Brasileiro que treina Guiné dispara contra desorganização e explica lance bizarro

Thales Calipo

Em Frankfurt (Alemanha)

  • Ina Fassbender/Reuters

    Zagueira Bruna, da equipe de Guiné Equatorial, em ação no Mundial feminino

    Zagueira Bruna, da equipe de Guiné Equatorial, em ação no Mundial feminino

O objetivo de disputar uma Copa do Mundo se concretizou, mas se todo sonho tem seu preço, o técnico brasileiro Marcello Frigério descobriu isso da pior maneira possível. Contratado para a primeira participação de Guiné Equatorial em um Mundial, o técnico se viu às voltas com uma grande desorganização do futebol local, as suspeitas sobre a feminilidade de algumas atletas e contusões de suas principais jogadoras.

Se não bastasse todos esses problemas, Guiné Equatorial, que nesta quarta-feira encara o Brasil, às 13h (de Brasília), em Frankfurt, protagonizou o lance mais curioso desta Copa do Mundo. Na partida contra a Austrália, a zagueira Bruna agarrou a bola com a mão dentro da área. Rapidamente, percebeu seu erro e colocou-a no chão. Apesar das reclamações por parte das australianas, a árbitra não assinalou o pênalti (veja o vídeo abaixo).

 

"Ela falou que ouviu um apito, mas eu acho que não. Deu um branco mesmo. Tipo um branco como aconteceu com o [ex-atacante] Oséias [que, quando defendia o Palmeiras, marcou um gol contra de cabeça, em um clássico com o Corinthians]. Porque, se eu sou zagueiro, ouço um apito, eu não vou pegar a bola com a mão", explicou Frigério.

Contratado em março por indicação de algumas atletas brasileiras que se naturalizaram e já defendiam Guiné (são seis no total), o técnico assumiu o time em um momento complicado e, logo no início, já se deparou com algumas das dificuldades que teria em seu novo trabalho.

  • Fabian Bimmer/Reuters

    Já classificado, Brasil enfrenta sua 'filial' para ficar em primeiro na Copa

    O primeiro objetivo já foi conquistado na Copa do Mundo de futebol feminino. Depois de duas vitórias, o Brasil garantiu antecipadamente a vaga para as quartas de final do torneio. Agora, na terceira rodada, a equipe do técnico Kleiton Lima entra em campo contra Guiné Equatorial, nesta quarta-feira, às 13h (de Brasília), em Frankfurt, com o único objetivo de ficar em primeiro no grupo D e ter uma pequena vantagem na próxima fase.

"Na África tem muitos problemas, principalmente de organização. Passei por muitos processos de adaptação, tive dificuldades com o idioma, a camisa, a resistência para jogar taticamente, porque não havia essa cultura. Algumas coisas do nosso projeto falharam, outras prejudicaram muito, como a falta de amistosos. Vir jogar um Mundial com os olhos fechados é complicado", lamentou o técnico.

Apesar de no campo a seleção conquistar uma vaga para as seletivas para as Olimpíadas, Guiné Equatorial acabou sendo desclassificada. A justificativa é que o país usou uma atleta que já havia defendido a Espanha anteriormente. Mais uma prova dessa desorganização local.

O anúncio sobre esta punição ocorreu durante a Copa do Mundo e foi um baque para as jogadoras. Antes, no entanto, o grupo já havia sofrido com a lesão de algumas atletas e ainda perdeu duas jogadoras, ainda na fase de preparação, por suspeitas de que elas não seriam mulheres.

"Uma das atletas havia se contundido e, lá na África, se uma não vai, a outra também não quer ir. Elas não atenderam ao telefone mais. Voltei a fazer um novo contato, e nada. Então decidi virar a página, pois não conhecia as jogadoras. Mas as meninas que estão aqui são todas mulheres", completou o técnico brasileiro de Guiné Equatorial.

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