Torcida brasileira promove "anticorintianismo" do lado do estádio do Chelsea
Fernando Duarte
Do UOL, em Londres
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Fernando Duarte/UOL
Torcedores nos arredores do estádio do Chelsea, em Londres
Foi diante de uma tela de TV ao lado de um mural com foto autografadas da legião brasileira do Chelsea, e mesmo uma dedicatória do piloto Rubinho Barrichello, que a torcida anticorintiana se uniu. E alguns representantes alegavam estar mais do que ''secando'' o campeão sul-americano.
De touca e camisa azuis, o paranaense Marcelo Matos afirmava estar cumprindo um dever pessoal e profissional. Trabalhando para uma empresa que presta serviços de manutenção dos gramados de Stamford Bridge e do centro de treinamento do Chelsea, ele estava certo de que veria o fim da maldição inglesa no Mundial – de vários clubes do país que disputaram o título, apenas o Manchester United, em 1999 e 2008, tinha levado a melhor.
''Já gostava do Chelsea mesmo antes de vir morar em Londres. Não tenho nada contra o Corinthians, mas agora que o Chelsea paga as minhas contas, não poderia torcer contra'', explicou Matos, entre goles de café com leite e mordidas num pastel de queijo.
E a fidelidade anticorintiana resistiu até à lei seca: o café Brasil só tem autorização para servir álcool a partir do meio-dia, o que resultou num sofrimento extra para os presentes – o jogo começou às 10h30m de Londres. Em especial para Denise e Rose, duas estudantes brasileiras que formavam uma minoria esmagadora de torcedores corintianos e que no primeiro tempo aturaram um festival de provocações a cada lance mais perigoso do Chelsea.
No Café Brazil, havia pelo menos 30 pessoas, e depois de um melhor começo de partida do Chelsea, a gerente do estabelecimento, dona Magali, se preocupava com o entusiasmo do pelotão secador. ''Gente, se sair gol não pule muito porque o chão não aguenta'', pediu enquanto corria de um lado para o outro com xícaras e pratos.
O assoalho de madeira, porém, não foi castigado, por mais forte que Denise e Rose tivessem sapateado quando Guerrero marcou o gol do título corintiano. Dona Magali, no final do jogo, sorria ao distribuir copos de chope e mais quitutes para fregueses de uma manhã fora do comum na rotina de seu bar. Mas parecia dividir a decepção de seus clientes mais famosos, em especial o zagueiro David Luiz..
''Olha como ele está triste. Na próxima que vier aqui vou enchê-lo de beijos. O David vem sempre aqui comer, é um querido'', contou ela, que batizou até um prato em homenagem ao zagueiro – o fusili, massa encaracolada com os cabelos do brasileiro.