Sheik esbanja carisma e conquista torcida com provocações a rivais e populismo com taça
João Henrique Marques e José Ricardo Leite
Do UOL, em São Paulo
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Robson Ventura/Folhapress
Sheik leva o troféu de campeão mundial até os torcedores corintianos no CT
De bermuda, óculos escuros e gorro, Emerson Sheik foi o retrato do torcedor do Corinthians na comemoração do título mundial de clubes. E o atacante, herói da conquista da Libertadores ao marcar dois gols contra o Boca Juniors na final, provou que é também o jogador mais carismático do elenco corintiano.
Emerson foi o jogador mais festejado pela torcida na carreata que tomou as ruas de São Paulo na manhã de terça-feira, na chegada da delegação ao país após a conquista do Mundial. Ele assumiu o papel coordenador e "capitão" do trio elétrico que desfilou na zona norte da cidade, ofuscando o herói do título no Japão, o goleiro Cássio (Guerrero, autor do gol do título, não esteve presente na festa).
Sentado bem na parte central da frente do trio elétrico, Sheik foi o primeiro jogador a pegar o microfone em mãos. Pediu silêncio aos barulhentos torcedores usando a voz e as mãos. Foi atendido prontamente.
Depois, colocou fogo ainda mais nos torcedores ao começar com as ironias. "Chupa Léo", foi uma das primeiras frases ditas. Também sobrou também para o Palmeiras durante os momentos em que pegou no microfone.
Em vários momentos, ameaçava falar palavrões, mas se continha e dizia que não poderia fazer isso. Anunciou o local da festa corintiana da noite de terça de cima do trio, na casa Clube A, e era quase um apresentador. Até orientava. "Cuidado com os fios aí pessoal", gritou no microfone.
Sheik fez até propaganda dos patrocinadores envolvidos na festa. Pedia moderação nas bebidas, mas recomendou que o público consumisse a cerveja que patrocinava a comemoração. E elogiou as marcas da camisa corintiana também. "Coloquem seu dinheiro na Caixa, hein", falou.
O local de conquista do Mundial foi usado para propagandear o outro patrocinador do clube. Mesmo que de forma um tanto sem nexo. Mas que depois foi complementada pelo atacante.
"Você que quer conhecer o Japão, estude inglês no Fisk pra ir pra lá", falou. "E você que quer falar inglês em viagens e aprender inglês, faça também", continuou.
No momento de parada do trio, o time ficou cerca de meia hora comemorando com os torcedores. O ônibus que levaria os jogadores embora já estava parado há algum tempo à espera dos campeões. Foi Sheik quem fez o discurso que anunciara o término da festa. Explicou o cansaço.
Nas últimas palavras, sobrou para o rival que ainda não havia sido citado. "A gente ganhou o jogo dentro de campo. Ninguém fugiu de campo para a gente ganhar o jogo. WO, WO?", falou, em alusão ao título do São Paulo sobre o Tigre na Copa Sul-Americana.
E ainda quebrou o protocolo do que tanto se policiou: falar palavrões. "Vai tomar no c..., é Corinthians", disse, em suas últimas palavras antes de sair do trio e entrar no ônibus.
Mas a sinergia entre Sheik e a torcida ainda não tinha acabado. O ápice foi quando a delegação corintiana chegou ao Centro de Treinamento Joaquim Grava, no Parque Ecológico do Tietê. Enquanto os outros jogadores foram abraçar amigos e familiares em uma parte reservada, Sheik pegou o troféu do mundial e levou até a grade, onde dezenas de torcedores conseguiram tocar a tão sonhada taça.
"Na verdade quando o ônibus chegou a galera estava indo pro vestiário e eu vi uma criança (no alambrado). Então fui lá levar a taça pra ela e as pessoas começaram a chegar. Eu sou apaixonado por criança todo mundo sabe, por isso fui lá", explicou.
E assim Sheik encerrou a sua contribuição ao Corinthians no ano da mesma maneira que se destacou na temporada: sorrindo e fazendo a alegria da Fiel.