Vencedor da promoção do "Papo Reto": Da Arte do reencontro com Neto
Danilo Cajazeira
Especial para o UOL Esporte
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Divulgação/Arquivo Pessoal
Vencedor da promoção "Papo Reto" se reencontra com Neto no Japão
Sendo meu pai carioca, tricolor das Laranjeiras, seria natural que fosse eu igualmente das três cores que traduzem tradição. Porém, sendo seu Cleber também um militante comunista, da Convergência Socialista, é compreensível que, ao mudar para São Paulo, tenha se afeiçoado por aquele time preto e branco mesmo de onde se levantavam vozes democráticas que compensavam a falta de uma terceira cor. Daí que, ao atingir este que vos escreve a idade de simbólicos 7 anos, tenha vindo meu pai a explicar que não, não era o São Paulo o único time de São Paulo, assim como não existia uma cidade chamada Corinthians e outra Palmeiras. Eram todos da metrópole cinza, todos frutos do mesmo ventre futebolístico que remontava ao começo do século (o passado) e juntava operários, comunistas, anarquistas, aristocratas, fazendeiros, imigrantes (ricos e pobres e de vários lados), índios, negros e brancos pra parir isso que hoje aí está.
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Jogo decisivo para as pretensões alvinegras no Brasileirão: era ganhar e torcer contra, ironicamente, o Fluminense de meu pai. De todas as muitas crianças que entrariam em campo com os jogadores, eu tinha sido privilegiado: por ser primo do médico, saí de dentro do vestiário, enquanto todas as outras aguardavam do lado de fora do túnel. Esse privilégio me deu a chance de escolher a mão que me conduziria a campo pela primeira vez na vida. E essa mão foi a daquele camisa 10, o mesmo que com os pés fez um golaço e deu ao Corinthians a vitória que precisava, por 1 a 0. Só que o Flu ganhou também, e o sonho do bi no Brasileirão parou momentaneamente por ali.