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Conmebol notifica Garcilaso sobre racismo contra Tinga e aguarda defesa até 2ª feira

Do UOL, em Belo Horizonte

19/02/2014 17h29

O Comitê Disicplinar da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) notificou, nesta quarta-feira, a diretoria do Real Atlético Garcilaso, sobre a abertura de um procedimento contra o clube peruano por causa de uma possível infração disciplinar.

A medida, anunciada pela entidade, por meio de seu site oficial, aconteceu em função do término da investigação preliminar, aberta na semana passada pela entidade, após o recebimento de denúncia do Cruzeiro sobre manifestações de cunho racista feitas por torcedores que assistiam o jogo em que o Real Garcilaso venceu o time celeste, por 2 a 1, em Huancayo, na estreia de ambos na edição 2014 da Libertadores.

De acordo com a Conmebol, o Real Garcilaso tem prazo até às 12h (horário de Assunção, no Paraguai) do próximo dia 24 de fevereiro, segunda-feira que vem, para apresentar suas alegações de defesa.

Ainda, segundo a Conmebol, por meio de nota em seu site, concluído esse trâmite, com a apresentação da defesa, já que as acusações foram feitas pelo Cruzeiro, semana passada, e se o Comitê Disciplinar da entidade entender que não será necessário buscar novas provas, o Tribunal Disciplinar tornará pública a sua decisão sobre o caso.

De acordo com o regulamento da Libertadores, a equipe peruana poderá até ser eliminada do torneio. O artigo 12, que trata de discriminação e comportamento similares, em seu segundo parágrafo, estipula multa de ao menos US$ 3 mil ao clube ou associação que um membro ou os torcedores realizem qualquer tipo de discriminação, seja por raça, etnia, idioma ou religião.

No item 3 desse artigo, é aberta a possibilidade até de desclassificação da competição: “ Se as circunstâncias particulares do caso requererem, o órgão disciplinar competente pode impor sanções adicionais à associação membro ou ao clube responsável, como jogar um ou mais jogos de portões fechados, a proibição de jogar uma partida em um estádio determinado, concessão da vitória do encontro pelo resultado que se considere, a perda dos pontos e a desclassificação da competição”.

No último dia 12 de fevereiro, Cruzeiro e Real Garcilaso se enfrentaram pela partida de estreia das duas equipes na Libertadores, quando os peruanos venceram por 2 a 1. Na ocasião, a torcida local proferiu insultos racistas ao volante Tinga, imitando sons e gestos de macaco a cada vez que o camisa 7 encostava na bola.

Tinga começou a partida no banco e entrou no lugar de Dagoberto no decorrer da segunda etapa, aos 19 min, no jogo com o Real Garcilaso, Essa manifestação racista foi se agravando e aumentando o tom com o decorrer da partida e gerou grande repercussão, entre desportistas e autoridades, que se manifestaram a favor de Tinga e contra qualquer forma de preconceito no futebol. No clássico com o Atlético-MG, no último domingo, pelo Estadual, torcedores e jogadores atleticanos manifestaram apoio ao jogador cruzeirense. O presidente do Tribunal Disciplinar da Conmebol é o brasileiro Caio Rocha, que não poderá presidir a sessão por ter um clube do seu país envolvido. Ele será substituído pelo uruguaio Adrián Leiza.

Confira a nota oficial:

A Unidade Disciplinar da Conmebol informou nesta quarta-feira o Real Atlético Garcilaso a abertura de um processo disciplinar pela suspeita da prática de uma infração. 

A abertura deste processo se deu depois que foi finalizada a investigação preliminar, pela Unidade Disciplinar depois de uma denúncia do Cruzeiro Esporte Clube, em que o clube brasileiro manifestava que os torcedores do time peruano tiveram um conduta racista contra o jogador Tinga. 

Atualmente, o Real Garcilaso tem um prazo até a próxima segunda-feira, às 12h (de Brasília), para apresentar seus argumentos de defesa. Concluído este processo, o Tribunal Disciplinar da Conmebol emitirá a decisão oficial.