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Paulista - 2019

Com discurso refinado, Pedro Carmona se afasta de estereótipo de jogador

Pedro Carmona consegue mostrar um discurso mais sofisticado do que seus companheiros - Luiza Oliveira/UOL
Pedro Carmona consegue mostrar um discurso mais sofisticado do que seus companheiros Imagem: Luiza Oliveira/UOL

Danilo Lavieri

Do UOL, em São Paulo

03/02/2012 06h00

As expressões ?graças a Deus?, ?com certeza?, ?vamos buscar os três pontos? e outras comuns em entrevistas de jogadores não fazem parte das declarações do meia do Palmeiras Pedro Carmona. Com um discurso refinado, o gaúcho de 23 anos se diz tímido, mas, pelo menos na hora de assumir o microfone, consegue fugir do estereótipo dos seus companheiros de profissão.

A desenvoltura, talvez, seja resultado de uma infância não tão sofrida, a exemplo do que acontece com boa parte de seus parceiros de elenco. O camisa 21 estudou até o fim do 2º colegial e chegou a pensar em fazer marketing. Ele afirma que nunca passou dificuldades, mas também nunca teve luxo.

?O Finelli (assessor de imprensa do Palmeiras) fala, minha família me fala, mas eu não acho que falo tão bem assim, não sinto tanta diferença em relação ao resto. Nunca fui tão bem assim na escola. As pessoas só se assustavam porque eu gostava de História. E de Educação Física, claro. Pensei em fazer marketing depois de sair da escola, mas vi que não teria tempo. Fico feliz com tudo o que tenho hoje, porque vi minha família crescer. Meu pai vendia remédios e hoje a gente tem uma vida muito boa?, disse Carmona ao UOL Esporte.

Tentando se adaptar a São Paulo, Carmona mora sozinho em um apartamento perto da Academia de Futebol, que fica na zona oeste de São Paulo e, mesmo assim, reclama do trânsito da cidade. Natural de Porto Alegre, ele lembra que chegava a sair 8h da manhã e voltava só às 20h quando estudava e jogava bola, mas que nunca enfrentou tanto estresse nos carros como enfrenta agora.

?Não me acostumei com o quesito trânsito aqui em São Paulo. É só chover que trava tudo. Mas de resto está tudo tranquilo. Não sou tanto de sair muito, então é mais tranquilo?, explicou o recém solteiro. ?Eu terminei um namoro de seis anos. É difícil, mas estou acreditando no que as pessoas dizem, que vai passar?, disse o jogador meio ressabiado ao citar o assunto.

Recentemente, Carmona recusou uma proposta do futebol japonês para ficar no Palmeiras. Os salários gordos seriam pagos pelo Vegalta Sendai, mas, ao saber que fazia parte dos planos de Luiz Felipe Scolari, o meia preferiu ficar. Ele afirma que quer ganhar títulos e fazer história no Palestra Itália.
 


Mostrando que também está antenado com os problemas naturais do Japão, Carmona tenta esconder o medo de terremoto e tsunamis, mas deixa escapar que se impressionou com as imagens que viu das ondas devastando o aeroporto da cidade que viveria caso aceitasse a proposta oriental.

?Eu sempre procuro saber das coisas dos outros países, pergunto para quem já jogou lá. Vi que Sendai tinha terremoto, tsunami e vi uma imagem do aeroporto de lá sendo varrido, ave, Maria! Mas tudo lá é preparado, tem prédio que aguenta tremor de terra muito forte. Isso não mudou meu pensamento de ir ou não, só queria saber se seria aproveitado por Felipão. Não precisava ser titular, mas eu queria estar nos planos?, completou.

Na última quarta-feira, Carmona acabou cortado até do banco de reservas. Tudo porque sua concorrência é muito forte. O meia luta por uma vaga contra Valdivia e Daniel Carvalho. Nesta sexta-feira, no treinamento, precisa convencer Felipão que merece um espaço no grupo que vai a Prudente para enfrentar o Santos.