Felipão reencontra Valdivia, com quem teve relação "entre tapas e beijos"
O torcedor palmeirense verá o encontro de dois personagens importantes de sua história na noite desta quinta-feira (20). No jogo válido pelas quartas de final da Libertadores contra o Colo Colo, o técnico do Palmeiras, Luiz Felipe Scolari, reencontrará o chileno Valdivia, com quem manteve uma relação de tapas e beijos durante a sua segunda passagem na Academia de Futebol, entre 2010 e 2012.
O próprio atleta confessou, em entrevista exclusiva dada ao UOL Esporte dias depois da saída de Felipão em 2012, que teve um péssimo início de relacionamento com o comandante.
"Olha, a gente teve problemas. Muitos. Tivemos relacionamento complicado no começo, especialmente no começo dele (em 2010), sobretudo porque eu me machucava muito. Ele precisava de mim e eu não podia jogar, então ele desconfiou de mim. (...) E ele sempre pedia mais para mim. Só que eu não posso jogar sozinho, porque futebol não é tênis, tem que ter elenco, um grupo querendo as mesmas coisas. Não sou goleiro, artilheiro eu não sou, estou aqui para ajudar, para deixar meus companheiros na cara do gol e eu tenho feito isso", afirmou.
Explica-se: no final de 2010, o chileno foi a uma rádio para dar uma entrevista sem poupar críticas ao seu treinador e ao então diretor de futebol, Wlademir Pescarmona. O camisa 10 reclamava do tratamento dado pelo seu técnico, que reclamava secreta e publicamente do excesso de festas.
Em sua defesa, Valdivia afirmou que jogou diversas vezes no sacrifício para ajudar o time. No auge de seus problemas físicos, o atleta conseguiu entrar em campo em 18 ocasiões na temporada e só atuou o jogo inteiro três vezes. Na época, o meia era bem próximo a Kleber Gladiador, outro que também entrou em rota de conflito com Felipão. Os três, ao lado de Marcos, eram a esperança de dias melhores para o palmeirense. Eles viraram, inclusive, estátuas criadas pelo marketing do clube.
Mas a esperança se transformou em decepção. Um dos picos da crise de relacionamento foi marcado em um dérbi. No dia 24 de outubro de 2010, depois de atuar de surpresa e no sacrifício contra o Universidad Sucre, pela Sul-Americana, o chileno foi escalado para enfrentar o Corinthians e precisou ser substituído depois de ficar 25 minutos em campo. Na entrevista, o treinador respondeu jornalistas usando palavrões. O ápice viria em dezembro, quando o jogador não quis assinar uma cartilha de normas de comportamento para as férias elaborada pela comissão técnica.
Em 2011, Valdivia conseguiu atuar em 28 ocasiões. O Palmeiras teve uma temporada regular, mas viu o Corinthians, seu principal rival, ser campeão do país. A temporada ficou marcada por uma lesão na coxa do camisa 10 sofrida justamente na tentativa de um chute no vácuo em um clássico no Pacaembu.
A relação marcada por conflitos constantes teve uma virada em 2012. Nesta temporada, Valdivia teve um de seus maiores problemas da vida pessoal. O meio-campista foi sequestrado ao lado de sua mulher e precisou se afastar do futebol por alguns dias. Na época, até o seu retorno ao Chile foi cogitado.
Felipão, então, exerceu o papel que marcou a sua carreira. Foi "paizão", deu todo apoio ao chileno e teve como recompensa uma comemoração conjunta com o camisa 10. Pouco mais de uma semana depois do incidente de violência, ele entrou em campo e fez o gol decisivo na semifinal contra o Grêmio. Ele correu para o banco e quase derrubou o treinador ao dar um abraço. Dois jogos depois, o time seria campeão da Copa do Brasil.
"Fechou mais, sim. Porque a gente estava melhorando a relação, conversando, um precisando do outro. Então os que falam que eu não gostava dele e vice-versa... Tem muitos exemplos que aconteceram e as pessoas se esquecem. Esse é um exemplo muito vivo, muito recente. (...) Aqui, ninguém está de corpo mole, ninguém está de sacanagem, ninguém queria que ele fosse embora. Estou jogando direto, faz tempo que não me machuco, jogo de domingo e quarta.... e tem gente ignorando esse fato", afirmou na mesma entrevista ao UOL Esporte.
A parceria de Felipão e Valdivia terminou em setembro. O técnico viu seu ambiente se deteriorar por conta da polêmica de um suposto dedo-duro no vestiário e, meses depois de comemorar o troféu, viu a sua equipe bem próxima de ter a queda para a segunda divisão consumada. Ele resolveu sair e deu espaço para Gilson Kleina, que não conseguiu evitar a segunda queda da história alviverde.
"Não é pé atrás, mas eu desconfiava de todo mundo. A gente falava qualquer coisa e aí sai na imprensa. Mas não podemos dizer que é por isso que estamos na parte de baixo da tabela. Não tem nada a ver. Claro que a gente desconfia, porque coisas de dentro do vestiário vazam, todo mundo fica sabendo. Lamentavelmente, essas coisas... A verdade é que quem fica atingido, claro que fica chateado, porque desconfia do outro, do cara que está do lado. Há um tempo, uma matéria dizia que eu dormia no DM (departamento médico). Mas todo mundo dorme, cara! É tão chato ficar no DM que você não quer nem falar e todo mundo dorme. No DM, você vem, dorme, troca de aparelho, dorme, mas isso não muda nada", contou o camisa 10 na época.
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