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Final do Mineiro opõe estilos diferentes de jogo entre Atlético e Cruzeiro

Bernardo Lacerda e Dionízio Oliveira

Do UOL, em Belo Horizonte

06/04/2014 10h01

Atlético-MG e Cruzeiro foram apontados como os melhores times de 2013. Com os elencos mantidos, em sua maioria, para a nova temporada, os dois rivais fazem um clássico, que decidirá o título do Campeonato Mineiro, neste domingo, com situações diferentes. O alvinegro chega com lista de desfalques e ainda em formação e com o rival celeste sem dor de cabeça, mas ainda buscando melhores atuações em alguns setores.

Os dois clubes apresentam igualdades em alguns setores, que prometem fazer um duelo interessante, mas também problemas em outros. O  alvinegro de Belo Horizonte tem como ponto positivo o sistema defensivo, que tentará segurar o ataque cruzeirense, o melhor da competição e destaque da equipe estrelada.

Dentre os pontos positivos da equipe atleticana, um dos principais é o goleiro Victor, que chega ao clássico motivado e em alta. O jogador teve atuação de destaque no jogo contra o Santa Fé, que garantiu a classificação alvinegra no torneio sul-americano. O camisa 1 é a garantia do sistema defensivo alvinegro e um de seus atletas mais experientes. Ele vive o sonho de disputar a Copa do Mundo e uma boa atuação no clássico mineiro pode ajudar a carimbar a convocação para o time de Felipão.

O sistema defensivo atleticano vive momento de acerto e se mostra mais bem preparado que o da época de Cuca. Marcos Rocha se tornou marcador e vem melhorando neste quesito, aparecendo menos em termos ofensivos. O atleta é quem mais desarma entre os alvinegros no Campeonato Mineiro, mas está longe de ser decisivo como era com a bola no pé.

Sem Réver, lesionado, a dupla de zaga, formada por Leonardo Silva, que segue sendo o zagueiro mais seguro do time, e Otamendi, contratado para suprir a ausência do titular, tem dado conta do recado. Apesar de ser alguns descuidos do argentino, a zaga tem o apoio da torcida e a confiança do técnico Paulo Autori.

A lateral esquerda é o principal problema do time alvinegro. Dátolo, que vinha sendo improvisado, sofreu lesão na coxa direita e será substituído pelo jovem Alex Silva, lateral direito de origem e que ainda não foi bem testado em jogos de maior peso. Sem Dátolo, o Atlético perde um bom garçom, que já deu cinco passes para gols nesta temporada.

“O time está marcando melhor, uma marcação mais setorizada, a gente trabalha para não dar contra-ataque para os adversários, a gente trabalha para ficar mais com a posse de bola, está acontecendo, mas temos sempre que estar evoluindo para ser o Atlético que a gente deseja”, observou o zagueiro Leonardo Silva.

O sistema ofensivo tem sido a principal dor de cabeça do técnico Paulo Autuori. O treinador vem procurando modificar a forma de o Atlético jogar. Mas não tem conseguido fazer Ronaldinho Gaúcho e Diego Tardelli renderem o que rendiam antes. Os dois fazem temporada ruim. Por outro lado, Guilherme vem crescendo e pedindo chance para ser titular. Já Jô segue como goleador, com seis gols na temporada.

O time alvinegro marcou 32 gols neste começo de temporada, nos jogos pelo Campeonato Mineiro e pela Libertadores. A maior goleada do time foi diante do América, na semifinal, quando fez 4 a 1, na melhor atuação da equipe. Para o jogo contra o Cruzeiro, o time não terá Fernandinho, machucado.

Diante da equipe celeste, a parte ofensiva atleticana renderá problemas para Autuori. O técnico não conta com o reserva sempre acionado Neto Berola, suspenso. Diego Tardelli e Guilherme chegam para o jogo desgastados fisicamente. Já Ronaldinho Gaúcho é dúvida para o duelo e se atuar, não estará com 100% de condição. Ele se queixa de dores no pé direito.

 Ao contrário do rival, o Cruzeiro tem se destacado pelo desempenho ofensivo e a defesa que tem sido um problema. Apesar de ter sofrido apenas 12 gols na temporada, o setor se mostrou frágil na Libertadores, que teoricamente tem rivais de mais qualidade. O time sofreu sete gols em cinco partidas e só não foi vazada no triunfo contra o Universidad de Chile, na última quinta-feira, por 2 a 0, após um longo período de treinamentos com atenção especial do técnico Marcelo Oliveira. 

Um dos responsáveis pelo placar em branco contra a Universidad de Chile foi o goleiro Fábio. Apesar dos chilenos não terem ameaçado muito, o arqueiro fez uma defesa fundamental quando o placar apontava 1 a 0 para o Cruzeiro e segue sendo um dos atletas mais regulares da equipe celeste nesta temporada.

A dupla de zaga alternou bons e maus momentos até aqui. O zagueiro Bruno Rodrigo novamente tem se destacado pelo poder ofensivo e os gols marcados – quatro este ano –, mas mostrou momentos de insegurança em algumas partidas, como contra o Defensor Sporting, quando Dedé também falhou e até chegou a reclamar das críticas recebidas mesmo admitindo que a equipe estava desorganizada defensivamente. Porém, contra os chilenos os dois se recuperaram e tiveram ótima atuação.

Um dos motivos de melhora da organização defensiva celeste foi a entrada de Miguel Samudio na lateral esquerda na vaga de Egídio, que vinha pecando na marcação. Além de promover o paraguaio como titular, o técnico celeste também fez treinos específicos para ajustar o setor e manteve Ceará pela direita, já que o lateral marca melhor que Mayke, embora contribua menos ofensivamente. 

Um dos problemas diagnosticados pelo treinador para a fraca marcação em algumas partidas foi meio-campo, que muitas vezes deixou a defesa exposta. Tanto é que Marcelo Oliveira já testou cinco duplas de volantes distintas na temporada e, pela boa atuação de Henrique contra a La U, surge a dúvida se o camisa 8 será mantido na vaga de Nilton, que não repete as boas exibições da última temporada. 

Embora o ataque continue produzindo muito e o Cruzeiro marcando muitos gols, 37 até o momento, o desempenho de alguns jogadores também está deixando a desejar. Ainda assim, o técnico vem apostando na manutenção do quarteto ofensivo desde a entrada de Júlio Baptista. O camisa 10 tem tido boas atuações, se destacando como artilheiro e suprindo a ausência de Borges, que está retornando de lesão. 

Já Everton Ribeiro cresceu de produção nos últimos jogos depois de um início de temporada ruim, mas ainda está devendo uma grande atuação. Os mais criticados no momento são Dagoberto e Ricardo Goulart, tanto que o torcedor cruzeirense vem pedindo a entrada de Willian, que é uma espécie de 12° titular do técnico Marcelo Oliveira.

“Pelo jogo contra o Defensor não podemos colocar desconfiança no time inteiro. Foi um erro no setor defensivo que aconteceu e acho que serve para todos, não só para o torcedor, mas para nós jogadores e os jornalistas. Não podem me julgar como se eu não soubesse jogar bola”, disse Dedé. O zagueiro, juntamente com Bruno Rodrigo e os volantes sofreram muitas críticas, principalmente após o empate por 2 a 2 com o Defensor, no Mineirão, pela Libertadores, quando falharam nos lances em que o rival empatou o jogo. “Naquele jogo faltou organização, procuramos trabalhar defensivamente, porque nosso time ofensivamente é muito bom”, destacou.