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Jeremias Wernek/UOL Esporte

Goleiro teve proposta do Flu, mas não saiu; Lauro pode ser titular em Abu Dhabi

12/11/2010 - 07h01

Lauro confia que rodízio pode render posição no Mundial: "alguma coisa tem"

Jeremias Wernek
Em Porto Alegre

Antes de encarar o Atlético-GO, Celso Roth informou que faria um rodízio entre os goleiros do Inter nas últimas rodadas do Campeonato Brasileiro. A alegação cita ritmo de jogo e motivação para os reservas, mas o argumento não foi totalmente digerido. A partir daquele momento, Lauro voltou a ter esperanças. Titular na campanha vitoriosa da Copa Sul-Americana de 2008, o goleiro nem sequer tem sido relacionado para a maioria das partidas. No entanto, a chance, a um mês do Mundial, surge.

LAURO EM TRÊS MOMENTOS PELO INTER

  • Lucas Uebel/VIPCOMM

    Lauro no Gauchão, quando falhou diante do Avenida

  • Jeremias Wernek/UOL Esporte

    Titular em 2008, 2009 e início de 2010, Lauro pode se aproveitar da instabilidade de Renan e retornar

  • AFP/Alejandro Pagni

    Na Libertadores, goleiro se envolveu em briga com Orion, do Estudiantes, na volta das quartas de final

Na visão do colega de Renan e Abbondanzieri, a decisão do atual comandante é motivada por uma razão. Político, o ex-camisa um de Cruzeiro e Ponte Preta deixa no ar: “se foi dada essa oportunidade é por que alguma coisa tem”, comenta. Em entrevista exclusiva ao UOL Esporte, o possível goleiro titular do Internacional no Mundial revela um trauma com o uruguaio Jorge Fossati, por sua saída abrupta do time e ainda fala das propostas que teve para sair de Porto Alegre e do contato com os torcedores.

UOL Esporte: O rodízio entre goleiros vai te dar oportunidade depois de muito tempo. Quando você foi comunicado de que iria jogar, qual foi a primeira coisa que te veio na cabeça?

Lauro: Pensei: ‘estou tranquilo’. Ainda bem que não desanimei. Uma das minhas características é me empenhar muito nos treinos, isso dá base para os treinamentos coletivos e jogos. O Clemer [preparador de goleiros do Inter] sabe disso. Quando partiu o aviso do Roth bateu a tranquilidade e o pensamento de que eu não vacilei. Fica a esperança de entrar, fazer um bom jogo e mostrar meu potencial.

UOL Esporte: Evidente que receber a chance é muito bom, mas o goleiro tem suas peculiaridades. Mas não tem o lado ruim por ser só uma partida?

Lauro: Na minha condição de não estar sendo convocado para os jogos, de não ter nenhuma perspectiva para curto prazo, é algo bom. Vou jogar, voltar a entrar em campo e buscar fazer o melhor. Perto do que eu tinha isso é ótimo. Lógico que jogar mais é melhor ainda, mas encaro isso como algo bom, que vai agregar para minha carreira, voltar a jogar.

No começo do ano, quando da contratação de Abbondanzieri, você acabou perdendo a posição imediatamente no time. Aquilo não foi muito rápido? Não te chateou?

É, o Pato chegou por indicação do professor Fossati. Foi traumático isso. Eu joguei na quarta contra o Juventude, no domingo era semifinal do Gauchão e eu fiquei no banco do Muriel, por que vários jogadores foram poupados. Na terça-feira [dia da estreia na Libertadores, diante do Emelec, em Porto Alegre] todo mundo comentava que o Pato ia jogar e eu não sabia. Fiquei sabendo duas horas da tarde no dia do jogo, na palestra dele. Não teve nenhum tipo de conversa, parecia que eu não tinha história nenhuma no Internacional. Pelo contrário, eu já tinha mais de 92 duas partidas, tinha sido campeão. Aquilo foi traumático, mas não desrespeitei ou achei que estava errado. Se ele tem a preferência por outro goleiro pode entrar, tranquilamente. Ninguém é dono da posição. Mas da maneira como foi, confessor que foi traumático.

Depois disso teve a chegada do Renan, que te empurrou um pouco mais para trás na hierarquia.

Eu estava suspenso pela Conmebol, não podia atuar na Libertadores e era uma coisa que o Renan queria, também estava fácil para o clube. Todo jogador que chega é importante. Não é por ser da minha posição que vou ficar chateado, com o olho torto. Tenho experiência e entendo, ele foi muito bem recebido. Nos respeitamos e temos amizade, conversamos bastante entre nós.

Neste período que você saiu do time, chegaram propostas para você deixar o Inter, mas não houve liberação. Qual foi a argumentação dada para você para esta posição?

A primeira opção que teve foi a ida para o Sporting Braga, que está na Champions League. A proposta não era boa para o Inter e o Fernando Carvalho me explicou que se me liberasse teria que contratar outro goleiro em 2011, algo que não era bom. De imediata eu falei que concordava com ele, mas ficou aberta a opção para um time do Brasil, se aparecesse depois. E apareceu, esse time foi o Fluminense. Em uma outra conversa falamos que era um concorrente direto com o Inter pelo título, houve a negociação, mas acabou não dando certo. Lógico que eu tinha o interesse de sair, não posso negar, por mais dolorido que seja para mim, que tenho contrato longo. Mas era uma opção onde eu estaria jogando e poderia voltar no futuro com mais força para o Inter, onde eu tenho quatro anos de contrato e quero cumprir. Infelizmente ou felizmente, o futuro vai dizer, não deu.

Você acha que ainda carrega algo problema da falha com o Barueri, no final do Brasileirão de 2009 e como é o contato com a torcida? Você percebe desgaste, algo desse gênero?

Não posso ficar rotulado por um gol que tomei contra o Avenida e o Barueri, que foram falhas. A gente acompanha os goleiros dos principais times do Brasil falhando com uma certa frequência e falha mesmo foram estas, falhas categóricas, chamadas de frango. De resto tive uma grande regularidade. Quando sai do time tinha uma média de 0,91, a melhor do país entre os goleiros dos grandes times do país. Não é justo eu ficar rotulado por dois jogos. Quanto a torcida, tem os críticos, mas o que recebo de carinho é muito grande. Recebo mensagens pelo Twitter, diariamente, uma grande quantidade de carinho e apoio. Me elogiando pela postura como pessoa. Me sinto feliz e muito bem em Porto Alegre.

Existe a leitura de que este rodízio não é simplesmente para dar ritmo. Mas para ver quem pode ser o titular em Abu Dhabi. Até onde você acredita em poder ser titular do Inter no Mundial?

Eu acredito nesta chance, tenho que acreditar por que é meu sonho jogar o Mundial. Toda a equipe tem sua espinha dorsal, os garantidos, da confiança do treinador e titulares absolutos. E existem as posições com brigas, todo time tem isso e aqui não é diferente. Se foi dada essa oportunidade é por que alguma coisa tem. O Celso Roth é um treinador experiente, não daria oportunidade para mim e para o Pato simplesmente por dar. Alguma coisa fizemos por merecer, nisso que acredito. Mostrar para ele que tenho condições. Se ele avaliar que não é o necessário, segue o caminho normal. O importante é chegar em casa e deitar a cabeça tranquila no travesseiro.

Mas quando ele [Roth] colocou do rodízio chegou a falar que a vaga de goleiro estava em aberto?

A colocação do Roth foi exatamente assim: reuniu eu, Pato, Muriel, o Clemer e o Renan e disse que ia fazer um jogo o Pato e outro eu, pois ele queria nos avaliar. Esta foi a colocação do Celso, não alongou mais. A gente procura sempre fazer o melhor, espero que não seja simplesmente para dar ritmo. Espero realmente que seja um teste.

Esta oportunidade pode definir o que vai ser o seu ano de 2011, Lauro?

Exato, muito importante frisar que por mais que a gente trabalhe e foque algo temos que jogar lá na frente. O planejamento faz parte do sucesso de qualquer profissional. Eu penso no jogo com o Avaí, mas isso define algo para 2011, sim.

O Abbondanzieri já disse que vai se aposentar. O Renan está por empréstimo, mas deve ficar. Você já decidiu se vai chegar na direção e pedir para ser liberado se houver proposta no ano que vem?

Isso vai depender de como vão acontecer as coisas daqui para frente. Claro que pela minha idade, o que eu planejo para encerrar a carreira, com o tempo eu vou estar sempre lutando para estar jogando. Mas antes de fazer meu planejamento tenho que ter bastante respeito pelo Inter e pelo contrato que tenho aqui. Jamais posso ter uma atitude de revolta e dizer que aqui não fico mais. Isso não é do meu estilo, vamos esperar.

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