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Ex-companheiro de Tinga, Lucca lamenta caso de racismo: 'Muito triste'

Do UOL, em São Paulo

13/02/2014 19h09

Classificação e Jogos

O meia-atacante Lucca, agora no Criciúma, também se mostrou solidário ao volante Tinga, seu ex-companheiro de Cruzeiro e que foi vítima de injuria racial por parte da torcida peruana do Real Garcilaso, na quarta-feira, na estreia do time mineiro na Copa Libertadores.

“Foi lamentável. Ele é um amigo que fiz no Cruzeiro. Um cara que dispensa comentários, brincalhão, brinca com todos. Ele não merece passar pelo que passou. Vi as imagens. Achei muito triste. Imagino como ele deve estar com o caso. Só tenho a dizer que ‘estou junto’ com ele como outros estão. Pelo amor de Deus. Isso não devia existir mais”, desabafou o atleta do Criciúma.

Na partida, a cada toque do volante cruzeirense na bola, os torcedores do Real Garcilaso imitavam som de macaco. Diante disso, atletas como Ronaldinho Gaúcho, Neymar, Alexandre Pato, Paulinho, Fernandinho e Dante usaram as redes sociais para manifestarem apoio ao jogador.

Até mesmo os torcedores do Atlético-MG, rival do Cruzeiro, planejam apoio ao atleta no clássico do próximo domingo. A própria presidente da República, Dilma Rousseff, se solidarizou com o caso.

"Foi lamentável o episódio de racismo contra o jogador Tinga, do Cruzeiro, no jogo de ontem, no Peru. Ao sair do jogo, Tinga disse que trocaria seus títulos por um mundo c/ igualdade entre as raças. Por isso, hoje o Brasil inteiro está #FechadoComOTinga", escreveu em seu perfil do Twitter.

Peruanos são reincidentes em atos racistas

Não foi a primeira vez que um jogador brasileiro sofreu com insultos racistas em território peruano. Em 2011, durante uma partida entre Brasil e Bolívia pelo Sul-Americano sub-20, uma pequena parte da torcida presente ao estádio 25 de Noviembre, em Moquegua, hostilizou o atacante Diego Maurício.

Depois de entrar no segundo tempo da partida, o jogador da seleção brasileira passou a ser ofendido por torcedores, que imitavam, assim como ocorreu com Tinga, sons de macaco. Depois do jogo, o atacante lamentou o incidente.

"Eu fico triste, mas isso não me afeta em nenhum momento. Independentemente de raça, somos todos seres humanos. Dentro de campo vou sempre mostrar meu trabalho e não dou bola para isso", disse o jogador na época.

Apesar da evidente discriminação ao atacante brasileiro, os peruanos, torcedores em geral e até autoridades, consideraram normal e mesmo "engraçada" a atitude de parte da torcida de imitar sons de macaco quando Diego Maurício pegava na bola.

Um policial que estava no estádio disse que era apenas um gesto usado pela torcida para "atrapalhar" os jogadores de "pele escura". Um jornalista peruano afirmou que se tratava de uma tradição no país e uma "brincadeira", mas recuou envergonhado ao ser questionado se não se tratava de uma discriminação racial.

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) cobrou explicações da Conmebol sobre o comportamento dos torcedores. A iniciativa gerou uma reação da entidade sul-americana, que criou uma campanha para tentar coibir atos racistas durante o Sul-Americano sub-20.

Uma faixa com a frase "Não ao racismo" foi afixada próxima aos torcedores durante os jogos. Além disso, o pedido foi reforçado por alto-falantes dos estádios.