Minucioso e inspirado em CR7, Casemiro adota terapia em câmara de oxigênio
Às vésperas da sua primeira Copa do Mundo e da terceira final seguida da Liga dos Campeões, Casemiro ostenta algo comum na seleção brasileira e no Real Madrid: a titularidade absoluta e o reconhecimento da função vital para o equilíbrio dos times. Para alcançar e manter tal status, o meio-campista vive uma rotina extremamente regrada na capital espanhola, além do acompanhamento de alto nível no clube. Alimentação balanceada, treinos supervisionados por um fisioterapeuta particular em uma estrutura de academia profissional montada em casa e descanso diário com o auxílio de um equipamento especial, por influência de Cristiano Ronaldo.
Determinado a manter a melhor forma física possível, o jogador de 26 anos investiu alto e tem na sua residência em Alcobendas, fora da região central de Madri, uma câmara hiperbárica. O aparato proporciona inalação de oxigênio puro em uma pressão maior do que a atmosférica. Com maior oxigenação das células, potencializa a recuperação muscular e, consequentemente, acelera o processo de regeneração física entre treinos e jogos. Ao invés de repousar em uma cama comum pós-refeição, Casemiro utiliza o aparelho em sessões de cerca de uma hora.
A estrela merengue tomou a iniciativa de praticar a Oxigenoterapia Hiperbárica (OHB) ao saber que CR7, conhecido pelo grande cuidado com o corpo, era um adepto da terapia. Sites especializados anunciam um aparelho do tipo por até 50 mil dólares (cerca de R$ 185 mil).
Mudança no rumo da carreira
Negociado pelo São Paulo sem muita pompa para o time B do Real Madrid em 2013, Casemiro se destaca atualmente como um dos melhores do mundo na sua posição. Quem acompanha de perto a trajetória do introvertido astro de São José dos Campos (SP) avalia que o empréstimo ao Porto, em 2014/15, foi determinante para a carreira do atleta, tachado de desinteressado nos momentos de oscilação no Morumbi. Em Portugal, sob orientação do espanhol Julen Lopetegui, que comandará a seleção da Fúria no Mundial da Rússia, Casemiro passou a se preocupar mais com a vida extracampo.
Como resultado, levou consigo para Madri um casal de portugueses que o auxilia no dia a dia, sobretudo na dieta balanceada. “No Brasil ele tinha a mania de comer muito cupim, algo muito gorduroso e que demora muito tempo para sair do corpo. Era aquilo de ser de origem humilde, passar a ter acesso a algo que não podia antes e, por isso, se lambuzar”, diz Bruno Petri, técnico de Casemiro na base do São Paulo e atual membro do estafe do jogador. “É um menino muito simples, humilde e que prefere não pensar na dimensão que ele tem atualmente para o futebol. É a estratégia dele para não se deixar levar por tudo o que alcançou”.
Em uma conversa, os dois entraram em um acordo: dada a estabilidade no Real Madrid, era a hora de ousar mais e resgatar a qualidade do chute de longa distância, algo demonstrado desde jovem, quando atuava mais avançado. “Falei que ele tinha de arriscar mais a gol, o que ele fazia muito bem no Brasil”, relembra. “Já que ele mantém uma forma física que lhe permite ir e voltar com frequência, conversamos sobre essa mudança de postura, e ele tomou atitude”.
No dia 3 de junho de 2017, o celular de Petri vibrou no fim da tarde. Era o pupilo agradecendo, de Cardiff, no País de Gales, após anotar um belo gol em arremate de fora da área contra a Juventus e ajudar o Real Madrid a conquistar o 12º título da Liga dos Campeões com vitória por 4 a 1.
Antes da decisão do próximo sábado, em Kiev (UCR), contra o Liverpool, Casemiro ocupa o posto de atleta de linha mais utilizado por Zinedine Zidane na temporada. São 3845 minutos jogados em 47 partidas – média de 82 minutos em campo por atuação. A quantidade de gols também é a maior no retrospecto pessoal em uma campanha: sete.
Tricampeão europeu, incluindo 2014, quando teve participação bem modesta, Casemiro chegará à Ucrânia com sede, fome – e fôlego – de título.
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