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Não ficarei triste se o Água Santa for campeão contra o Palmeiras
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Sete anos atrás, no dia 27 de março de 2016, exatamente num domingo de Páscoa (como será hoje a final do Paulistão 2023), o Água Santa aplicava uma goleada histórica de 4 a 1 no Palmeiras. Histórica mais pelo placar elástico improvável do que por qualquer outra coisa, pois acabou não impedindo, três rodadas depois, nem que o Palmeiras de Cuca se classificasse para as quartas em primeiro do grupo (cairia nos pênaltis para o Santos, na semi, mas seria Campeão Brasileiro ao final daquele ano), nem que o Água Santa fosse rebaixado para a série A2 do Paulistão.
Importante pontuar que esse descenso se deveu a regras atípicas da edição de 2016, que rebaixou seis times para a A2 em vez dos tradicionais quatro, diminuindo o número de participantes na elite para dezesseis dali em diante (além disso, a partir de 2017 só subiriam e desceriam dois times). O Água Santa foi justamente a sexta pior equipe daquele ano.
Era a primeira participação do time de Diadema na elite do estadual. O time havia estreado no profissional três anos antes, em 2013, e conseguiria a façanha de subir de divisão nos três anos consecutivos, chegando rapidamente à A1 em 2016: foi vice-campeão da segunda divisão do Paulista em 2013, daí em 2014 fica em terceiro na série A3 e, em 2015, conquista o acesso com um suado quarto lugar, superando Mirassol e Independente de Limeira apenas no saldo de gols (lembrando que esse ano foi a última vez que subiram 4 equipes para a A1).
Após o descenso em 2016, passa três anos seguidos lutando na série A2, até conseguir voltar à elite em 2019. De novo em condições atípicas, pois, como havia ficado com o terceiro lugar na classificação geral (e agora apenas dois subiam), o acesso só foi possível pela fusão entre as equipes do Red Bull Brasil e do Bragantino, abrindo uma vaga extra na A1. Eis, então, um novo bate e volta na elite em 2020, sendo rebaixado após campanha sofrível com apenas 2 vitórias em 12 jogos (uma delas, aliás, por 2 a 1 sobre o Corinthians, que perderia a final daquele Paulistão, nos pênaltis, para o Palmeiras de Luxemburgo).
Dessa vez, no entanto, o retorno à elite seria rápido, após ser vice do São Bernardo, nos pênaltis, na final da A2 de 2021. Na A1 de 2022, acabou com a terceira pior colocação da fase de grupos, salvando-se graças às campanhas desastrosas dos rebaixados Ponte Preta e Novorizontino. O curioso, porém, é que se tivesse vencido a última partida, contra o Santos (o Peixe venceu por 3 a 2, mas nem conseguiu classificação para a próxima fase; ambos tinham os mesmos onze pontos antes da rodada final), teria terminado em segundo no grupo do Corinthians, classificando-se para o mata-mata contra o alvinegro (mais ou menos como fez o Ituano na atual edição).
E eis que chegamos à temporada atual, com o Água Santa no domingo de Páscoa podendo conquistar seu primeiro troféu, seu primeiro título. Desde a profissionalização, em nenhuma das suas participações no estadual o time de Diadema ficou em primeiro, mas agora a chance existe e é enorme. O 2 a 1 no jogo de ida contra o Palmeiras, na Arena Barueri, foi um belo indicativo disso, mas a própria campanha de 2023 do Água Santa revela que o time não está onde está por acaso.
Querem ver? Após o começo irregular, com duas derrotas e dois empates nos quatro primeiros jogos, foram sete vitórias nas oito partidas restantes da primeira fase e apenas uma derrota (para o próprio Palmeiras, por 1 a 0, num jogo em que o empate não teria sido injusto). Ganhou do RB Bragantino e ganhou ainda, fora de casa, da sensação do estadual, o São Bernardo, daí eliminou, nos pênaltis, tanto o São Paulo nas quartas de final, quanto o RB Bragantino nas semis e agora está na decisão, e em vantagem, contra o nosso poderoso Palmeiras. Nove anos atrás, em 2014, o Ituano superava o Santos na final, o último pequeno a quebrar com a hegemonia dos gigantes paulistas. O Água Santa tem todas as condições de repetir o feito.
É um Paulistão mágico e, apesar de eu ser palmeirense roxa, fico balançada com relação ao que desejo para essa partida. Por um lado, quero ver o Abel Ferreira levantando mais uma taça, a sua oitava pelo Palmeiras, e se aproximando do recorde de dez títulos alviverdes do memorável Oswaldo Brandão (Luxemburgo tem oito no comando do Verdão, Felipão tem seis, olhem os gigantes que Abel estaria alcançando). Por outro, nessa disputa de Davi contra Golias, é difícil não se empolgar com uma possível derrota do gigante contra o nanico, que nem terá mais calendário para o restante de 2023 e terá ainda o time desfeito assim que acabar a partida.
Seria uma mancha na história do Palmeiras? Possível que sim. Mas o que é uma mancha diante das conquistas de duas Libertadores, de uma Copa do Brasil e de um Brasileirão nos últimos dois anos e meio, tempo de Abel no comando? Sem contar o Paulistão vencido sobre o arquirrival São Paulo, a Recopa sobre o Athletico e a Supercopa contra o imponente Flamengo. Que time teria moral para nos zombar por isso? Talvez o Flamengo, mas com o começo de ano do rival carioca, acho que eles deveriam estar mais preocupados em mostrar trabalho. Zueira de rivais, nesse momento, me faz pensar na torcida do Água Santa gritando "Sem mundial" domingo passado (eu estava lá na Arena Barueri ouvindo isso e só sentia vontade de rir, tadinhos). Taí, portanto, um título que não fará tanta falta na nossa galeria.
Pode ser polêmica a minha opinião, mas qualquer resultado hoje me deixará feliz. Que vença, portanto, o melhor.
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