Topo

Casagrande

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Assumi a seleção brasileira, e divulgo meus convocados para a Copa do Qatar

Colunista do UOL

07/11/2022 04h00

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Para quem não sabe, eu sou o novo treinador da seleção brasileira. Sim, é verdade! Tanto que vou divulgar minha lista de convocados para a Copa do Qatar.

O meu critério de convocação é o merecimento. Não vou convocar ninguém pelo passado, e muito menos por número de títulos. Só convoco jogadores que estão disputando os campeonatos e, se possível, como titulares.

Primeiro, vou divulgar aqueles nomes que não tenho dúvida, e comentarei os motivos.

No gol, Alisson (Liverpool) e Ederson (Manchester City) estão na minha lista pela segurança que passam, por serem titulares de dois grandes times do melhor campeonato do mundo, a Premier League. Além disso, eles têm a vantagem de enfrentar a maioria dos grandes jogadores que também disputarão a Copa.

Na lateral-direita, vou levar o Danilo (Juventus), por já ter disputado a Copa de 2018. Seu time está em um péssimo momento — foi desclassificado da Champions na primeira fase —, mas ele está em forma e tem as características que gosto em um lateral: é criativo, técnico e pode jogar no meio-campo também.

Na zaga, o Marquinhos (PSG) — que é um dos melhores zagueiros do futebol mundial e será o meu capitão — e Militão (Real Madrid), que tenho confiança por jogar no maior clube da história (junto com o Santos). Ele acabou de ganhar vários títulos, principalmente o de campeão europeu, e também pode jogar na lateral-direita, o que facilita muito.

Só levo o Thiago Silva (Chelsea), a contragosto, porque o meu antecessor (Tite) não testou ninguém de verdade para jogar ao lado do Marquinhos. Sei que o risco desse jogador falhar em um momento decisivo é grande, porque já demonstrou muitas vezes não ter personalidade e nem emocional para lidar com a pressão, mas tem entrosamento com o Marquinhos.

Por fim, também convoco Gabriel Magalhães (Arsenal), que está numa grande fase no líder da Premier League. Na última rodada, fez o gol da difícil vitória contra o rival Chelsea.

Na lateral-esquerda, chamarei o Alex Sandro (Juventus), por ter participado de todo o processo, embora esteja sendo prejudicado, assim como o Danilo, pela péssima fase do time de Turim. O outro convocado será o Alex Telles (Sevilla), pelo tempo de bom futebol que está tendo na Europa, mas que ganhou a vaga pela contusão do Arana (Atlético-MG), que seria o meu titular.

A minha lista de meio-campo começa com outro jogador de minha confiança: Casemiro (Manchester United) é o meu vice-capitão. Apesar de ter ido para uma equipe com muita história, está sofrendo na Inglaterra porque jogou por muitos anos na melhor equipe da Europa. Mas é meu titular absoluto.

Bruno Guimarães (Newcastle), além de marcar, tem uma ótima saída de bola, com chegada na área interessante. Bate de fora da área muito bem, o que é muito importante para um time que eu treino. Gosto de uma dupla de volantes que rouba a bola com poucas faltas, sem matar a jogada, com passes rápidos e verticais na direção do gol adversário.

Gerson (Olympique de Marselha) é um jogador que foi injustiçado pelo "antigo" treinador. Teve uma grande fase no Flamengo, sendo um jogador determinante. Mas não teve chances na seleção por implicância, ao contrário de outros jogadores, que mesmo no banco ou jogando mal, sempre eram convocados. Irá disputar a posição de segundo volante com o Bruno Guimarães, decidirei durante os treinos.

Lucas Paquetá (West Ham) obviamente não poderia ficar de fora, porque todas as suas participações nas Eliminatórias e nos amistosos, depois que virou titular, foram ótimas. Além disso, pode jogar de diversas maneiras e em várias posições.

A minha lista de atacantes começa pelo Neymar (PSG). Principal jogador da seleção, mas que teve um comportamento ridículo em campo na Copa da Rússia, virando piada no mundo todo e apelidado de cai-cai.

Mas acredito que, nessa Copa, poderá estar mais focado e pensando em jogar bola, não em ser celebridade. Não estou levando em consideração quem diz que está em uma fase espetacular, porque só destacam os gols e as assistências que faz no Campeonato Francês. Mas omitem que em cinco jogos da primeira fase da Champions, só fez dois gols, e contra o Maccabi Haifa.

Raphinha (Barcelona) e Antony (Manchester United) vão disputar a posição da ponta-direita. Os dois são ótimos no um-contra-um, são dribladores que podem quebrar qualquer retranca com jogadas individuais, mas acho o jogador do Barcelona mais incisivo e com mais presença na área.

Do outro lado, não tenho a mínima dúvida: a dupla do Real Madrid, Vinícius Jr e Rodrygo, que está arrebentando, principalmente em jogos importantes da Champions. Os dois estão fazendo gols de peso e decidindo jogos importantes desde a temporada passada. Só para comparar: os dois estão fazendo gols mais importantes do que o Neymar, mas aqui não dão a atenção que os dois merecem.

Para a posição de centroavante levarei quatro jogadores, porque todos merecem. E como a lista agora é de 26 jogadores, optei por mais uma vaga de atacantes.

Pedro (Flamengo), que é o mais técnico de todos, com muita presença de área e um fazedor de gols espetacular — gosto desse tipo de centroavante.

Gabriel (Flamengo), que jamais poderia ficar de fora pelo número impressionante de gols que faz, mas também por ser o mais decisivo entre eles. É um jogador de grandes decisões, com gols pesadíssimos. Gabriel dá títulos, e isso ele já cansou de provar. Com ele, terei mais chances de ganhar a Copa.

Richarlison (Tottenham) é o mais aguerrido e agressivo. Um jogador de muita personalidade, e que não desiste de nenhuma jogada. Com ele ganho muito no espírito de luta, e a seleção ganha em empatia, por ser um cidadão que se preocupa, de verdade, com o seu país. Ele é o representante do povo brasileiro do meu grupo.

Gabriel Jesus (Arsenal) também vai, porque é o principal responsável pela mudança de patamar do time de Londres. E comigo ele pode ficar tranquilo: terá papel de atacante. Se entrar no time, será para jogar na área, para fazer gols, porque tem uma facilidade enorme para girar e finalizar. Faz muito bem o pivô, segurando a bola para a equipe sair ou escorar para quem vem de trás.

Os últimos quatro para completar a lista serão os que eu decidirei por último.

Para terceiro goleiro, tenho que decidir entre o Weverton (Palmeiras), que ganhou tudo nesses últimos dois anos com Abel Ferreira e sempre foi convocado com muita justiça, e o Cássio (Corinthians), como jogador de confiança e que já demonstrou que é goleiro de grandes defesas, principalmente nos grandes jogos, determinante em todos os títulos desde 2012, quando virou titular do Corinthians. E já tem a experiência de ter ido para a Copa de 2018.

Nesse caso, tenho uma grande dúvida e medo de cometer injustiça. Então vou deixar essa decisão por último.

Atacante surpresa: levo com toda justiça o Dudu (Palmeiras), jogador que desequilibra uma partida de várias maneiras. Na movimentação, caindo pela direita ou pela esquerda, com velocidade, drible e inteligência futebolística. Com ele, posso mudar o modo de atacar o adversário sem precisar fazer uma substituição. (Mas, se não tivesse decidido por um atacante surpresa, convocaria o lateral Marcos Rocha, também do Palmeiras).

Por último, coloco o Éverton Ribeiro (Flamengo), pela fase que atravessa e por ser altamente criativo, uma característica mais acentuada do que os outros meias da lista.

Bom, agora é a hora de decidir o terceiro goleiro: vou levar o Cássio, porque pesou na minha decisão as performances dele em jogos importantes.

Isso tudo é só um exercício, como se eu fosse o treinador da seleção brasileira. É uma brincadeira com um assunto sério, e acredito que o Tite não fugirá muito desses nomes. Espero que a comissão técnica tenha a serenidade para fazer convocações por merecimento, e não por cadeira cativa.

Para finalizar, acharei muita injustiça e um grande absurdo se Daniel Alves estiver na lista.

Foi muito mal no São Paulo, saiu atacando o clube e com toda a certeza de que iriam brigar por ele, coisa que não aconteceu. Foi para o Barcelona pelo passado e por ter um salário simbólico, porque recebia 400 mil reais por mês do São Paulo. Foi mal também, e não tinha qualquer importância no grupo, tanto que o treinador Xavi (que jogou com ele e é seu amigo) nem o colocou na lista da Liga Europa.

Foi dispensado do Barcelona e acabou no Pumas, do México, onde sem dúvida teve sua pior performance. Agora está sem time, só treinando em Barcelona. Não tem merecimento algum para ir à Copa. Estamos em 2022, e o passado vitorioso não pode decidir sua presença na lista. O que conta é o momento, e isso para ele, aos 39 anos, não existe. Se for é porque tem cadeira cativa com o Tite, e será um grande erro.

Mesmo que não tivesse se lesionado, não levaria o Philipe Coutinho. Não por desgostar do seu futebol, mas pela fase atual, na comparação com outros jogadores da posição. Ele foi bem na Copa de 2018, mas depois não teve destaque e estava atravessando uma fase muito ruim no Aston Villa, sendo criticado pela imprensa e pela torcida.