Paulo André fala em sentimento de alívio após título e alfineta Amarilla
Do UOL, em São Paulo
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EFE/Sebastião Moreira
P. André em ação pelo Corinthians na final da Recopa, marcando o são-paulino Osvaldo
Um dia depois de seu quinto título no Corinthians, o zagueiro Paulo André usou seu perfil no Facebook para escrever sobre a conquista da Recopa. Titular na vitória por 2 a 0 sobre o São Paulo, na última quarta-feira, ele falou em "sentimento de alívio" após mais uma conquista.
"Nós somos a equipe que mais possui conquistas nos últimos anos e, para ser sincero, sentimos a pressão aumentar dia após dia. Os jogos ficam cada vez mais duros, os adversários mais concentrados, os torcedores se tornam mais exigentes e o nosso inconsciente nos empurra a uma acomodação que me parece ser a busca natural pela zona de conforto do ser humano", escreveu Paulo André.
O zagueiro, que mantém um blog e já escreveu um livro sobre sua trajetória, falou sobre o cansaço e a pressão a que os jogadores são submetidos. Nesse contexto, Paulo André falou sobre a dificuldade de motivação de uma equipe que já conquistou quase tudo o que podia, e entende que os sacrifícios são cada vez maiores, assim como os obstáculos.
"A experiência se faz notar e me lembra que esta conquista não nos colocará em vantagem para as competições seguintes, apenas imporá que nós ainda seremos o time a ser batido e que todos tentarão nos derrubar à qualquer custo - que o digam as amarelas ou as armadilhas... (desculpe o péssimo trocadilho)", a referência, é claro, é para o juiz Carlos Amarilla.
O paraguaio foi o vilão dos corintianos na eliminação diante do Boca Juniors, nas oitavas da Copa Libertadores. Amarilla deixou de marcar um pênalti de forma equivocada e anulou um gol legal quando a partida ainda estava 0 a 0. Na avaliação do grupo alvinegro e da maior parte da torcida, a interferência do juiz foi decisiva para a queda precoce da equipe.
Apesar do tom de cansaço, Paulo André promete que vai manter o ritmo. Nesse segundo semestre, o Corinthians tem como maior objetivo a conquista do Campeonato Brasileiro, principal competição que o time alvinegro disputa.
"Agora, honestamente, se eu pudesse, trocaria o sentimento de alívio pelo de alegria nas conquistas, desde que o "preço" pela mudança não seja a tristeza que acompanha as duras derrotas. Como de bobo não tenho muito, prefiro não mexer em time que está ganhando e aceito continuar aliviado após cada novo campeonato", concluiu o zagueiro.
Leia abaixo o texto completo escrito por Paulo André:
"As dificuldades de um time campeão (na minha cabeça)
Nós somos a equipe que mais possui conquistas nos últimos anos e, para ser sincero, sentimos a pressão aumentar dia após dia. Os jogos ficam cada vez mais duros, os adversários mais concentrados, os torcedores se tornam mais exigentes e o nosso inconsciente nos empurra à uma acomodação que me parece ser a busca natural pela zona de conforto do ser humano...
Confesso que quando ganho um novo título, por mais experiente e acostumado que eu tenha me tornado, o sentimento que eclode no apito final do arbitro é sempre o mesmo: ALÍVIO.
Mentalmente eu agradeço por não ter perdido, eu agradeço por não ter errado ou deixado escapar a chance... Eis que os minutos passam, as horas correm, os pensamentos se ordenam e, antes de cair no sono, percebo que escrevi "apenas" mais um belo capítulo da minha história.
E aí sim, de forma injusta, a experiência se faz notar e me lembra que esta conquista não nos colocará em vantagem para as competições seguintes, apenas imporá que nós ainda seremos o time a ser batido e que todos tentarão nos derrubar à qualquer custo - que o digam as amarelas ou as armadilhas... (desculpe o péssimo trocadilho)
Exatamente por isso é que eu gostaria de ser mais maduro neste momento da vida para conseguir aproveitar melhor as vitórias, os bons momentos e as importantes conquistas pois sei que elas são passageiras e que o "tempo bom da vida não volta nunca mais". (Maldito calendário brasileiro)
Por mais que as estradas sejam parecidas, cada campeonato e cada jogo tem seus próprios caminhos, suas próprias dificuldades e obstáculos. Conseguir se mobilizar e se motivar representam a única possibilidade de continuar vencendo. Só que a cada nova conquista, o preço a ser pago se torna maior, os sacrifícios e as escolhas se tornam mais difíceis e separam ou definem aqueles que continuarão no topo daqueles que ficarão no meio do caminho.
Desconfio que estamos colocando os nossos nomes na história do Corinthians e do futebol brasileiro e a nossa luta para continuar conquistando títulos é superar diariamente todos os adversários, internos e externos, que teimam em nos fazer tropeçar.
É fato que o fardo está tão mais pesado quanto mais gostoso e a consciência de saber que nada nos foi dado de graça, permite entender o quanto foi duro chegar até aqui. Cada ponto, cada gol, cada defesa, tudo merecido e conquistado com muito trabalho e paixão.
Agora, honestamente, se eu pudesse, trocaria o sentimento de alívio pelo de alegria nas conquistas, desde que o "preço" pela mudança não seja a tristeza que acompanha as duras derrotas. Como de bobo não tenho muito, prefiro não mexer em time que está ganhando e aceito continuar aliviado após cada novo campeonato.
E se por ventura no próximo título o sentimento for diferente, eu voltarei aqui para lhe contar o que aconteceu...
Por fim, deixo meus sinceros agradecimentos ao clube, à diretoria, à torcida e aos meus companheiros pelos quatro anos de Corinthians (Jul/2009 –Jul/2013), pelos 120 jogos, 8 gols e 5 títulos. Pouca gente teve a chance de vestir essa camisa e de fazer parte dessa história. Eu sou apenas um sortudo, que não acredita em sorte, cheio de orgulho por ter aproveitado a chance que me foi dada.
E, ansioso, aguardo as linhas dos próximos capítulos.
Vai Corinthians!
Abs,
PA"