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Saiba como Cañete virou a inspiração que Muricy quer para o São Paulo

Guilherme Palenzuela

Do UOL, em São Paulo

25/02/2014 06h00

O meia argentino Marcelo Cañete está relacionado para a partida do São Paulo nesta quarta-feira, contra o XV de Piracicaba, pelo Paulistão. Ele é o exemplo de atitude que o técnico Muricy Ramalho quer após ter instaurado novo ato de choque sobre o elenco, para evitar uma crise. Fora dos últimos cinco jogos do São Paulo, Cañete retorna aos selecionáveis por ter demonstrado empenho ao treinar nas folgas e acompanhar o time em jogos para os quais não foi relacionado. Exemplo que, agora, é usado para jogadores como Denilson, Reinaldo, Luis Ricardo, Wellington, Ademilson, Osvaldo e até para Paulo Henrique Ganso.

O choque de Muricy agora não é o mesmo feito no Brasileirão de 2013, e do qual partiu a recuperação que evitou o rebaixamento. Na ocasião, após a derrota por 3 a 0 para o Santos – a terceira seguida no campeonato –, em outubro, o técnico convocou reunião com o elenco e com o presidente Juvenal Juvêncio e deixou claro que queria demonstrações de profissionalismo. Dessa vez, Muricy avaliou que o aviso já estava dado. Por isso, começou a tirar peças do time titular sem aviso e explicação. O gelo no banco de reservas foi a estratégia para saber como cada atleta se comportaria.

E Cañete foi o grande vencedor. O argentino teve Muricy como seu principal aliado no retorno ao Morumbi depois de período negativo enquanto emprestado à Portuguesa. O treinador pediu a reintegração à diretoria, apostou no meia na pré-temporada, mas viu o jogador decair nos treinamentos. A partir de então, foi sacado dos jogos e se mostrou a atitude esperada: vai ao CT da Barra Funda por conta própria para treinar no Reffis nos períodos em que todo o elenco está de folga e acompanha os companheiros nos jogos mesmo quando não está relacionado.

Nem a falta de vaga no ônibus do elenco impede Cañete de ir aos vestiários do São Paulo nos jogos. Houve ocasiões em que o argentino usou um veículo do clube, com outros funcionários, para ir ao jogo. O que mais impressionou a comissão técnica foi vê-lo viajar a Campinas, para o confronto contra a Ponte Preta, no último dia 9. Ele ganhou elogios públicos de Muricy pela presença no Morumbi, domingo, no empate por 0 a 0 com o Santos.

Outro que respondeu bem ao método adotado pelo treinador foi o lateral direito Douglas, novamente alternativa para a ponta direita. Ficou fora do time, perdeu lugar na posição de origem para Luis Ricardo e Paulo Miranda, mas convenceu pelo empenho nos treinos. O atacante Alexandre Pato, que está impedido de jogar o Paulistão, já colhe elogios por ter ido aos vestiários e participado do ambiente dos jogadores nos últimos jogos no Morumbi.

A estratégia de Muricy caminha no sentido oposto da que a diretoria adota em 2014, de mais diálogo e até acompanhamento psicológico, mas tem o mesmo objetivo de evitar as quedas de desempenho individuais, que tanto aconteceram no São Paulo nas últimas temporadas.

Hoje, o volante Denilson tem sobre si os olhos da comissão técnica. Ele não foi relacionado para as últimas duas partidas do São Paulo – mesmo quando faltou opção para o setor – e deve ficar novamente fora do jogo contra o XV de Piracicaba. Dele se espera o comportamento que teve Cañete. Outros jogadores também deixaram o time titular por uma ou duas partidas, para que fossem observados. O meia Paulo Henrique Ganso vive este momento depois de ter sentado no banco de reservas no clássico de domingo.

Nada garante que Cañete jogará nesta quarta. Mas dessa vez o argentino acompanhará os companheiros como selecionável para a partida, enquanto Muricy procura alternativas ofensivas para montar o ataque. Se decidir manter Douglas e Dorlan Pabon, elogiados, atrás de Luis Fabiano, Cañete pode até ganhar chance na ponta esquerda, ocupada por Osvaldo no clássico.