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Blog da Amara Moira

OPINIÃO

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Dos perigos de ganhar uma Supercopa

31/01/2023 12h10

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Após a conquista da Supercopa no último sábado, o clima é certamente de alegria entre palmeirenses e, como boa palmeirense que sou, também estou feliz da vida, mas queria também ligar um alerta para algo que tem sido recorrente com as equipes campeãs. Foram seis disputas até o momento, 1990, 1991, 2020, 2021, 2022 e 2023, e levantar a taça tem historicamente significado que o resto do ano será sofrido para o vencedor.

A exceção é o Flamengo de 2020, que conseguiu ganhar o Carioca e, aos trancos e barrancos, beliscar o título do Brasileirão, mas vocês devem se lembrar das condições em que isso se deu, né? Perdendo a última partida para o São Paulo (que pouco antes havia eliminado o mesmo Flamengo nas quartas-de-final da Copa do Brasil) e contando com o tropeço do Internacional diante do Corinthians, no Beira Rio, para terminar em primeiro lugar. A torcida, aliás, ficou no pé do Rogério Ceni mesmo com o título, o que resultou na sua demissão no ano seguinte.

Fora o Flamengo de 2020 (que participou de 5 das 6 edições, e uma delas como vice-campeão brasileiro, visto que em 2021 o Atlético Mineiro havia vencido tanto a Copa do Brasil quanto o Brasileirão), todos os outros penaram após suas conquistas. O máximo que conseguiram foram os respectivos estaduais. E isso me deixa apreensiva, considerando o que pode ser o ano de 2023 para o Palmeiras.

Ficando apenas nas disputas mais recentes, mais frescas na memória, vocês lembram daquele timaço do Atlético Mineiro que levou quase tudo em 2021, só sendo eliminado da Libertadores por um detalhe na semifinal contra o Palmeiras (a última edição em que o gol fora ainda valia)? Bom, daí, após vencer a Supercopa em 2022, mesmo com os reforços de peso que vieram, caiu nas oitavas da Copa do Brasil pro Flamengo (de quem havia vencido, na Supercopa) e nas quartas da Libertadores pro Palmeiras, amargando a sétima posição no Brasileirão (23 pontos atrás do líder e, até a última rodada, correndo o risco de sequer ir pra Libertadores).

Pensem também no próprio Flamengo, que, após conquistar a Supercopa de 2021 em cima do Verdão, levou um baile do Athletico-PR nas semis da Copa do Brasil, ficou em segundo no Brasileiro (13 pontos atrás do Atlético Mineiro) e ainda perdeu a Libertadores para o próprio Palmeiras, com aquele gol antológico do Deyverson, que contou com falha bizarra de Andreas Pereira e um desvio providencial de Diego Alves (tenho pra mim que, não fosse aquele desvio, talvez a bola nem mesmo entrasse).

O medo, então, de o Palmeiras repetir os feitos desses dois gigantes, tendo um 2023 para esquecer após a conquista inédita da Supercopa, é grande. A diferença em relação a eles, no entanto, é significativa e atende pelo nome de Abel Ferreira. Com pouco mais de dois anos no clube e sete títulos conquistados, vai ganhando força a ideia de que Abel já é o maior técnico da história do Palmeiras.

A expectativa, portanto, é de que ele quebre essa escrita e transforme a conquista da Supercopa num prenúncio de ainda mais conquistas... até porque ainda faltam três títulos para ele se igualar a Oswaldo Brandão, o técnico mais vencedor da história do Palmeiras. Com contrato até o final de 2024, quem duvida que ele atinja essa marca? O maior risco, no caso, é a Seleção Brasileira querer tirá-lo de nós.