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Juninho vê finais do Paulista como chance de Ituano se tornar grande

Juninho Paulista, pentacampeão em 2002 e presidente do Ituano - Schincariol, Migue/Folha Imagem
Juninho Paulista, pentacampeão em 2002 e presidente do Ituano Imagem: Schincariol, Migue/Folha Imagem

Vanderlei Lima

Do UOL, em São Paulo

06/04/2014 06h00

Juninho Paulista assumiu a presidência do Ituano há quatro anos. À frente do time que o revelou, o ex-jogador, que também atuou no São Paulo e na seleção brasileira, quer transformar o clube em uma grande força do interior paulista. A chegada às finais do Estadual é vista com uma mistura de alegria e também alívio a Juninho em meio à pressão por resultados em sua administração.

Neste domingo, o time de Itu começa a decidir o título contra o Santos, no Pacaembu.

“Com preparação, consistência e estrutura, a tendência é que o Ituano passe pensar em chegar ao topo, que é disputar o título. Mas a gente tem que estar consciente de que não vai acontecer todos os anos. Mas nós nos preparamos nesses 4 anos para ter uma boa estrutura”, diz Juninho ao UOL Esporte.

Para dar aplicar o plano de crescimento do clube, Juninho declara que neste ano será apresentado um centro de treinamentos com quatro campos, além de departamentos físicos e médicos. O Ituano deve disputar a Série D do Brasileirão neste ano.

Confira a entrevista com Juninho:

UOL Esporte – Como tem sido esse trabalho no comando do Ituano? É possível pensar em se aproximar do nível dos grandes brasileiros?

Juninho - O futebol, até pela questão física, se nivelou um pouco. Então dá a oportunidade das esquipes de menor expressão se aproximar dos grandes, desde que haja bom planejamento e profissionais capacitados. Hoje temos no Ituano o supervisor Geral José Eduardo Chimello, que serviu à seleção brasileira e também já trabalhou em clubes grandes; temos o técnico Doriva, vice campeão mundial e acostumado a títulos; temos o Anselmo Sbraglia, ex-preparador físico do Palmeiras e que também trabalhou como auxiliar do Paulo Paixão na seleção. É uma estrutura de peso. Isso dá confiança para o atleta. O Ituano não está tão longe desses clubes e provou isso contra o São Paulo no Morumbi e contra o Palmeiras no Pacaembu

UOL Esporte Os últimos nanicos finalistas do torneio decepcionaram e fizeram um segundo semestre sofrível depois. Quando se esperava algo deles na Série B, foram mal. Dois foram rebaixados e outros não se classificaram. O que o Ituano pode fazer pra não jogar fora seu ano?

Juninho Paulista - Se trata de um trabalho de 4 anos, entendeu? Eu venho falando desde que entrei no Ituano que o trabalho seria de médio a longo prazo. É o tempo para você deixar o clube redondinho. Mas nem sempre isso aparece. O que aparece são os resultados esportivos quando você está jogando. Com preparação, consistência e estrutura, a tendência é que o Ituano passe pensar em chegar ao topo, que é disputar o título. Mas a gente tem que estar consciente de que não vai acontecer todos os anos. Mas nós nos preparamos nesses 4 anos para ter uma boa estrutura.

Provavelmente esse ano vai ficar pronto CT com 4 campos de treinamento com mais estrutura de vestiário. Isso nos dá uma grande sustentação. A gente está trabalhando com o ser humano. A tendência é que a gente com essa visibilidade boa alcançada tenha condições de nos segurar

UOL Esporte – A torcida do Ituano não foi numerosa nos jogos em Itu pelo Paulistão. Como você vê esse distanciamento do time com a torcida da cidade?

Juninho - Quando eu cheguei a Itu, vi uma distância do clube com a cidade, até porque houve renovação de torcedores. Muitos que iam aos jogos já não têm o mesmo ânimo de ir e a nova geração não acompanhou a maioria dos jogos. Muitos jovens saem para viver nas capitais. Então eles não têm a paixão pelo clube. E eu senti isso no começo e tentei resgatar. Fui vendo que não é de uma hora para outra que se consegue atrair os jovens. Creio que estamos resgatando num ritmo lento. Até em jogos pequenos a torcida já melhorou. Eu acredito que agora com as finais, muitos daqueles que nem se importavam com o clube da cidade, passarão a ter orgulho. Poxa, é o clube daqui.

 

UOL Esporte - Você dá palpites no time dirigido pelo Doriva?

Juninho - No começo, quando eu comecei a administrar, eu dava palpite muito mais. Mas eu fui vendo que a gente tem que escolher a pessoa certa e dar essa liberdade. A gente vai aprendendo a dar essa liberdade para a pessoa que a gente escolhe. O Doriva tem total liberdade. Mas é claro que a gente troca ideia até pelo conhecimento nosso no futebol. Não adianta você colocar uma pessoa e ela está indo contra as suas ideias. Isso não aconteceu com o Doriva, que vem fazendo trabalho incontestável

UOL Esporte - Você pensou em exercer as duas funções treinador e presidente?

Juninho – Não. Desde quando eu encerrei a minha carreira eu não pensei em ser treinador. Pensei em ser dirigente de clube em que pudesse implantar as minhas ideias e colocar tudo aquilo que eu aprendi nesses 20 anos de carreira

UOL Esporte - Voltando às finais, como você encarou a decisão da Federação de mandar os dois jogos para o Pacaembu?

Juninho - Claro que jogando em casa seria um prêmio para cidade. Seria muito importante. Mas sabemos que o mando é da FPF nos dois jogos finais e a gente sabe que existe uma certa coerência. A FPF entendeu que o espetáculo da final do Paulista teria que ser em um estádio com a capacidade maior. Eu e o Odílio [presidente em exercício no Santos] queríamos jogar em casa, mas havia limitação na capacidade dos estádios.

UOL Esporte - O Ituano será o campeão paulista?

Juninho – Olha, o Ituano tem condições e provou que briga por titulo, agora é claro que o Santos é o favorito. O Santos é o clube grande dentro de uma final. Então toda responsabilidade e favoritismo é do Santos. O Ituano chegou com capacidade, com merecimento e se continuar dessa maneira, tem condições sim de ser campeão.