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OPINIÃO

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Assassinatos e agressões mostram os danos psicológicos do bolsonarismo

Pedro Henrique Dias Soares, jovem assassinado em Belo Horizonte - Reprodução
Pedro Henrique Dias Soares, jovem assassinado em Belo Horizonte Imagem: Reprodução

Colunista do UOL

05/11/2022 14h17

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Se nós ficamos horrorizados e angustiados com tudo que veio acontecendo durante os quase quatro anos do atual governo, estamos vendo agora as consequências psicológicas da manipulação e das fake news produzidas pelo clã Bolsonaro nesse tempo todo.

Vou relatar algumas coisas que aconteceram na última semana. Não é fácil, e é impossível não ficar indignado.

Fora todos atos golpistas nas estradas e nas portas dos quartéis, com pessoas pedindo intervenção militar (o que é chocante), aconteceram também cenas ridículas e doentias, como pessoas que ficaram ajoelhadas no meio da estrada "orando" para algum "Deus" qualquer — que não conheço e nem pretendo conhecer — para que o golpe desse certo.

Na cidade de Magé, na Baixada Fluminense, o pastor Luiz Antonio Vieira, da Primeira Igreja Batista de Piabetá, usou o púlpito para atacar Lula e os petistas, além de ser preconceituoso com os nordestinos. A fala foi feita na última quinta-feira.

Será que essa gente achava que algum "Cristo" (que não é aquele da cruz) apareceria e faria as Forças Armadas darem um golpe de Estado? Esses atos até assustaram no início, mas agora vemos que foram só patéticos.

Mas coisas graves começaram a acontecer: Pedro Henrique Dias Soares (28 anos) e Luana Rafaela Oliveira Barcelos (12 anos) foram assassinados em Belo Horizonte, por arma de fogo, durante a festa da vitória do presidente Lula, eleito democraticamente através do voto.

Gente perversa, violenta, intolerante está armada e solta pelas ruas, destruindo famílias — o que sempre pregaram que defendiam. Bolsonaristas assassinos e covardes estão acabando com a história de crianças e adolescentes sem compaixão alguma.

Também lá no estado de Minas Gerais, que adoro, um PM — que deveria defender a população e respeitar as pessoas, sem se envolver com lado político — agrediu o garoto Gabriel Azevedo (7 anos) que estava com seu pai no dia 30 de outubro. Um ser da pior espécie que, fardado, perguntou ao menino se ele era apoiador de Jair Bolsonaro. Mas a criança negou e disse "Lula Lá". Esse "canalha" se revoltou e enforcou o menino, segundo a família.

Outros bolsonaristas, que mentiram durante muito tempo dizendo defender famílias, invadiram uma peça infantil, no Rio Grande Sul, xingando e ofendendo famílias e mães que estavam assistindo o espetáculo.

Essas pessoas agiram com muito ódio, pelo desespero de ver seu candidato derrotado. Mas as coisas não pararam por aí.

Em Jundiaí, "bandidos" apoiadores de Bolsonaro invadiram um ônibus e agrediram adolescentes que fizeram gestos a favor de Lula. São pessoas que não aceitam quem pensa diferente, e jogam todo ódio sobre inocentes, que não fizeram nada de mais.

O pior é que, além das agressões físicas, também ocorreram violências psicológicas e discriminatórias.

No Amapá, a "professora" Sheylla Susan de Almeida (que de educadora não tem nada) disse que os estudantes petistas do doutorado em Farmácia da Universidade Federal do Amapá deveriam procurar outro orientador, porque ela não queria esquerdistas no laboratório.

Preconceituosa e discriminatória, vem agora, como todos os covardes bolsonaristas, pedir desculpas "porque se excedeu nas palavras".

Não cola, "prof". Na verdade, ela mostrou os seus verdadeiros conceitos e precisa se explicar. E o Ministério Público precisa investigar essa pessoa. Chega de impunidade!

Continuando na área da "educação" do governo Bolsonaro, o colégio Porto Seguro (Valinhos) expulsou oito alunos por trocarem mensagens racistas, homofóbicas e de apologia ao nazismo no WhatsApp.

É isso, o Bolsonaro está destruindo a juventude brasileira, porque foi ele que liberou todos esses preconceitos na nossa sociedade. As sequelas desse desgoverno estão prejudicando o desenvolvimento da educação por causa de uma manipulação perversa.

Em Porto Alegre, aconteceu o mesmo problema. O Ministério Público investiga manifestações discriminatórias e de discurso de ódio dos estudantes dos colégios Farroupilha e Israelita, que divulgaram mensagens e vídeos com ofensas a colegas eleitores de Lula.

Também em um colégio particular de Curitiba, pais relataram empurrões e cusparadas feitos por estudantes bolsonaristas. E não parou por aí. Estudantes da capital paranaense interagem em grupos de WhatsApp, incentivando e combinando de comprar armas. E foi divulgada uma mensagem gravíssima de um aluno, que questiona: "Quero ver quem será o herói que irá matar o Lula".

Está muito claro que Bolsonaro e sua turma queriam formar uma grande ditadura em que só eles teriam direitos na nossa sociedade.

Isso é claro, porque só aceitariam as eleições se tivessem vencido. Como perderam, estão colocando em prática um enorme plano de ódio — e essas são as ações que estão públicas.

Mas, sem dúvida, muitas coisas ainda virão à tona. Não apenas de fatos atuais, mas situações que aconteceram nos últimos anos, como ameaças, coações, maus tratos, terrorismos psicológicos, chantagens, subornos, propinas... todos os crimes que a família Bolsonaro cometeu junto com empresários golpistas e pessoas que acreditaram nessa figura nefasta e começaram a agir como ele.

Bolsonaro colocou o Brasil no caos, mas as coisas já começaram a melhorar logo que os resultados das eleições saíram.

Mas a maior dificuldade que o governo Lula terá vai ser o de recuperar os princípios e os valores da sociedade brasileira, porque a destruição deles é o pior legado de Jair Bolsonaro e sua gangue.