Topo

Paulista - 2019

Algoz do Palmeiras supera doença dos filhos e salário atrasado para se tornar 'Messi do Brinco'

Jogadores do Guarani comemoram gol contra o Palmeiras pelas quartas do Paulistão - Leandro Moraes/UOL
Jogadores do Guarani comemoram gol contra o Palmeiras pelas quartas do Paulistão Imagem: Leandro Moraes/UOL

Luiza Oliveira

Do UOL, em São Paulo

24/04/2012 06h03

Fabinho curte seu momento de herói no Guarani e ganhou até o apelido de “Messi do Brinco”. O atacante fez dois gols contra o Palmeiras que garantiram a classificação para a semifinal do Paulistão e passou a segunda-feira dando autógrafos e entrevistas. Mas pouca gente sabe que não foi fácil chegar lá. Ele precisou superar a doença dos filhos e a barra de não receber salários no ano passado.

CHEGADA COMO DESCONHECIDO EM 2009

  • Divulgação

    Apesar de ser uma das principais estrelas do time, Fabinho chegou Guarani como um desconhecido em 2009, ao lado de atletas mais badalados como o lateral esquerdo Andrezinho (ex-Ponte Preta) e o meia Walter Minhoca (ex-Flamengo). Três anos depois, ele provou que a aposta foi correta.

    "Cheguei para ser reserva e aproveitei as oportunidades, trabalhei muito. Queria me tornar ídolo da torcida. Agora, estou muito feliz por tudo que está acontecendo, fazia tempo que o time não fazia uma semifinal. Sei que pode ir ainda mais longe, temos um dérbi que mexe com toda a cidade e vamos trabalhar para fazer a final", disse o jogador, que tem contrato até dezembro deste ano.

Se hoje comemora e vive a glória do futebol, Fabinho sabe bem o outro lado da moeda. Viveu o drama dos salários atrasados quando o time quase caiu para a Série B do Campeonato Brasileiro em 2011 e teve forças para não abandonar o barco, apesar do drama pessoal que enfrentava em casa.

Em meio à crise no trabalho, seus três filhos ficaram doentes. O neném Fabio Junior, de apenas seis meses na época, chegou a ficar internado por um mês vítima de uma pneumonia que afetou os dois pulmões.

Ana Laura, de quatro anos, também sofreu com a doença e foi submetida a um longo tratamento que incluía sete injeções, massagens periódicas e fisioterapia respiratória. Até a mais velha Ana Lucia, hoje com seis anos, teve uma infecção de ouvido. A recuperação das crianças só foi garantida porque o jogador usou o pouco dinheiro que tinha guardado para deixar em dia o plano de saúde.

“Foi muito difícil, dava tudo errado. Todo pai se preocupa com os filhos, e a gente que é trabalhador tem compromissos para honrar, contas para pagar. Não desejo isso para ninguém. Minha família me deu muita força para continuar lutando”, contou, ao UOL Esporte.

Fabinho recusou propostas de outros clubes, mas afirma que em nenhum momento pensou em deixar o Bugre. Depois de vencer tantas dificuldades, os dois gols contra o Palmeiras foram o momento perfeito para extravasar.

“Foi uma sensação de alívio muito boa. Foram meus dois primeiros gols contra um time grande. Quero levantar o nome do Guarani e deixar onde ele merece. Em nenhum momento pensei em abandonar. Fui homem, meu nome estava em jogo a cada partida e permaneci até o final para entrar para a história”.

A determinação e o respeito ao clube fizeram de Fabinho um dos preferidos da torcida bugrina. Destaque do Paulistão, ele é o segundo artilheiro do time na competição com seis gols, atrás apenas de Fumagalli com nove.

O atacante se destacou ainda pelas assistências e é o 20º driblador da competição com média de 2,1 fintas por partida, de acordo com o Datafolha. Além disso, está entre os dez atletas mais caçados do torneio com 2,9 faltas recebidas por confronto.

Não é à toa é que a torcida o chama carinhosamente de “Messi do Brinco”, apelido refutado pelo jogador. “Está maluco. Messi é muito para mim, é o melhor do mundo, maior que todos. Fabinho do Brinco está bom para mim. Mas fico feliz por essa brincadeira de ser comparado ao melhor jogador do mundo, é uma felicidade tremenda. Sempre tive o carinho da torcida, mesmo com a situação difícil do ano passado, e agora posso retribuir”.