Herói de Liverpool x Real em 1981 era talismã e jogou final lesionado
Liverpool e Real Madrid duelam neste sábado (26), às 15h45 (de Brasília), em Kiev, na final da Liga dos Campeões. Mo Salah e Firmino de um lado, Cristiano Ronaldo e Bale de outro, e a certeza de uma decisão cheia de craques. Mas a história nos ensina que é bom também prestar atenção nos coadjuvantes, visto que há 37 anos este mesmo duelo foi decidido por um herói improvável: na final europeia de 1981, o lateral Alan Kennedy fez jus ao rótulo de ‘talismã’ e deu o título ao clube inglês.
Kennedy era um coadjuvante de luxo do Liverpool na década de 1980. Nas oito temporadas em que defendeu o time vermelho, levantou nada menos que 14 troféus. Mais do que pela dureza na marcação, foi o faro de gol em jogos decisivos que o eternizou em Anfield, e na final da Liga dos Campeões de 1981, contra o Real Madrid, não foi diferente. E olha que ele nem deveria estar em campo.
Naquele ano o lateral tinha amargado longos períodos de molho por causa de contusões, voltando a estar em forma para os últimos jogos da temporada — justamente os mais importantes. Mas Alan Kennedy quebrou o punho dias antes da final europeia e ouviu do técnico Bob Paisley que não jogaria a decisão. Foi com surpresa que viu seu nome na escalação em 27 de maio de 1981 e, no sacrifício, não desapontou.
A final europeia em Paris
O confronto essencialmente físico desapontou os torcedores. Liverpool e Real Madrid anularam-se mutuamente, e a decisão teve pouquíssimos lances de encher os olhos (veja os melhores momentos acima). Alan Kennedy teve a primeira chance ao arriscar um chute rasteiro da intermediária, mas Agustín Rodríguez defendeu. O goleiro do Real Madrid foi o destaque do primeiro tempo com várias defesas, mesmo tendo rebatido uma bola perigosíssima para dentro da área.
No segundo tempo, Camacho teve uma chance incrível para o Real Madrid, tentou um golaço e desperdiçou. Eis que, aos 37 minutos, Kennedy foi acionado em um arremesso lateral, ganhou dividida dentro da área e chutou do jeito que deu, meio sem ângulo. O gol garantiu o título europeu ao Liverpool, e a decisão que tinha Juanito de um lado e Kenny Dalglish de outro acabou definida pelo herói improvável.
Em entrevista recente ao jornal "El País", da Espanha, Kennedy admitiu que o gol heroico saiu de uma desobediência tática. No arremesso lateral, por já haver opções suficientes para o Liverpool, ele deveria ficar alguns passos atrás para evitar possível contra-ataque. Não ficou. “Às vezes é preciso arriscar. Os jogadores do Real Madrid talvez duvidaram, tentaram antecipar o que eu faria. Me deixaram livre, e eu corri até a área”, relembra.
A fama de talismã
Kennedy foi contratado pelo Liverpool em 1978, em uma aposta pessoal do lendário Bob Paisley, técnico que havia muito era amigo da mãe do lateral. Após seis anos de Newcastle, chegou a Anfield com 24 anos e ao custo de 330 mil libras, valor recorde para um britânico na época. Nas oito temporadas em que defendeu o time vermelho, provou que valia cada centavo.
O leque de gols importantes é grande, e só em finais foram quatro. A conta começou na final da Copa da Liga contra o West Ham, em 1981, quando Kennedy marcou no empate por 1 a 1 (o Liverpool seria campeão no segundo jogo, o replay). Dois meses depois, o lateral fez o gol mais improvável da carreira em Paris, contra o Real Madrid, e garantiu o título europeu. Em 1983, a mesma história: gol nas finais da Copa da Liga, e Liverpool campeão. Depois, a final europeia contra a Roma terminou 1 a 1, e Kennedy assegurou a taça ao converter o último pênalti.
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