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Flamengo foi campeão em uma grande final, cheia de alternativas

Pedro abraça Éverton Ribeiro em comemoração de gol do Flamengo contra o Corinthians - Buda Mendes/Getty Images
Pedro abraça Éverton Ribeiro em comemoração de gol do Flamengo contra o Corinthians Imagem: Buda Mendes/Getty Images

Colunista do UOL

20/10/2022 04h00Atualizada em 20/10/2022 08h41

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Adorei o jogo final da Copa do Brasil, não porque tenha sido espetacular, mas porque foi cheio de alternativas.

O Corinthians interpretou bem o jogo, marcando pressão na tentativa de tirar o espaço do Flamengo. O problema é que o time do Dorival Jr tem muita criatividade: é o ponto mais forte dessa equipe desde a formação de 2019.

O adversário chega até a dificultar o jogo leve que o Flamengo tem, mas quando surge um pequeno espaço para os jogadores do meio para frente raciocinarem, eles conseguem com muita inteligência clarear a jogada.

Por exemplo: o Corinthians começou melhor a partida, mas bastaram seis minutos para Arrascaeta e Éverton Ribeiro fazerem uma jogada precisa no toque, mas muita rápida no raciocínio, para o Éverton, de primeira, deixar o Pedro na cara do Cássio para fazer o gol.

O time do Vítor Pereira não se abateu e continuou o esquema definido para esse jogo: marcar forte e tentar ser agressivo. Mas tudo tem um efeito colateral e o desse esquema é que, quando o time perde a bola, fica com buracos atrás. E, nesse ponto, o Flamengo é mortal.

Durante o primeiro tempo, as chances mais claras foram do time carioca, que mereceu ir para o intervalo vencendo por 1 a 0.

O segundo tempo já foi mais equilibrado porque o Corinthians tinha que arriscar mais e voltou para ser mais agressivo em busca do empate.

Antes dos 20 minutos, o Flamengo teve duas chances claras, com grandes defesas do Cássio. Mas a principal chance foi mesmo com o Róger Guedes.

Aí o jogo ficou aberto, com o Corinthians pressionando, dominando, mas com dificuldade para finalizar.

Dorival Jr estava desesperado no banco com o recuo do seu time e, obviamente, com a posse de bola do Corinthians. O time paulista, que estava rondando a área já havia alguns minutos, chegou ao empate com Giuliano, com muito mérito naquele momento do jogo.

Não gosto de números para fazer a análise de um jogo, mas nesse caso dá bem para mostrar como estava a partida até o momento do gol de empate.

O time paulista tinha mais posse de bola e quase o dobro de finalizações, e essas estatísticas eram significativas contra o Flamengo no Maracanã, um time que, por característica técnica, domina a posse de bola na grande maioria dos jogos.

O Corinthians teve muita personalidade e encarou o Flamengo sem medo. Dominou totalmente o segundo tempo, fazendo o time da Gávea jogar no contra-ataque.

Um detalhe importante para esse controle corintiano foram os poucos erros de passe que o time cometeu na segunda etapa.

No trabalho dos treinadores, cada um fez as suas alterações, mas as do Vítor Pereira deram mais certo. Achei que o Dorival tirou cedo demais o Pedro, um jogador com muita presença de área e que fez falta no final da partida.

Eu acho a arbitragem brasileira muito fraca, assim como o VAR, mas nessa final eles foram muito bem — Wilton Pereira Sampaio (Fifa/GO), Bruno Raphael Pires (Fifa/GO), Bruno Boschilia (Fifa/PR) e Pablo Ramon Goncalves Pinheiro (VAR-Fifa/RN). E, para isso acontecer, os jogadores colaboraram, pensando só em jogar futebol. Teve uma ou outra reclamação mais acentuada, mas nada que atrapalhasse o árbitro.

Como eu esperava, a possibilidade desse jogo ir para os pênaltis era muito grande, e assim foi.

Pênaltis não são uma loteria como muitos falam, mas muito treinamento. E, na hora de bater, entra mais o lado psicológico do que o físico. Todos vão cansados, mas aqueles que estiverem mais convictos do que vão fazer e com o emocional melhor, levam vantagem.

Em uma disputa de título, esse emocional pode alternar durante as batidas, e os jogadores precisam estar super focados.

Os jogadores estavam concentrados, assim como os goleiros, que foram muito bem nas batidas alternadas.

O Cássio fez a sua parte muito bem, pegando um pênalti, e os únicos que tentaram bater com força perderam, que foram o Fagner e Matheus Vital. Mas nessa hora não dá para responsabilizar ninguém, porque tem esse fator emocional muito forte.

O Flamengo, por sua vez, foi tranquilo. Mesmo quando perdeu o primeiro pênalti, nenhum jogador ficou ansioso e fugiu do seu jeito de bater a cobrança. E foi campeão da Copa do Brasil com muito mérito, assim como seria com méritos também se fosse o Corinthians.

Por fim, Flamengo e Corinthians fizeram dois jogos muito equilibrados. Achei o Flamengo muito melhor na Neo Química Arena, e o Corinthians muito melhor no Maracanã.

Parabéns ao Flamengo, que tem uma grande equipe!