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Dos Aflitos a Lanús. Grêmio do século XXI enfim volta a ser 'copeiro'

Lucas Uebel/Gremio FBPA
Imagem: Lucas Uebel/Gremio FBPA

Jeremias Wernek

Do UOL, em Buenos Aires

30/11/2017 10h00

"O Grêmio é copeiro" é uma frase que embala a torcida Tricolor, mas só pode ser dita de boca cheia outra vez agora, a partir desta quinta-feira. O título da Libertadores faz o clube gaúcho voltar a ser, de fato, um especialista em mata-mata. A retomada desse status, que faz parte da identidade gremista, acontece pela primeira vez no século XXI.

A última grande 'copada' foi em 2005, contra o Náutico, na final da Série B.

O dicionário boleiro indica que ser 'copeiro' é ser capaz de sustentar adversidade. Encarar rivais até mais difíceis, ou em condições ruins, e ainda assim sair com a vitória. Com o resultado. O Grêmio, em sua história, tem vários times que conseguiram isso. A equipe atual atinge esse estágio depois da conquista em cima do Lanús em pleno solo argentino.

Mesmo com a vitória em casa, pelo placar mínimo, o ambiente faz o título ser símbolo de um time 'copeiro'. O Lanús fez força política e conseguiu mandar o jogo decisivo em seu estádio, reformado no início dos anos 2000, mas para lá de acanhado. O palco precário e  o estilo de jogo do rival fazem o triunfo significar muito.

"Eu preparei esse grupo para ser campeão", disse Renato Gaúcho.

O treinador atual do Grêmio fez parte de uma formação que abriu uma fase copeira no clube. Em 1981 o Tricolor ganhou o Campeonato Brasileiro e no ano seguinte perdeu para o Flamengo. Em 1983 o time com Renato Portaluppi ganhou a Libertadores e o Mundial.

Na década de 1990 o Grêmio também viveu anos dourados e que reforçaram seu caráter. Aquelas taças, com mais a Copa do Brasil de 2001, fizeram a torcida abraçar a fama de 'mais copeiro do país'. Só que os anos que se seguiram foram de seca total.

A exceção foi 2005. Com um time montado às pressas, em penúria financeira, o Grêmio precisou se agarrar em tudo para conseguir um resultado fora de casa. Com sete jogadores e depois de o adversário perder dois pênaltis. A marca daquele título deu fôlego para que, dois anos depois, o Tricolor chegasse à final da Libertadores. Parou no Boca Juniors, muito melhor e mais experiente. Mais copeiro. E dali em diante a fama de 'copar' entrou de férias.

Até quando entrava como favorito, com times bons e capazes de avançar, o Tricolor marcava passo. Foi assim em recentes edições da Copa do Brasil e da Libertadores. No torneio sul-americano se manteve uma triste sina de cair nas oitavas de final - como em 2011, 2013, 2014 e 2016.

O título da Copa do Brasil no ano passado, já sob a batuta de Renato Gaúcho, ajudou a quebrar essa seca. As vitórias fora de casa diante de Cruzeiro e Atlético-MG resgataram o orgulho da torcida. A conquista em casa, com empate, não repetiu cenários mais duros. Mas ajudou a forjar um elenco 'copeiro', experiente. Ao sentir ausência de rodagem no elenco, o treinador pediu a contratação de Cícero e Cristian.

O meia ex-São Paulo foi decisivo no jogo de ida da final, ao entrar e marcar o gol da vitória. Mas o time como um todo conseguiu escapar de armadilhas e jogar bola mesmo em cenários ruins. Ainda que o estilo de atuação fuja da tradição do Grêmio, de um jogo mais físico, o time atual entra para a galeria das formações copeiras. E permite que o torcedor grite a plenos pulmões que o Grêmio é copeiro.