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OPINIÃO

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No discurso de Lula, a emoção de ver que o Brasil voltou a ter presidente

Lula chora ao falar da fome em discurso no gabinete de transição, em Brasília - Fátima Meira/Futura Press/Estadão Conteúdo
Lula chora ao falar da fome em discurso no gabinete de transição, em Brasília Imagem: Fátima Meira/Futura Press/Estadão Conteúdo

Colunista do UOL

10/11/2022 16h23

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Finalmente temos um presidente! Até que enfim voltamos a ter um chefe de Estado de verdade!

O primeiro discurso do presidente Lula depois da vitória democrática, no voto, na urna, foi muito emocionante.

Ele deixou claro que a nossa democracia voltou e está demonstrando isso na prática, nas escolhas da equipe de transição. Não vai fazer como o nefasto Jair Bolsonaro, que só governou para os seus, para proteger familiares e cúmplices.

Não. Lula vai governar o Brasil para todos os brasileiros.

Fiquei emocionado quando ele falou que, novamente, vai dar prioridade à luta contra a fome, já que o desgoverno do clã bolsonarista deixou como herança mais de 30 milhões de pessoas sem ter o que comer.

São pessoas que não têm café da manhã, almoço e jantar. Isso dói muito no coração da grande maioria do país, mas não no coração dos golpistas que saíram às ruas por não aceitar uma derrota.

Lula vai governar também para vocês que se ajoelharam nas estradas e nos muros dos quartéis, pedindo um golpe militar. Como se o Deus deles fosse um sabotador, um mentiroso, um covarde, assim como o dos pastores que também pediram isso nos cultos. O Cristo para quem os golpistas oraram e pediram um golpe não é o mesmo Cristo que fez milagres, que foi um revolucionário e que foi crucificado pela nossa salvação.

Bolsonaro entrou no poder pela porta da frente porque ganhou democraticamente, pelas urnas que atacou o tempo todo. Mas agora sairá pela porta dos fundos.

Aliás, está na cara que a fuga já está sendo planejada. Tanto que um parlamentar europeu, Ângelo Bonelli, está cobrando o Ministério das Relações Exteriores do governo italiano sobre a decisão dos filhos de Bolsonaro de estarem requerendo a cidadania italiana.

Mas voltando ao discurso do nosso presidente: Lula pediu, emocionado, que as pessoas voltem para casa em nome da democracia, coisa que Flávio e Eduardo Bolsonaro não querem, porque estão incentivando a continuidade desse patético comportamento golpista.

Sem contar a naturalidade e a espontaneidade com que o presidente Lula passa as suas ideias. Isso é transparência de verdade, e não aquela falsa transparência que Jair Bolsonaro dizia ter.

Além disso, Lula nos colocou novamente no mapa da política mundial. Hoje voltaram a nos respeitar, mesmo que nada ainda tenha mudado na prática.

Vamos voltar a respirar cultura, educação, saúde e esporte.

As crianças das creches, das escolas públicas, voltarão a ter uma merenda decente, depois de o clã ter tirado verbas de tudo isso para o orçamento secreto e para a campanha da reeleição (que, por nossa sorte, não aconteceu).

Mas apesar de o Lula ser um cara que não tem revanchismo, na minha opinião toda essa turma precisa ser investigada a fundo. Augusto Aras continua trabalhando como protetor de Bolsonaro, e se for comprovado que existiram crimes, eles precisam ser punidos com rigor, porque trabalharam para a destruição do Brasil.

Concordo plenamente quando o presidente Lula disse que Jair Bolsonaro humilhou as Forças Armadas. E foi isso mesmo que aconteceu, porque ele cansou de colocar os militares em situações desconfortáveis e, muitas vezes, foi desafiador.

Um dos fatores mais importantes que o Lula destacou no seu primeiro discurso foi a volta do respeito entre os poderes — Executivo, Legislativo e Judiciário —, que no desgoverno estavam em guerra constante.

Outra coisa é a percepção das pessoas que trabalham perto do governo de que a paz está voltando, assim como a educação. É grande o alívio, principalmente dos jornalistas que cobrem a política brasileira em Brasília.

É isso que também sinto dentro de mim. Uma certeza de que a normalidade já está voltando, e isso era imprescindível para vivermos em paz, mesmo com as dificuldades que temos no nosso país.

Agora não tenho dúvidas de que iremos voltar a viver, e não só sobreviver.