Topo

Casagrande

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Só o psicológico não basta: Palmeiras precisa de mais bola para ir à final

Abel Ferreira comanda o Palmeiras contra o Athletico, pela Libertadores - Gabriel Machado/AGIF
Abel Ferreira comanda o Palmeiras contra o Athletico, pela Libertadores Imagem: Gabriel Machado/AGIF

Colunista do UOL

31/08/2022 04h00

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Já falei diversas vezes que gosto muito do trabalho do Abel Ferreira, principalmente no lado psicológico, que para mim está sendo a única coisa boa que o Palmeiras vem apresentando nos últimos jogos. Está sendo por causa dessa força mental que a equipe vem conseguindo resultados nas competições.

Na primeira partida da semifinal da Libertadores, ontem (30), o Palmeiras estava sem dois dos seus principais jogadores. Danilo e Scarpa são os responsáveis pela dinâmica e pela velocidade da bola no time, e não seria fácil substituí-los. Não porque os que entraram não sejam ótimos jogadores, mas eles não têm as mesmas características.

Como os jornalistas não assistem mais aos treinos e os repórteres não podem fazer matérias, a gente fica sem saber o porquê de algumas escolhas. Por exemplo, a escalação do Flaco López. A entrada dele quebrou a movimentação do ataque, que era favorável ao futebol do Rony e do Dudu. Fora que ele não ganhou uma jogada aérea e nem conseguia segurar a bola lá na frente.

Falando do primeiro tempo: na minha opinião, o Athletico foi melhor marcando e tirando o espaço do time do Palmeiras, e ficou nítida a dificuldade do time paulista em colocar uma dinâmica mais rápida com a bola. Antes de o Furacão chegar ao gol, o time do Abel Ferreira teve duas chances, uma delas claríssima, que foi desperdiçada pelo argentino López frente a frente com o goleiro Bento. Ele bateu mal de esquerda, mesmo tendo espaço para fazer o domínio e ter um chute mais preciso, pelo menos na direção do gol.

Depois disso, a equipe do Felipão foi para cima e começou a ditar o ritmo do jogo. O Palmeiras começou a sofrer, principalmente pelo seu lado esquerdo da defesa, que foi por onde saiu a jogada do gol de Alex Santana.

Achei que no intervalo o Abel já faria a substituição do López pelo Wesley, porque estava claro que o time estava precisando ser mais agressivo. Mas ele demorou para fazer a mudança. Até que, aos poucos, o Palmeiras começou a tomar conta do jogo — mesmo porque o Athletico ficou com um a menos, com a expulsão do Hugo Moura.

Mas vi o Palmeiras com dificuldade de apresentar um bom futebol, porque já vimos desempenho melhor do que esse nos últimos jogos. O Felipão, antes de também ser expulso, já tinha fechado o time que estava tentando marcar e não dar espaço para Verdão criar.

Por fim, não achei que Athletico x Palmeiras tenha sido um bom jogo. Na realidade, isso é até normal nas primeiras partidas de um mata-mata. Ninguém se arrisca muito, e o resultado de 1 a 0 em casa, contra uma equipe forte como o Palmeiras, é uma grande vantagem para o time paranaense.

Por outro lado, uma derrota fora de casa pelo resultado mínimo em uma Arena da Baixada lotada não é, a princípio, um resultado tão ruim para o Palmeiras.

Enfim, a segunda partida, na terça-feira que vem, será daquelas que podemos classificar como uma guerra, futebolisticamente falando, claro. O Palmeiras, jogando em casa, vai ter a volta do Scarpa, e vai querer empurrar o Athletico para trás, pressionar ao máximo, tentando não dar chances.

Conhecendo como o Felipão pensa o futebol, acredito que ele irá fazer uma defesa reforçada para segurar o ímpeto nos primeiros minutos e tentar arriscar no contra-ataque com alguma surpresa.

Acredito que o Palmeiras sofrerá muito caso não volte a ter o futebol que vinha apresentando até um tempo atrás — até porque uma das duas derrotas do Verdão em casa, nesta temporada, foi exatamente para o Furacão, pelo Campeonato Brasileiro.

Terminando este texto como comecei, só que de forma inversa: achei que o Abel não foi bem na escalação da equipe e demorou para mudar o modo do time jogar — falo isso no caso do López que, para mim, já estava muito mal no primeiro tempo.

Luiz Felipe Scolari, por outro lado, usou bem o seu campo, a sua torcida, e conseguiu o que era o mais importante: sair com uma vitória sem se importar com o placar do jogo, mudando de lado a pressão pela classificação.