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Dedé se revolta com ofensa a Tinga e diz que não pretende voltar ao Peru

Dionizio Oliveira

Do UOL, em Belo Horizonte

14/02/2014 20h41

Vítima de racismo em 2012, durante uma partida entre Vasco e Libertad, pela Libertadores, Dedé ficou bastante abalado com o episódio envolvendo o volante Tinga, que foi alvo de manifestações racistas de torcedores peruanos na última quarta-feira, e desabafou nesta sexta-feira. O zagueiro do Cruzeiro disse que não pretende mais nem voltar ao Peru.

“Me senti na pele do Tinga, porque também sou negro. Somos todos iguais, sou brasileiro, respeito muito os peruanos, chegamos lá respeitando todos eles, todo mundo viu que demos atenção para todos. Me perguntaram sobre a recepção e eu falei que foi muito legal, fiquei surpreendido até, mas a torcida quando fez aquilo manchou muito. Não tenho ódio de ninguém, mas é um lugar que jamais quero pisar”, observou.

Apesar da revolta pelo ocorrido, ele ficou satisfeito com a repercussão que o assunto tomou e as manifestações de apoio. “É legal ver os meus amigos jogando fora, meus amigos de pagode, o povo brasileiro uniu em uma situação muito feia que aconteceu com o nosso companheiro Tinga. Foi legal, acho que essa discriminação não pode acontecer”, afirmou o zagueiro.

Depois de reclamar na saída do gramado, o jogador revelou que ainda continuou bastante alterado depois da partida. “Eu fiquei revoltado, foi o único jogo que me vi descontrolado pela situação. No avião, quando podia dormir, fiquei com o olho cheio de lágrima, não consegui descansar, e lembrava de palavras que o Tinga tinha me dito, sobre a família, estou bem mexido com isso”, contou o jogador.

O atleta lamentou ainda mais o episódio por se tratar de um dos melhores companheiros na Toca da Raposa. “Se conhecessem o Tinga, eles iriam ajoelhar, pedir autógrafo e benção pelo ser humano que é, tudo que conquistou no Brasil. Aqui no grupo se não for o melhor é um dos melhores companheiros. Quando preciso, é o cara que encosto para pedir socorro. Fiquei revoltado, ele não merecia, não merece. Era muito fã do Tinga e depois da declaração dele virou máster”, ressaltou.

Dedé, que já também já foi vítima de racismo, evitou comparar as situações, mas revela que ficou mais chocado com o que aconteceu na última quarta-feira pela forma como foi. “Eu tinha sofrido uma situação, o Willian Barbio também, em 2012. Um episódio chato, deu repercussão, acho que a do Tinga foi um pouco pior pela situação deles imitar gesto de macaco jogando em cima do Tinga, acho que foi mais grave. Apesar de que se tratando de racismo é tudo grave”, comentou.

Apesar dos problemas, o zagueiro disse que agora é bola para frente e vê o grupo ainda mais motivado após o episódio para buscar melhores resultados até como forma de homenagem ao camisa 7.

“Já estávamos motivados, mas lógico que aconteceu lá mexeu, mas não só para o clássico, mas para o resto da Libertadores e do Mineiro. Acho que isso mexeu em uma situação que podemos fazer pelo Tinga, um cara que já está há tanto tempo no futebol e mexe de uma forma sim”, ressaltou.