Rival do Corinthians já foi contra ocupação no Egito e teve tragédia ligada à queda de ditador

Paulo Passos e Rodrigo Durão

Do UOL, em São Paulo

  • Ahmed Hassan/AP Photo

    Jogadores do Al-Ahly fogem do campo em meio à tragédia ocorrida em jogo contra Al-Masry

    Jogadores do Al-Ahly fogem do campo em meio à tragédia ocorrida em jogo contra Al-Masry

O nome do time que enfrentará o Corinthians na semifinal do Mundial de Clubes, na próxima quarta-feira, diz muito sobre a sua história. Al-Ahly em árabe significa "O Nacional". Fundado em 1907 por um grupo de estudantes contrário a ocupação inglesa no Egito, o clube surgiu como um movimento nacionalista. Hoje, o Al-Ahly é o mais popular do país e maior vencedor do continente africano.

Mais de 100 depois da fundação, o Al-Ahly não perdeu seu caráter político. No início do ano se viu no meio de uma tragédia que teve origem no conflito pelo poder no país. Pelo menos 74 pessoas morreram numa briga entre torcedores do time com fãs do Al-Masry, em Port Said. Em maioria e jogando em casa, os rivais do Al-Ahly chegaram a invadir o gramado. O campeonato do país está suspenso desde então.

ADVERSÁRIO DESCONHECIDO

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Mais do que uma briga de torcidas organizadas, o confronto teve contornos políticos. Seguidores do Al-Ahly participaram do movimento que derrubou o ex-ditador Hosni Mubarak, deposto em 2011 durante a Primavera Árabe. Facções da torcida do time de Port Said, responsável pela invasão, apoiavam o ex-presidente do país.

A tragédia fez o Al-Ahly perder um dos seus grandes ídolos. Comandante do time nas conquistas de quatro Ligas dos Campeões da África, o técnico português Manuel José de Jesus deixou o clube três dias após o caso.

"Levei murros e pontapés, mas estou bem. Alguns jogadores da minha equipa sofreram ferimentos. Esta situação é de lamentar", disse o treinador à TV SIC, de Portugal, na época.

Manuel José pediu demissão e voltou a Portugal, onde vive atualmente. Foi com o técnico que  o Al-Ahly se transformou no papa-títulos da África. Foram 18 troféus sob o comando do português. O ano mais vitorioso foi o de 2005, quando o time ganhou invicto o Campeonato Egípcio, com 24 vitórias em 26 jogos e 74 pontos em 78 disputados. 

CLIMA POLÍTICO INIBE FESTA DA TORCIDA

  • O jornalista egípcio Islam Sadany, da BBC, calcula que mais da metade dos fãs de futebol do país torcem para o Al-Ahly. A vitória no último domingo, nas quartas de final do Mundial, não levou pessoas às ruas de Cairo para festejar. ?O clima político no país não está muito propício para isso, mas as pessoas ficaram orgulhosas. O Mundial de clubes está recebendo bastante atenção da imprensa, as pessoas seguem na televisão. Se o Ahly perder, não vai ser uma grande decepção, afinal o futebol brasileiro é muito respeitado?, diz o jornalista.

    O jornalista egípcio Islam Sadany, da BBC, calcula que mais da metade dos fãs de futebol do país torcem para o Al-Ahly. A vitória no último domingo, nas quartas de final do Mundial, não levou pessoas às ruas de Cairo para festejar. "O clima político no país não está muito propício para isso, mas as pessoas ficaram orgulhosas. O Mundial está recebendo bastante atenção da imprensa, as pessoas seguem na televisão. Se o Ahly perder, não vai ser uma decepção, afinal o Brasil é muito respeitado", diz o jornalista.

 


 

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