Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Mulheres estão invadindo o futebol masculino (e é só o começo)
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Domingo passado (12/06), liguei a TV para torcer por um tropeço do São Paulo diante do América-MG, transmissão da Globo, 16h, horário nobre da emissora, e qual a minha surpresa ao escutar uma voz feminina narrando a partida.
Não, não era uma comentarista, algo que já estamos até mais habituados em função da presença luminosa de figuras como Ana Thaís Matos, Milly Lacombe, Nadine Basttos e Renata Mendonça, uma das fundadoras do Dibradoras, canal que acompanha o mundo dos esportes dando protagonismo às mulheres.
Era uma narradora mesmo, na TV aberta, narrando o jogo do time que detém a terceira maior torcida do país e fazendo um trabalho excepcional. Senti uma alegria enorme nesse momento, por perceber que, pouco a pouco, vamos nos infiltrando nesse espaço tão dominado por homens e tão marcado pelo machismo. Vejam bem: não é por que a modalidade do esporte é masculina, que árbitros, bandeirinhas, técnicos, dirigentes, comentaristas, central do apito, narradores, em suma, todos os profissionais envolvidos na produção do espetáculo esportivo, precisam ser homens também.
O contrário parece natural, com Vadão à frente da Seleção Brasileira feminina por tantos anos, Arnaldos César Coelho como a grande referência como árbitros, Galvões Bueno da vida, junto com Casagrandes e Caios Ribeiros, sendo a voz das transmissões esportivas por décadas (inclusive diante de jogos da Seleção feminina), mas a coisa vem mudando lindamente de uns anos para cá.
Lembrei da surpresa quando, no meio de transmissões de uns dez anos atrás, descobríamos que a bandeirinha era mulher (e uma dessas pioneiras foi Nadine Basttos, hoje em dia comentarista de arbitragem em grandes emissoras brasileiras), lembrei do alarde em torno de Iva Olari, team manager da Croácia e única mulher numa comissão técnica na Copa do Mundo de Futebol Masculino de 2018, na Rússia, lembrei do bafafá com o jogo de abertura dessa Copa sendo narrado por Isabelly Morais na Fox Sports, um feito histórico, ainda mais se considerarmos que foi ali que as emissoras brasileiras começaram a se preocupar em dar uma cara e uma voz mais femininas para o esporte que é paixão nacional.
Sem considerar os holofotes que o futebol feminino vem conquistando, com transmissões na TV aberta e fechada de jogos da Seleção e da Supercopa.
Até onde isso vai chegar? Será que chegará um dia em que nem chamará mais a atenção o fato de termos mulheres narrando, comentando, apitando ou até comandando o futebol masculino? Será que viveremos para ver uma Pia Sundhage assumindo uma equipe brasileira masculina?
Será que vai se tornar cada vez mais comum termos dirigentes mulheres brilhando no futebol masculino? Não sei vocês, mas até o momento não tenho do que reclamar da Leila Pereira no Palmeiras.
E, bom, acabou que não deu certo secar o São Paulo, que venceu o América-MG por 1 x 0 domingo passado, mas nem me incomodei muito com o resultado, pois a grande vitória foi ver a partida narrada por uma voz que ainda vai dar muito o que falar no futebol brasileiro. O nome dela? Renata Silveira, anotem aí.
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