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Jogadores do Atlético-MG se solidarizam com Tinga: 'lamentável'

Do UOL, em Belo Horizonte

13/02/2014 11h53

Depois de o presidente do Atlético-MG, Alexandre Kalil, se manifestar contra os atos racistas sofrido por Tinga, jogadores atleticanos também deixaram a rivalidade de lado e se solidarizaram com o volante Cruzeiro. 

“Lamentável, mais uma vez o ato de racismo. Isso a gente já está cansado de ver, as pessoas não tomam providência. A gente fica triste, ainda mais por ser um parceiro de profissão”, disse o atacante Diego Tardelli, ao desembarcar no Aeroporto de Confins com a delegação atleticana, que retornou da Venezuela.

No segundo tempo da derrota do Cruzeiro para o Real Garcilaso, por 2 a 1, em Huancayo, Tinga foi hostilizado por torcedores peruanos, que faziam gestos e emitiam sons de macaco quando o volante recebia a bola.

“Acho que o torcedor têm que ir ao estádio pra apoiar o time e não pra xingar jogadores. Isso é lamentável, coisas que ainda acontecem no futebol e dificilmente vão acabar tão cedo. A gente fica chateado”, criticou o capitão atleticano Réver.

O elenco atleticano desembarcou em Belo Horizonte no começo da manhã desta quinta-feira. A equipe alvinegra fez a sua estreia na Libertadores na terça-feira, quando bateu o Zamora, na Venezuela, por 1 a 0.

Logo após a partida de quarta-feira, entre Cruzeiro e Real Garcilaso, o presidente Alexandre Kalil foi o primeiro a se manifestar sobre a situação vivida por Tinga. “Racismo na Libertadores? Me tiraram o prazer da derrota do Cruzeiro. Lamentável!”, escreveu o dirigente em seu twitter.

Peruanos são reincidentes em atos racistas

Não foi a primeira vez que um jogador brasileiro sofreu com insultos racistas em território peruano. Em 2011, durante uma partida entre Brasil e Bolívia pelo Sul-Americano sub-20, uma pequena parte da torcida presente ao estádio 25 de Noviembre, em Moquegua, hostilizou o atacante Diego Maurício.

Depois de entrar no segundo tempo da partida, o jogador da seleção brasileira passou a ser ofendido por torcedores, que imitavam, assim como ocorreu com Tinga, sons de macaco. Depois do jogo, o atacante lamentou o incidente.

“Eu fico triste, mas isso não me afeta em nenhum momento. Independentemente de raça, somos todos seres humanos. Dentro de campo vou sempre mostrar meu trabalho e não dou bola para isso”, disse o jogador na época.

Apesar da evidente discriminação ao atacante brasileiro, os peruanos, torcedores em geral e até autoridades, consideraram normal e mesmo “engraçada” a atitude de parte da torcida de imitar sons de macaco quando Diego Maurício pegava na bola.

Um policial que estava no estádio disse que era apenas um gesto usado pela torcida para “atrapalhar” os jogadores de “pele escura”. Um jornalista peruano afirmou que se tratava de uma tradição no país e uma “brincadeira”, mas recuou envergonhado ao ser questionado se não se tratava de uma discriminação racial.

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) cobrou explicações da Conmebol sobre o comportamento dos torcedores. A iniciativa gerou uma reação da entidade sul-americana, que criou uma campanha para tentar coibir atos racistas durante o Sul-Americano sub-20.

Uma faixa com a frase “Não ao racismo” foi afixada próxima aos torcedores durante os jogos. Além disso, o pedido foi reforçado por alto-falantes dos estádios.