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Ele lutou na Guerra das Malvinas e pode complicar a vida do Inter

Omar De Felippe estreia como técnico do Emelec nesta quarta-feira, contra o Inter - Emelec/Divulgação
Omar De Felippe estreia como técnico do Emelec nesta quarta-feira, contra o Inter Imagem: Emelec/Divulgação

Jeremias Wernek

Do UOL, em Porto Alegre

18/03/2015 06h00

O Emelec recebe o Internacional, nesta quarta-feira (18), com um novo técnico: Omar De Felippe. Sucessor de Gustavo Quinteros, que assumiu a seleção equatoriana, ele tem a missão de manter a equipe de Guaiaquil no topo do grupo 4 da Libertadores. E conta com uma história de vida bem particular para se fortalecer. De Felippe foi soldado na Guerra das Malvinas, que colocou a Argentina contra a Inglaterra, na década de 1980.

Recrutado em 7 de abril de 1982, Omar De Felippe ficou marcado ano após ano como o jogador que lutou contra os ingleses. Como o jovem que defendeu a pátria. O rótulo pesou demais e criou um trauma pós-guerra no então zagueiro, recém promovido pelo Huracán. O silêncio foi a melhor saída à época.

“Quando estreie pelo Huracán em 1983 me procuravam para fazer matérias relacionando minha carreira e a guerra. Eu fugi, escapei de todos os jornalistas. Eu não tinha claro o que queria falar, o que queria contar. Fiquei sete anos sem falar sobre Malvinas”, contou em entrevista ao site Canchallena.

Hoje com 52 anos, De Felippe tem um currículo respeitável como treinador. Na Argentina é conhecido por subir times da segundona. Incluindo aí o tradicionalíssimo Independiente, sete vezes campeão da Libertadores, que voltou à elite em 2013 pelas mãos do ex-soldado. O futebol, antes no campo e agora fora, foi fundamental para Omar sobreviver aos confrontos.

“O futebol salvou a minha vida por um monte de coisas. Era a motivação para voltar, além da família, é claro. O futebol me deu energia para continuar”, afirmou.

Quarto colocado em um campeonato de tiro extra-oficial do exército argentino, o agora treinador já conseguiu concatenar as ideias sobre o que viveu diante de tiros e bombas dos ingleses. E utiliza a relação de soldado com soldado no vestiário.

“Talvez o companheirismo seja o aspecto que permite um paralelo entre o que aconteceu em Malvinas e o futebol. Estavamos em um alojamento com 150 camas e 150 soldados. Eu conhecia todos, mas tinha um grupo de 12 ou 15 que estava quase sempre por perto. A convivência fortalece os laços. Dentro do campo eu tenho que ajudar quem está do meu lado e sei que outro vai fazer o mesmo. É disso que se trata uma equipe, de solidariedade na execução de movimentos”, teorizou ao jornal Clarín.

No Emelec o desafio dele é enfrentar um adversário direto, o Inter, com apenas dois dias de trabalho. Omar De Felippe já estava em Guaiaquil, conhecendo o grupo e interagindo com Quinteros, mas só assumiu o cargo na última segunda-feira. Ele deve manter a base do time que já somou seis pontos em três partidas. Contrário as comparações entre futebol e a guerra, o treinador argentino estreia de cara em um jogo com ares de decisão. Não de batalha. “A guerra e o futebol são muito diferentes, não tem nada a ver, não dá nem para comparar”, sentenciou. "O treinador novo é muito qualificado, conheço ele, amigo do Quinteros, e tem todas as informações. Acho que não vai mudar nada, é um time que está bem, campeão nos últimos dois anos. Não penso que vão mudar muitas coisas, ao menos em dois dias", opinou Diego Aguirre sobre o colega de profissão.

FICHA TÉCNICA
EMELEC X INTERNACIONAL

Data e hora: 18/03/2015 (quarta-feira), às 19h45min (Brasília)
Local: estádio Jocay, em Manta, Equador
Transmissão na TV: Sportv
Árbitro: Mauro Vigliano (ARG)
Auxiliares: Hernán Maidana (ARG) e Javier Uziga (ARG)

EMELEC: Dreer; Narváez, José Luis Quiñónez, Achilier e Bagüí; Pedro Quiñónez, Lastra, Giménez e Mena; Bolaños e Escalada
Técnico: Omar De Felippe

INTERNACIONAL: Alisson; Ernando, Juan e Réver; Léo, Nico Freitas, Nilton, Aránguiz, Alex e Fabrício; Eduardo Sasha
Técnico: Diego Aguirre