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Gotze e o duro desafio de deixar a imagem de Judas para trás em Dortmund

Mario Gotze: voltar a vestir a camisa do Dortmund tem sido um desafio para o jogador - Ronny Hartmann/Getty Images
Mario Gotze: voltar a vestir a camisa do Dortmund tem sido um desafio para o jogador Imagem: Ronny Hartmann/Getty Images

Do UOL, em São Paulo

27/09/2016 06h00

Mario Gotze, o meia-atacante que marcou o gol que deu o título da Copa do Mundo de 2014 para a Alemanha, já foi chamado de Judas pela fanática torcida do Borussia Dortmund. O motivo? Há três anos, quando ele trocou a camisa amarela e preta pelo vermelho do Bayern de Munique, os torcedores fanáticos não perdoaram.

Hoje, de volta ao time que o projetou para o futebol mundial, ele sente na pele o quanto é complicado reconquistar o amor que a troca de time destruiu. Olhe a sua reestreia pelo clube. Ele é uma das principais contratações da temporada e joga em um setor que ficou frágil da equipe, após a perda de dois meio-campistas chave em Mkhitaryan e Gundogan. Mesmo assim, foi vaiado no momento em que pisou em campo.

“Ninguém ficou surpreso com isso. As vaias não apareceram do nada”, admitiu o técnico da equipe, Thomas Tuchel, após a vitória por 3 a 1 sobre o Freiburg, primeiro jogo em casa do atleta. O treinador se referia à história de Gotze com a torcida amarela. Mas a forma do jogador desde que voltou a Dortmund também não ajudou.

Primeiro, ele demorou a entrar em forma. A estreia só veio no quarto jogo do Borussia na temporada. Desde então, foi titular quatro vezes, marcando um gol. Mas a concorrência está melhor. O alemão Gonzalo Castro, com quem briga por posição, já marcou três vezes e deu assistência para outros cinco gols. Gotze não tem nenhum passe decisivo na atual temporada.

O problema, segundo Tuchel, é a pressão em cima do jogador. Gotze é destaque do futebol alemão desde os 17 anos. Foi bicampeão nacional aos 19, finalista da Liga dos Campeões aos 21 e campeão mundial aos 22.

Era a grande revelação alemã quando foi comprado pelo Bayern de Munique, mas nunca conseguiu se firmar no time titular – principalmente depois da chegada de Pep Guardiola. Não que ele tenha jogado mal. Foram 31 gols em três anos, média de um gol a cada 2,3 jogos. Nas três temporadas anteriores, pelo Borussia, ele balançou as redes só 24 vezes, com média de 3,2 jogos para marcar.

“O problema é que todo mundo fala dele. Imagine como deve ser você ter todos os seus passos analisados pela imprensa com um microscópio? É o que acontece com ele. Tantas críticas... Acho que passaram do ponto”, defende o treinador.

É a mesma opinião do empresário do atleta. “Ele está jogando no mais alto nível há cinco anos. E tem só 24 anos. Ele jogou 118 partidas pelo Bayern e foi campeão mundial com sua seleção. Porque continuam dizendo que ele foi uma decepção em Munique? É uma falta de respeito”, atacou Roland Eitel em entrevista à rede de TV Eurosport.

Você, mesmo, pode ver como Gotze está lidando com sua volta para o Dortmund. Ele deve ser titular da equipe nesta terça-feira, às 15h45, contra o Real Madrid, pela Liga dos Campeões. O rival não poderia ser melhor: o meia estava em campo no duelo mais importante entre as duas equipes, na semifinal da Liga de 2013, que valeu para os alemães a vaga para a decisão.