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Reforços ruins, Kalil longe e Anelka ajudam a explicar queda do Atlético-MG

Bernardo Lacerda

Do UOL, em Vespasiano (MG)

03/05/2014 06h00

Ao final do empate com o Atlético Nacional, por 1 a 1, que resultou na eliminação do Atlético-MG na Libertadores, o presidente Alexandre Kalil chamou para si a responsabilidade e reconheceu que errou no planejamento do time para a competição. Ao longo de 2014, o alvinegro mineiro mostrou muitas falhas dentro e fora de campo.

O planejamento para o ano foi modificado ainda em 2013, durante a disputa do Mundial de Clubes, por causa da saída de Cuca, que se transferiu para o futebol chinês. Naquela competição, o Atlético foi eliminado pelo Raja Casablanca. Paulo Autuori foi anunciado ainda no Marrocos por Kalil como o novo treinador, mas demorou a iniciar efetivamente o seu trabalho.

A base do time de 2013 foi mantida, sem a contratação de reforços de peso. Exceção feita para o zagueiro Otamendi, que veio por empréstimo até junho para suprir a ausência do lesionado Réver. Os resultados não apareceram como o esperado e aumentaram as críticas do torcedor em cima dos dirigentes, jogadores e, principalmente, Autuori.

A derrota para o Atlético Nacional, em Medellin, derrubou o técnico, e Levir Culpi foi contratado. Ele não conseguiu evitar a eliminação atleticana para o time colombiano, concretizada com o empate em 1 a 1 no jogo da volta. Após a partida no Independência, Kalil assumiu a culpa e disse que “quatro ou cinco meses de trabalho foram jogados no lixo”. De acordo com o mandatário, o ano do alvinegro se inicia somente agora, em maio.

O UOL Esporte levanta algumas falhas cometidas pela diretoria atleticana no planejamento para a temporada 2014, que tinha como principal objetivo a conquista do bi da Libertadores, para novamente disputar o Mundial de Clubes. Com a eliminação precoce no principal torneio continental, restam ao Atlético o Campeonato Brasileiro, a Copa do Brasil e a Recopa Sul-Americana .

Contratação de Paulo Autuori

Após o Mundial de Clubes, com a saída de Cuca para o futebol da China, o presidente Alexandre Kalil apostou na indicação de Paulo Autuori como o substituto. O anúncio do comandante foi recebido com grande rejeição por parte da torcida. O dirigente alvinegro minimizou a situação e garantiu seu escolhido. Sem apoio das arquibancadas e com pouco tempo, o trabalho do treinador fracassou, mesmo com o Atlético chegando a ficar invicto em 18 partidas, mas com excesso de empates.

Férias prolongadas da diretoria

Ao final do Mundial de Clubes, o presidente Alexandre Kalil e o diretor de futebol Eduardo Maluf saíram de férias, no final de dezembro, voltando apenas a cuidar do futebol no começo de janeiro. Com a pré-temporada adiada do elenco principal, os dirigentes partiram para resolver renovações de contrato, contratações e planejamento para o ano de forma tardia. Os principais rivais saíram à frente. Sem opções, a diretoria teve dificuldades para recuperar o tempo perdido.

Contratação de reforços que não renderam

A diretoria atleticana buscou cinco reforços para a temporada, muitos para as posições carentes do time. Porém, os dirigentes erraram nas escolhas. Dos contratados, apenas Otamendi, negócio de ocasião, surtiu efeito esperado e se tornou titular absoluto, caindo nas graças do torcedor. O atleta, porém, deixará o clube em junho. Principal dor de cabeça de 2013, a lateral esquerda seguiu sem solução. Pedro Botelho conviveu com duas lesões e jogou apenas uma vez. Emerson Conceição, contratado já em abril, não tem agradado após os primeiros jogos. Edcarlos tornou-se reserva e pouco jogou, mesma situação do volante Claudinei, que não conseguiu ganhar vaga no meio de campo. Outras posições carentes ficaram sem reforçar, como o ataque, que perdeu Luan machucado, e o meio de campo.

Dificuldades para pagar os salários

A diretoria atleticana iniciou o ano na luta para conseguir a liberação do dinheiro da venda de Bernard ao Shakhtar, que aconteceu em agosto passado. Alexandre Kalil passou a tratar pessoalmente a tentativa de renegociar o pagamento da dívida do clube com a Fazenda Nacional. Porém, as negociações ainda não tiveram final e a verba segue bloqueada. Sem conseguir gerar receitas novas, o clube se viu em dificuldades financeiras e acabou atrasando salários e premiações dos atletas desde o começo da temporada.

“Novela” Anelka desgasta imagem

Na busca por reforços para a sequência da Libertadores, a diretoria foi atrás do veterano francês Anelka. Porém, o negócio ganhou ar de novela e teve desfecho ruim para o Atlético. O presidente Alexandre Kalil chegou a anunciar oficialmente o atleta em seu twitter, porém, após longa demora para a chegada do atacante em Belo Horizonte, os dirigentes desistiram da negociação. No dia seguinte, o centroavante chegou a postar vídeo dizendo que jamais havia assinado vínculo com o alvinegro mineiro. Certo é que a negociação arrastada e com final ruim desgastou a imagem dos dirigentes com a torcida.

Afastamento de Alexandre Kalil do futebol

Alexandre Kalil sempre foi conhecido por estar no dia a dia do Atlético e acompanhar de perto do futebol. Porém, a situação se modificou no começo do ano, quando o dirigente optou em se afastar um pouco da Cidade do Galo, concentrando-se mais na parte administrativa. O presidente alvinegro passou a ficar mais presente em Brasília, na tentativa de desbloquear o dinheiro da venda de Bernard e ainda se voltou para a política. Em 2013, ele se filiou ao PSB e passou a ser figura mais vista no cenário político, sendo muitas vezes especulada uma candidatura ainda neste ano.