garantirá seu lugar ao sol no Palmeiras nesta edição da Libertadores. “Eu nunca duvidei da capacidade dele. Só merecia mais oportunidades e está tendo. Antes de eu sair do Palmeiras eu falava para os goleiros que eles iam ter dificuldade de superar o nome do Marcos. Não o jogo, mas o nome. O Bruno terá que suplantar isso”, afirmou.

O próprio Bruno concorda com afirmação do ex-preparador. “No Palmeiras foi criada uma pressão boa para os goleiros por conta do histórico de tradição no clube. Isso faz com que eu trabalhe mais. Só que a questão não é substituir o Marcos, pois ele é insubstituível. Eu trabalho mais para o Palmeiras continuar sendo essa escola de goleiros”, declarou.

O Palmeiras enfrenta o Tijuana nesta terça-feira, às 22h (de Brasília), no Pacaembu. Para avançar às quartas de final da Libertadores, basta uma vitória simples, já que no México o time paulista conseguiu arrancar um empate sem gols. 

MARCOS E BRUNO: DIFERENTES, MAS SEMELHANTES

  • Embora a semelhança seja evidente em ambos os atletas que iniciaram suas trajetórias no Palmeiras, existem algumas pequenas diferenças nos caminhos trilhados por Bruno e Marcos. O primeiro tem uma nova chance após já ter sido campeão da Copa do Brasil do ano passado como titular, além de uma sequência no Campeonato Brasileiro do ano passado. Ele perdeu o posto para Fernando Prass, contratado pela diretoria para ser titular no início deste ano. Marcos, por sua vez, fez jogos como titular durante a Copa Mercosul de 1998 e chegou até a ser convocado para a seleção brasileira por Zagallo em 1997, quando Velloso se recuperava de uma fratura e ele teve uma sequência de jogos na meta alviverde. No entanto, quando assumiu o posto de titular definitivo em 1999, havia sido menos experimentado do que Bruno o é atualmente, além de ser menos "marcado" pela torcida.

 

* Colaborou Bruno Freitas