Topo

FMF se antecipa ao Cruzeiro e revela cobrança à Conmebol por punição ao Garcilaso

Do UOL, em Belo Horizonte

13/02/2014 15h39

Em nota oficial assinada pelo presidente Paulo Schettino, a Federação Mineira de Futebol repudiou os atos racistas proferidos pela torcida do Real Garcilaso, no jogo contra o Cruzeiro, tendo como alvo o volante Tinga. Segundo a entidade, o presidente já entrou em contato com a CBF e Conmebol para exigir punições ao clube peruano por causa do comportamento “amador e criminoso”.

A entidade citou até o Artigo 3° do estatuto da FIFA, entidade máxima do futebol mundial e disse que aguarda uma resposta. “A discriminação de qualquer tipo contra um país, um indivíduo ou um grupo de pessoas por origem ética, gênero, língua, religião, política ou qualquer outra razão está terminantemente proibida e será passível de punição por suspensão ou expulsão.”

No texto, divulgado por meio do seu site oficial, a FMF cobra posição oficial e a punição do Real Carcilaso. “Precisamos de um retorno mínimo de todos os envolvidos para que a essência do desporto não seja deixada de lado”, salientou.

 A nota também cita os diversos problemas encontrados pelo Cruzeiro desde às vésperas da partida, como a falta de estrutura do estádio, incluindo corte de energia que impediu o prosseguimento do treinamento no dia anterior ao jogo e a falta de água no vestiário. Os jogadores cruzeirenses tiveram que deixar o campo direto para o hotel.

Confira na íntegra a nota oficial:

Infelizmente o que era para ser espetáculo aos poucos perdeu brilho e cor. Antes mesmo do início da partida, Real Garcilaso x Cruzeiro Esporte Clube, válida pela primeira rodada da Copa Libertadores 2014, o Clube Mineiro foi impedido de realizar o reconhecimento do gramado, sendo surpreendido por um apagão, um dia antes de sua estreia na Competição, e justamente no palco do jogo, o Estádio Huancayo.

Tal ato de indelicadeza se agravou no transcurso da estadia de nosso filiado na cidade de Huancayo, no Peru. No dia do jogo, na rodada de abertura da Competição que mobiliza toda a Conmebol, ao final do primeiro tempo, no vestiário da equipe visitante, não havia sequer água para os atletas, nem mesmo nas instalações hidráulicas que funcionavam normalmente antes do jogo.

Os gandulas, profissionais destacados para fazer a reposição de bolas durante os noventa minutos de partida, ficaram visivelmente apáticos após o segundo gol do Real Garcilaso, sem nenhuma orientação do árbitro venezuelano José Argote.

Como se não bastasse, após a entrada do jogador Tinga na etapa final, a torcida peruana em um ato criminoso, emitia sons de racismo e preconceito. É lamentável que em pleno século XXI fatos tão retrógrados ainda aconteçam. E nosso atleta seria por nós apoiado se resolvesse abandonar, juntamente com seus parceiros, o campo de jogo que de repente se transformou no retrato repugnante do retrocesso social.

Nesse contexto, vamos através da Confederação Brasileira de Futebol, da Confederação Sul-americana de Futebol e da FIFA, exigir uma punição exemplar ao time Peruano. Pois não podemos admitir tal comportamento amador e criminoso dentro de uma competição continental, que envolve dez países.

Tratamos a Copa Libertadores como um tesouro que nossos filiados desejam e se planejam para conquistar. Dentro do calendário Nacional, na maioria dos casos, a Libertadores é tratada com prioridade em detrimento de outros torneios não menos importantes em nosso contexto. Precisamos de um retorno mínimo de todos os envolvidos para que a essência do desporto não seja deixada de lado.

“A discriminação de qualquer tipo contra um país, um indivíduo ou um grupo de pessoas por origem ética, gênero, língua, religião, política ou qualquer outra razão está terminantemente proibida e será passível de punição por suspensão ou expulsão.”

Assim diz o Artigo 3º do estatuto da FIFA, entidade máxima que comanda o futebol mundial. Aguardamos uma resposta.

Paulo Schettino
Presidente da Federação Mineira Futebol