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OPINIÃO

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Uma homenagem aos incríveis goleiros e aos grandes atacantes

Paulo Ricardo, do CSA, operou milagres em chutes da Chapecoense durante jogo da Série B - Reprodução/Twitter
Paulo Ricardo, do CSA, operou milagres em chutes da Chapecoense durante jogo da Série B Imagem: Reprodução/Twitter

Colunista do UOL

21/09/2022 04h00

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Quando vi as defesas em sequência do Paulo Ricardo, do CSA, contra a Chapecoense, pela Série B do Campeonato Brasileiro, lembrei na hora das defesas do Rodolfo Rodriguez, que jogava no Santos, contra o América de Rio Preto, em 1984, na Vila Belmiro.

O espetacular goleiro santista fez cinco defesas, sendo três delas cara a cara, e todas rasteiras. Essas três foram impressionantes porque aconteceram, no máximo, a meio metro da linha do gol, e com ele mudando de lado o tempo todo.

Chamava muito a atenção a força nos braços e a agilidade do Rodolfo. Para mim, foi um dos melhores goleiros que enfrentei, o que dava um peso maior para gols que fiz nele.

Enfrentei-o diversas vezes e sempre tive sorte. Fiz dois gols no clássico São Paulo 4 x 1 Santos, em 1984, quando joguei no Tricolor. A outra vez foi num empate (Corinthians 2 x 2 Santos), em 1985.

E, na minha estreia oficial pelo Flamengo, em 7 de setembro de 1993, empatamos na Fonte Nova (1 a 1) contra o Bahia. Eu fiz o gol e ele era o goleiro da equipe baiana. Apesar da confiança que eu tinha, sabia da dificuldade de vencer um time com Rodolfo Rodriguez.

No sábado (17), o goleiro Paulo Ricardo saiu do banco e entrou para talvez fazer a sua grande partida da carreira até hoje. Ele fez quatro defesas seguidas, mas duas muito difíceis, dignas da cena de um filme.

No primeiro chute, que foi o da cobrança da falta, achei que ele poderia ter ido melhor. Mas as duas defesas que vieram em seguida (a primeira no alto, do lado esquerdo, e a segunda, do lado oposto), demonstraram que Paulo Ricardo tem muita noção de espaço e rapidez nos movimentos. Durante a partida, ele fez outras defesas complicadas.

As duas sequências de defesas — a de 1984 e a de 2022 — poderiam fazer parte de um filme sobre futebol, dirigido por Quentin Tarantino, por causa da tensão, do suspense e da agressividade das jogadas. Porque tanto o Paulo Ricardo como o Rodolfo Rodriguez tiveram que atacar a bola para conseguirem evitar o gol do adversário.

Comparações são cruéis, mas acho que a dificuldade das defesas do Rodolfo foi maior, pela proximidade e pela força dos chutes, à queima-roupa. Mas isso não muda em nada o reconhecimento das grandes defesas de Paulo Ricardo.

O gol é o grande momento do futebol (já dizia o nome do programa da Band). Mas quando os goleiros mostram toda a qualidade, com defesas sensacionais, é como se fossem gols também.

Só para contar de duas defesas inesquecíveis para mim, em Copas do Mundo. Logo vem à minha lembrança a maravilhosa jogada do Brasil em 1970, contra a Inglaterra, terminando com uma cabeçada de manual do rei Pelé. Ele cabeceou forte, para baixo, o que dificulta a defesa de qualquer goleiro. Mas o inglês Banks conseguiu dar um tapa na bola no seu último giro para evitar o gol. Fantástico!

A outra defesa foi a do Leão, na Copa de 1974, contra a Holanda, que o próprio gênio Johan Cruyff disse algumas vezes que foi a mais impressionante que ele viu.

A briga pela Chuteira de Ouro promete ser intensa

Os campeonatos nacionais na Europa estão a todo vapor, e os artilheiros vão marcando presença. Acredito que a disputa da Chuteira de Ouro dessa temporada ficará entre o novo e o antigo, que se encontram na grande capacidade e no faro de gols. Obviamente, estou falando de Lewandowski e Haaland, que não param de colocar a bola nas redes.

No final de semana, o cometa Haaland fez mais um na vitória do City por 3 a 0 contra o Wolves, pela Premier League, chegando à incrível marca de 11 gols em 7 jogos. E isso depois de ter feito um golaço na Champions League no meio de semana.

Na Espanha, o Lewa fez dois gols contra o Elche, na vitória também por 3 a 0. O polonês também já fez mais gols do que partidas. Marcou 8 gols em 6 jogos.

São dois fantásticos centroavantes que adoram fazer gols, sem firulas, sem gracinhas. O que mais querem ver é a bola batendo nas redes.

Grandes goleiros e grandes atacantes fazem do futebol um esporte diferente, empolgante. Porque não é só de gols que o esporte vive. Assim como os dribles desconcertantes, temos as maravilhosas defesas. Vivas aos gols, e um salve às grandes defesas!