Semana 'quente' divide atenção do clássico final do Campeonato Mineiro

A semana do clássico decisivo entre Cruzeiro e Atlético-MG foi marcada pelas atenções “divididas”. Especulações, convocação para a Copa das Confederações e até a queda e o retorno do presidente da Federação Mineira de Futebol (FMF), Paulo Schettino, descentralizaram o foco para o segundo jogo da final do Campeonato Estadual, neste domingo, às 16h, no Mineirão.

O Atlético-MG, que venceu o primeiro jogo da final por 3 a 0, teve semana mais movimentada que o rival celeste, que o impediu de pensar 100% no clássico. Além do interesse de clubes europeus, como Borussia Dortmund e Tottenham, em Bernard, as atenções estavam voltadas principalmente na lista de convocados para a Copa das Confederações, divulgada terça-feira.

O zagueiro Réver e o atacante Bernard foram chamados por Felipão, que surpreendeu ao deixar de fora Ronaldinho Gaúcho. Apesar de ter lamentado a não convocação, o jogador mostrou-se tranquilo ao longo da semana e disse que seu foco seria mantido.

“A repercussão foi de surpresa para todo mundo, até pelo que vem jogando, vem fazendo desde que chegou aqui, mas isso é escolha de cada um, de forma alguma atrapalhou na preparação do time, não interferiu no trabalho, a gente prefere olhar para os dois jogadores que foram convocados”, comentou o goleiro Victor.

Na quarta-feira, outra situação fez o time dividir o foco, ao descobrir que irá enfrentar o Tijuana, nas quartas de final da Libertadores, já que o time mexicano eliminou o Palmeiras, em São Paulo. O Atlético definiu o esquema de viagem, de quase 20 horas para Tijuana, que se iniciará no dia seguinte ao clássico da final do Mineiro, “reduzindo” a provável comemoração do estadual.

Apesar dos fatores de divisão da atenção com o clássico, a preparação para o segundo jogo da final do Estadual foi bastante tranquila. O técnico Cuca teve cinco dias de treinamentos. Na quarta-feira reuniu o elenco na atividade do período da manhã para conversar com os atletas, principalmente sobre o duelo decisivo de domingo.

Cuca realizou treinos fechados para a imprensa em dois dias seguidos, quinta e sexta-feira, procurando trabalhar com maior tranquilidade. Nesses trabalhos, o treinador atleticano realizou atividades táticas para armar “surpresas” para o rival.

Apesar de poderem perder por até dois gols de diferença que ainda assim conquistam o título, os jogadores atleticanos adotaram discursos humildes e procuraram evitar dar qualquer tipo de munição para o Cruzeiro, que teve semana menos agitada.

Os jogadores cruzeirenses tiveram uma semana tranquila, mas com conversas quase diárias. A convocação da seleção pouco repercutiu na Toca da Raposa II, mesmo com a não convocação do único selecionável celeste no momento, o zagueiro Dedé, que ainda não estreou e que não foi inscrito no Campeonato Mineiro. O time ainda recebeu incentivo da diretoria e dos torcedores, mostrando que todos ainda acreditam em uma reviravolta na decisão.

Entretanto, a diretoria teve as atenções divididas com situações de bastidores. O clube voltou a negar interesse no zagueiro Henrique, do Palmeiras, que também já descartou deixar o clube alviverde. Entretanto, o time celeste vai se reforçar para o Brasileiro e já está no mercado buscando nomes.

Além disso, a diretoria admitiu que iniciou conversas com o Fluminense para comprar os direitos econômicos do argentino Martinuccio, cujo contrato de empréstimo termina no final de junho. O clube celeste já detém 20% dos direitos econômicos.

Campeonato “escapa de mico”

O Estadual correu o risco de ter uma gafe na decisão. Por pouco, a taça de campeão deixaria de ser entregue pelo presidente da FMF e sim por um interventor. Paulo Schettino foi afastado por decisão judicial na última quarta-feira, mas por meio de liminar recuperou o cargo da entidade um dia depois.

Na quinta-feira da semana passada, a 13ª Câmara Civil do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), negou por unanimidade, agravo de instrumento interposto por Paulo Schettino e a FMF, mantendo decisão da 6ª Vara Cível da Comarca de Belo Horizonte, que deferiu liminar suspendendo os efeitos das alterações estatutárias promovidas por Assembleia Geral Extraordinária da entidade, realizada em 18 de agosto de 2011.

Por meio do agravo de instrumento, os autores pretendiam suspender o efeito da liminar, em autos de ação civil pública, por entenderem que a decisão do juiz feria o princípio da autonomia administrativa, pois suspendeu os efeitos da assembleia já realizada.

Naquela ocasião, tinha sido autorizada a prorrogação do mandato do presidente Paulo Schettino, que acabaria no final de 2012 para 31 de dezembro de 2014. Assim, o cartola, por meio de liminar, vai estar na entrega da taça no Mineirão. O título está mais próximo do Atlético-MG, já que o time do técnico Cuca venceu o primeiro jogo por 3 a 0. Para ser campeão, o Cruzeiro precisa da vitória por mais de dois gols de diferença.